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A predominância de mulheres como docentes em creches, muito provavelmente por ocasião da relação que se instituiu entre cuidar e educar como qualidades privativas desse gênero, tem permitido o estabelecimento de múltiplas interrogações acerca da reiterada ausência do masculino nesses espaços. Em razão desse cenário, objetiva-se, no presente artigo, dar uma explicação ao processo de contenção que se emprega ao masculino quanto a sua atuação na educação infantil, mais especificamente no trabalho com bebês em creches. A partir da análise do relato de um dos autores sobre sua experiência na creche, aciona-se as noções de interdição implícita e interdição explícita para compreender o fenômeno de distanciamento do masculino dos berçários. Conclui-se que, embora seja preciso compromisso e seriedade com os sentimentos, expressões a aprendizados dos bebês, a fim de exercer um bom trabalho em turmas de berçário, o masculino é reiteradamente interditado a desempenhá-lo, pois regularmente são evocadas qualidades supostamente do feminino como ingredientes para atuar em creches, como sensibilidade, cuidado e atenção.

Em sua primeira assembleia de 2024, realizada no dia 20 de janeiro, o Fórum Paulista de Educação Infantil (FPEI) reuniu professoras/es, pesquisadoras/es, representantes de entidades e movimentos sociais para debater os desafios e as perspectivas da Educação Infantil no Brasil em tempos de democracia. Apresentaremos esse debate como uma obra cênica, como se pudesse ser adaptado e reencenado em outros palcos. As questões que foram colocadas continuam abertas para que novos personagens possam atuar na defesa dos direitos das crianças e das/os professoras/es de creche e pré-escola no Brasil.

O presente artigo construiu seus resultados a partir da análise documental apresentando e discutindo as legislações paraguaia e brasileira buscando compreender as prerrogativas legais e organização da educação infantil nos dois países. Tendo como pano de fundo toda a construção teórica, será realizada a exposição dos documentos norteadores da educação no Brasil e no Paraguai buscando responder se as crianças nesse contexto têm seus direitos à infância e à educação devidamente previstos e respeitados. O contexto de análise se dá na região que corresponde às cidades de Ponta Porã (Brasil) e Pedro Juan Caballero (Paraguai). Estas cidades fazem fronteira entre si e estão localizadas geograficamente em um contexto de livre acesso entre as cidades, uma vez que apenas uma avenida separa os dois países. Sob essa ótica, muitas crianças atravessam essa fronteira diariamente para estudar em instituições de educação infantil brasileiras. Busca-se então discutir e analisar tais contextos.

O presente artigo objetiva apresentar dados de uma pesquisa que analisou a oferta e o acesso ao atendimento escolar da Educação Infantil em Palmas-TO, com vistas ao cumprimento do direito à educação das crianças de 0 a 5 anos. Foram analisadas as políticas nacionais e municipais que regulamentam a educação para essa faixa de idade, e coletados dados sobre as matrículas nas creches e pré-escolas entre 2015 e 2019. Os principais achados indicam que, apesar dos avanços nas últimas décadas, permanecem limites para a implementação das políticas educacionais destinadas a esse público e para a efetivação do direito à educação das crianças na primeira infância.

Considerando a experiência estética, como importante dimensão da formação humana e parte importante da prática pedagógica, este relato recupera experiências de aprendizagens com/entre meninos e meninas de 2 e 3 anos de idade, na educação infantil. Busca revelar as poéticas, os encantamentos e as potencialidades presentes, nos liames (e limites) do trabalho com argila e outras materialidades (naturais, estruturadas, de largo alcance etc.). A intencionalidade pedagógica, a organização do espaço, a seleção de materiais de qualidade e em quantidade adequada para a realização das propostas educativas externam o compromisso ético e a confiança no saber e no agir da criança, contribuindo na efetivação de espaços de escuta, de trocas e de crescimento humano para crianças e adultos envolvidos na experiência.

Ao longo da história, as instituições museais não se constituíram como locais acessíveis para o público infantil. Apesar de haver um importante debate sobre a educação museal no Brasil e o avanço de políticas públicas, com a criação do Instituto Brasileiro de Museus (2009) e a construção da Política Nacional de Educação Museal (2017), os museus ainda se mostram despreparados para acolher a pequena infância. A partir dessas constatações, elegemos o livro aqui resenhado, Habitar o museu com a criança pequena: formação colaborativa como possibilidade (2021), como exemplar para contribuir para esse debate. Escrito por Solange de Fátima Gabre, essa relevante obra traz resultados de sua tese de doutorado, na qual buscou viabilizar a capacitação de professoras/es para que a relação museu-escola seja uma prática democrática e constante na Educação Infantil.

Este artigo tem o objetivo de apresentar as concepções gerais do documento “Linhas pedagógicas para o sistema integrado zero a seis”, que está delimitando um novo cenário no contexto educacional da Itália. As Linhas Pedagógicas surgiram em decorrência da aprovação pelo Decreto 65/2017 do Sistema Integrado de zero a seis anos que incluiu a faixa de 0 a 3 anos no sistema de educação, além de integrá-la à etapa de 3 a 6 anos. O trabalho tem como base a abordagem qualitativa, e se utiliza da análise documental e bibliográfica sobre o tema. São apresentados aspectos das pedagogias das infâncias italianas e as premissas do documento com os seis eixos sobre os quais está estruturado: direitos da infância, ecossistema formativo, centralidade das crianças, currículo e planejamento, profissionalidade e garantias de governança. Conclui-se que o documento procura dar uma referência nacional para a educação infantil na Itália e pode se tornar uma interessante experiência não fragmentada de educação infantil.

Este texto apresenta um recorte da dissertação intitulada “Compreensões de Cuidado e Educação das Professoras das Turmas de Infantil 04 e 05 das Escolas Municipais de Francisco Beltrão/PR”. Temos como objetivo identificar e compreender como as concepções das professoras das turmas de Infantil 04 e 05 se relacionam com as concepções previstas nos Projetos Político-pedagógicos -PPPs das escolas. Este texto se divide em quatro (04) momentos. No primeiro apresentamos a relação histórica entre cuidado e educação na educação infantil. No segundo momento, evidenciamos as concepções de cuidado e educação presentes nos PPPs das escolas. Em seguida, discutimos como as professoras entendem o binômio e o impacto deste na sua prática pedagógica. Por fim, relacionamos as concepções de cuidado e educação dos PPPs com as compreensões das professoras. Para tanto, Kramer (2005), Guimarães (2011), Azevedo (2011) e Montenegro (2001) embasam nossas análises. Os questionários aplicados às professoras e a análise dos documentos evidenciaram as relações entre as concepções dos documentos e das professoras. Tanto nos PPPs quanto a partir das concepções das professoras, percebemos uma relação teórica. Assim sendo, o resultado das nossas análises evidenciou 04 concepções de cuidado e educação nos PPPs das instituições, e a partir das falas das professoras, 03 concepções sobre cuidado e 04 sobre educação. Esses resultados interligam-se à forma como as professoras compreendem o binômio e o processo educativo como um todo.

O presente texto tem como objetivo discutir apontamentos sobre a formação de professoras/es da educação infantil a fim de compreender sua importância para efetivação da Lei 10.639/03 e suas implicações para as práticas pedagógicas, considerando as perspectivas decolonial e afrocentrada. Será apresentado o recorte de uma pesquisa de mestrado, em que realizamos um grupo focal online (dividido em três encontros/oficinas) com professoras da educação infantil da rede municipal do Recife. Os resultados apontam a urgência em investimento na formação inicial e continuada dos profissionais da educação e na reformulação de currículos dos cursos de Pedagogia e Licenciaturas, em consonância com a educação para as relações étnico-raciais e o referido marco legal. Destaca-se a importância de pensar estratégias didáticas e práticas pedagógicas para a educação infantil que busquem promover a positivação da subjetividade das crianças negras, proporcionando às infâncias a valorização da ancestralidade, a escuta qualificada e práticas de afeto.

O artigo objetiva compreender de que forma ocorre a parceria público-privada na compra de vagas na Educação Infantil no município de Santa Maria/RS, e a percepção das gestoras e professoras das escolas credenciadas sobre a qualidade dessa oferta. Para tanto, pautou-se metodologicamente na abordagem qualitativa, utilizando-se embasamento teórico e documental, bem como de entrevistas semiestruturadas com a gestão da SMED (Secretaria Municipal de Educação) e aplicação de questionário com a gestão e com uma professora de cada escola autorizada para compra de vagas de Santa Maria/RS. A fundamentação teórica aborda um estudo a partir dos autores Kramer (2006), Adrião (2009), Nóvoa (1991). Além disso, aborda as legislações e documentos orientadores para o acesso e qualidade na Educação Infantil no Brasil. Como resultado, ficou evidente que embora Santa Maria/RS tenha ampliado as vagas na oferta da Educação Infantil, essa ampliação aconteceu via parceria público-privada. Esse serviço tem apresentado distinções e baixa qualidade no atendimento prestado a toda comunidade. Do ponto de vista deste artigo, além da necessidade de divulgação dos dados da pesquisa, é premente a necessidade de autoavaliação das escolas credenciadas para venda de vagas, visando uma melhoria na qualidade dessa oferta.

Esse artigo apresenta um recorte de uma pesquisa de mestrado em Educação, realizada com um grupo de 15 crianças – 10 meninos e 5 meninas, com idade entre quatro e cinco anos, na qual se investigou as masculinidades como práticas sociais na perspectiva dos meninos da Educação Infantil e traz relatos e registros de episódios em que os meninos transgridem as fronteiras de gênero e vivem uma masculinidade diferenciada dos padrões hegemonicamente conhecidos e socialmente impostos fazendo escolhas que, para muitos, podem ser consideradas desviantes. Utilizando referenciais teóricos da Sociologia da Infância e uma metodologia qualitativa que utilizou a observação participante, o estudo mostra que há práticas sociais estabilizando e desestabilizando as relações e que meninos estão presos nos estereótipos e engessamentos que a visão binária carrega. Alguns deles, todavia, assumem posturas desviantes e vivem uma masculinidade mais saudável.

O artigo discute as políticas referentes ao atendimento público e institucional à Educação Infantil, tomando como foco específico de análise a realidade do município de Florianópolis. Para tanto, são examinados os documentos orientadores dessas políticas em nível nacional, bem como os documentos locais, orientadores do atendimento educacional realizado às crianças e direcionados ao planejamento das ações docentes em suas instituições. Os resultados evidenciam a sintonia das orientações da Rede Municipal de Ensino de Florianópolis com aquelas divulgadas em nível nacional e indicam a intenção, tão marcada nos documentos, de valorização e trabalho com as múltiplas linguagens, em geral, e com a literatura infantil, de modo específico.

Este texto refere-se a uma resenha do livro Abrindo as portas da escola infantil: viver e aprender nos espaços externos, de autoria de Maria da Graça Souza Horn e Maria Carmem Silveira, professoras universitárias da área da Educação Infantil. O livro publicado em 2022 é resultado de uma parceria, de muitos anos das autoras, que, de maneira comprometida com a formação docente, encaram seu trabalho como forma de animar a vida. A temática da relação da criança com os espaços naturais é apresentada considerando a contribuição da história da Educação Infantil nacional e internacional e das contribuições atuais para auxiliar professoras e professores a abrirem as portas da Educação Infantil. Apesar da relevância da temática, as práticas pedagógicas envolvendo as aprendizagens em espaços externos ou relacionadas à natureza ainda são, muitas vezes, inexistentes dos currículos da Educação Infantil, por isso o livro se torna tão necessário à formação docente.

Este ensaio lança-se como uma provocação à estética feita em casa, composta pela diversidade brasileira. Chama atenção para as crianças que insistem em brincar e demandam um adulto-professor desobediente, que encarne a festa, o prazer e o riso, na prática realizada na educação infantil. Através de aportes teóricos conterrâneos e estrangeiros, o texto destaca o caráter autoral, coletivo e comunicativo da documentação pedagógica. A estética, como ingrediente que favorece a formação e a prática docente, com os sabores da aproximação entre Educação e Arte, também é apresentada. Defende-se, por essa via, que alimentar olhares, percepções, pensamentos, contribui para a aprendizagem de observar atentamente, registrar e documentar processos, narrar o vivido, expressar em palavras e imagens, cenários e performances de creches e pré-escolas. Como contribuição ao campo da Pedagogia, o ensaio aposta no potencial subversivo da sensibilidade, da imaginação e das artes, para tornar a documentação, e seus desdobramentos, como práticas provocativas, criativas, éticas e estéticas. E, a um tempo, também saborosas!

O artigo apresenta um recorte de uma pesquisa de doutorado, realizada a partir de uma investigação narrativa com nove professoras de Educação Infantil, que teve como objetivo identificar fios que tecem fazeres pedagógicos, relacionando tais fios com o conceito de uma docência artesanal. A teoria da complexidade constituiu-se como escolha epistemológica, possibilitando discutir o conceito de artesania como superação da mecanização técnica, monótona e rotineira e sugerir possibilidades de conceber a docência com crianças pequenas como um fazer artesanal, articulado no pensar, sentir e avaliar esses processos. O estudo aponta para a discussão acerca do ofício docente, da técnica como fazer ético e estético na especificidade da docência na Educação Infantil. Portanto, é possível evidenciar os fios do registro e da documentação pedagógica como marcas de um fazer artesanal, que se costura a partir do envolvimento, engajamento e do diálogo da consciência material com a artesania docente.

Este texto, ao modo de introdução-convite à leitura do dossiê Educação, infâncias e práxis pedagógica: registrar e documentar movimentos de (re)existência na Educação Infantil, propõe questões históricas e conceituais para o debate sobre o registro e a documentação pedagógica. Tecendo um diálogo com as perspectivas evidenciadas nas produções reunidas, ao mesmo tempo que as apresenta. A documentação pedagógica, compreendida como práxis, constituída no movimento dialético ação-reflexão-ação, que pressupõe observação, registro, reflexão e comunicação, alarga as possibilidades de apropriação de fazeres-saberes fertilizados nas jornadas de experimentação-criação com as crianças. Por isso mesmo, o debate sobre o tema ganha sentido quando está articulado ao compromisso de visibilizar propostas educativas singulares, referentes aos contextos nos quais os registros e as reflexões foram gestadas. Por essas vias seguem os 21 artigos, 08 relatos de experiência, uma entrevista e duas produções para a seção Outras Linguagens, que compõem o referido dossiê: configuram um conjunto de produções sustentadas por matrizes epistemológicas diversas, provenientes de diferentes países - Portugal, México e Brasil -, e de todas as regiões brasileiras, com as quais o debate teórico-prático sobre registro e documentação pedagógica ganha novos e oportunos contornos de reflexão crítica. A documentação, movida pelo desejo de uma Educação comprometida com as infâncias, reconhece e dá visibilidade à vivacidade, ao movimento brincante, aos tons multicoloridos, às sonoridades vibrantes nos fazeres-saberes das crianças, em sua inteireza e beleza. Documentar a Educação infantil, por meio de narrativas visuais, gráficas, sonoras é contar processos e relações de/com todos os envolvidos: crianças, profissionais, famílias, comunidade, fazendo história.

Com quantas linguagens se faz um registro? O texto aqui apresentado visa partilhar reflexões acerca do processo de registrar como criação artístico-pedagógica ou pedagógico-artístico, afinal brincar com as palavras é também parte dessa escrita. Ousar, experimentar e criar registros que expressam e visibilizam as múltiplas formas de viver e pensar a Educação Infantil em que forma e conteúdo se entrelaçam, em conexão entre palavras, imagens, narrativas que expressam o vivido permeado de sentidos e significados. Movimentar ideias, olhar atentamente e entregar-se ao registro, como experiência estética.

O presente artigo tem como objetivo apresentar práticas pedagógicas antirracistas desenvolvidas com crianças da educação infantil de uma escola pública localizada na zona periférica da cidade de Niterói. O texto se desenha a partir do movimento reflexivo de três professoras que em busca da práxis antirracista procuram em seus registros do vivido, formas de visibilizar o trabalho coletivo como movimentos de (re)existência ao racismo. Para tal, fundadas no diálogo, assinalam a importância da Lei 10.639/03, que implementa nos currículos escolares os conteúdos de história e cultura afro-brasileira, discutindo a relevância de sua efetividade no cotidiano escolar. Apresentam reflexões sobre os desafios e possibilidades de um efetivo trabalho, especialmente na educação infantil, pautado na lei que completa 20 anos em 2023. Para tais reflexões destacam a contribuição da legislação para o currículo da educação infantil por meio das Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico-Raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana/2004 e as Diretrizes Curriculares Nacionais para educação infantil- DCNEI (2009). Por fim, destacam as vivências antirracistas com crianças pequenas, buscando indicar, a importância da escola para a educação das relações étnico-raciais por meio dos resultados conquistados na construção da identidade de modo positivo.

A Documentação Pedagógica é uma ferramenta de investigação educativa e de visualização e comunicação dos significados construídos junto às crianças nas práticas cotidianas da Educação Infantil. Para isso, faz uso dos procedimentos conjuntos de observação, registro, interpretação/projetação/comunicação. O presente artigo objetiva analisar estratégias desenvolvidas por professoras para tornar possível a prática de registro em uma instituição pública de Educação Infantil localizada na cidade de Fortaleza, no Ceará. Para isso, desenvolveu, metodologicamente, as práticas de observação e registro das ações documentativas de duas professoras, organizando, a partir disso, materiais que com elas foram refletidos, numa perspectiva discursiva. Concluiu que o registro, no contexto investigado, era resultado de um esforço das duas professoras e se posicionava justamente entre as interações e a observação, pois as docentes observavam/escutavam estando em relação com as crianças, promovendo e registrando suas vivências.

O texto objetiva (re)pensar os movimentos de registro e documentação pedagógica no tempoespaço da Educação Infantil (EI), através do exercício da escuta de professoras em um Centro Municipal de Educação Infantil (CMEI), de Goiânia, Goiás. Por intermédio, de pesquisa qualitativa abrimos espaço para as narrativas de três professoras, durante entrevistas semiestruturadas, e realizamos sua análise à luz da Análise de Conteúdo, fazendo emergir as categorias: Registro e documentação pedagógica: concepções; Planejamento pedagógico; Instrumentos de registro e documentação e O tempoespaço do registro na EI. As narrativas ecoam uma trajetória de aprendizagem acerca da prática de registro e documentação pedagógica, sendo que a diversidade de registros empregados está imbricada as narrativas dos documentos oficiais. A ação de registrar e documentar é uma práxis institucionalizada no CMEI que ganha força em seu cotidiano embora as contradições pontuadas pelas professoras para sua concretização, sobremaneira o fato de necessitarem de condições e tempo externo a jornada de trabalho para concluí-los.

O artigo objetiva identificar elementos que evidenciem a constituição da práxis pedagógica de uma professora iniciante, por meio da observação de sua trajetória formativa da graduação até a inserção profissional. Para tanto, como procedimentos metodológicos, foram analisados escritos, aqui considerados como narrativas formativas, produzidos em dois momentos distintos: relatórios de estágio elaborados durante a formação inicial no curso de licenciatura em Pedagogia; e diários, que trazem registros da sua atuação como professora regente de uma turma de educação infantil em uma escola pública municipal de Campo Grande, MS. A técnica de análise utilizada foi a interpretativa-compreensiva. Como resultados, aponta-se que a escrita narrativa das experiências possui potencialidade para acionar disposições para a constituição da práxis pedagógica.

No presente artigo, são discutidas as relações entre as condições de trabalho docente e a produção da documentação pedagógica na Educação Infantil, pondo em foco a relevância da carga horária remunerada na jornada docente para a sustentação do planejamento em uma perspectiva coletiva e formativa. A metodologia do estudo, de natureza qualitativa, envolveu a análise documental e o levantamento do estado da questão na produção acadêmica. Os resultados da revisão da literatura apontam a importância das políticas de valorização docente, com foco na remuneração, incluindo outras etapas da educação básica. Quanto à documentação pedagógica, os trabalhos enfatizam o potencial desta para a avaliação do desenvolvimento e das aprendizagens das crianças sem evidenciar a sua relação com as condições de trabalho. Destacamos a necessidade de estudos sobre o tema, com foco nas especificidades da Educação Infantil.

Este texto é um relato de prática sobre um projeto realizado com uma turma de educação infantil unificada em uma escola pública municipal de São Paulo, zona sul. A professora conta de forma despretensiosa e curiosa como o projeto de explorar o entorno escolar possibilitou a valorização e ampliação dos saberes das crianças sobre a geografia do território. Através de noções de localização, compreensão da urbanidade e das questões de saneamento básico foi possível entender a importância da função da escrita e dos números no contexto de vida. O Projeto despertou o sentimento de pertencimento das crianças ao território e à cidade, elucidando os direitos que as crianças possuem e que devem ser respeitados. Por fim, avivou a reflexão sobre a criança cidadã do mundo e o processo de autoavaliação sobre a prática pedagógica.

Este relato de experiência busca refletir sobre o ato do registro do educador da Educação Infantil, uma escrita permeada por suas observações e com suas provocações sobre as vivências junto às crianças de uma escola pública do município de Niterói/RJ, com crianças na faixa etária de 3 a 5 anos. Destacamos o registro escrito e fotográfico das interações das crianças com a argila e as sensações que foram manifestadas na experiência sensorial como possibilidade de partilhar o vivido, contextualizando a narrativa, mas também projetando situações pedagógicas desafiadoras, visto que a revisitação do cotidiano vivido junto às crianças é fundamental para refletir sobre o passado, e repensar as próximas ações, ou seja, planejar. Nesse processo, avaliar a organização do trabalho pedagógico aparece como uma das práticas essenciais da docência. Como recorte metodológico utilizamos a pesquisa narrativa (auto) biográfica em educação.

O presente artigo parte da exposição, elemento da linguagem fotográfica, juntamente com o texto “A vida dos homens infames”, de Michel Foucault, para problematizar a questão da visibilidade das crianças presente na documentação pedagógica. Em seguida, procura investigar como as crianças se relacionam com as imagens e representações produzidas sobre elas, baseado em duas cenas recolhidas no contexto escolar. Por fim, apoiado na obra de Fernand Deligny propõe uma inversão da perspectiva na documentação pedagógica.

O artigo apresenta resultados de uma pesquisa que investiga a documentação pedagógica como elemento fundamental da cultura profissional de docentes da Educação Infantil, valoriza as crianças, suas aprendizagens, protagonismo e diferentes infâncias. Trata-se de uma pesquisa de natureza qualitativa com caráter bibliográfico e de pesquisa pedagógica, que investiga o trabalho com crianças de 5 e 6 anos, com objetivo de tecer a documentação com plena participação das crianças, contando com registros como diário de bordo, vídeos, fotografias, álbuns de fotografias, álbum de desenhos, museu de cartazes, murais, exposições. Os resultados apontam para a compreensão da documentação pedagógica em sua complexidade na construção de conhecimentos praxiológicos, ampliadora de um saber-fazer docente que legitima o protagonismo das crianças, conexões entre teoria e prática, escuta sensível e articulações dialógicas entre sujeitos do contexto.

No tecido do texto apresentado, resultado da conversa com a educadora Madalena Freire, observação, registro e documentação pedagógica são, mais do que conceitos, pontos-base que alinhavam reflexões sobre formação docente e prática educativa. Narrativas da memória vivificam a experiência passada e entrelaçam saberes feitos que, na lucidez do tempo presente, fertilizam a esperança, projetando futuros possíveis. A centralidade da escrita no exercício de reflexão, criação e autoria de cada pessoa que registra; o desejo como fundante dos processos de ensinar e de aprender; a construção do grupo e do vínculo como essência da relação pedagógica são elementos que matizam a trama tecida com o testemunho de uma intelectual da educação, que afirma seu compromisso histórico com boniteza e decência. Uma professora que, ao registrar, inspira autorias.

Este trabalho objetiva relatar uma experiência formativa a partir de registros e a organização da documentação pedagógica pelos acadêmicos(as) do curso de Pedagogia, da Universidade Estadual de Goiás, UnU Inhumas, durante o Estágio Supervisionado em Docência na Educação Infantil. Os registros escritos, fotográficos e audiovisuais são realizados durante os períodos de observação e de desenvolvimento do projeto de intervenção. Esse material resulta na produção de um artigo, exposição das produções das crianças e uma Mostra de Curtas ao final do Estágio II. Os registros permitem aos estagiários(as), futuros docentes, retomarem o planejado e o vivido, ressignificar e qualificar, a partir de uma fundamentação teórica sólida, os sentidos e os significados atribuídos pelas crianças em suas experiências cotidianas na educação infantil. Esse processo teórico-metodológico contribui, também, para a memória e a história do estágio. O relato está alicerçado em Ostetto (2008, 2011, 2017), Lopes (2009), Gomes (2013) dentre outros.

Este artigo contempla o tema da documentação pedagógica e sua interlocução com a formação, a autoformação e a pesquisa de professoras da infância. De caráter exploratório, mapeamos os conceitos que cerceiam este tema, com destaque para a observação, para o registro e para a reflexão e o modo como esses conceitos se refletem no campo da formação de professores, a partir da teorização sobre a formação continuada e em contexto, da pesquisa na prática e do papel das professoras-pesquisadoras na educação da infância. Atravessado pelo tema da documentação pedagógica, o texto argumenta sobre como um grupo de estudos e pesquisas favorece a formação de professoras e suas práticas em contexto e sobre como a documentação pedagógica tem potencializado pesquisas na educação infantil e sobre as crianças pequenas quando entendida como instrumento metodológico e de escuta.

Esse texto apresenta relato de prática de formação de professoras desenvolvida em uma unidade universitária de Educação Básica, entre os anos de 2018 e 2020. Para isso, está organizado em três partes: na primeira, apresenta breve histórico da instituição e considerações gerais sobre a proposta pedagógica e processo de formação das professoras; na segunda, apresenta o processo de documentação pedagógica articulada às ações formativas com o grupo da Educação Infantil; na terceira, evidencia como as práticas de registro e documentação sustentaram o desenvolvimento profissional do grupo, ressaltando a importância de que esses processos sejam construídos coletivamente, opondo-se a modelos pré-concebidos, que não se encaixam nas diversas realidades do país, sob o risco do esvaziamento de sentidos das práticas educativas.

Este artigo visa a refletir sobre olhares e concepções de profissionais que atuam na educação infantil, tendo em vista um paralelo entre os princípios norteadores da educação de crianças pequenas e o campo da educação especial na perspectiva inclusiva. Com inspiração na abordagem de pesquisa praxeológica, foram realizadas conversas com profissionais que atuam na educação infantil, com a intenção de narrar o que acreditam que seja o registro e compreender suas motivações ao registrar. As categorias de análise foram definidas a partir dos diferentes materiais citados e suas funções: (i) registros reflexivos, com vistas à ação pedagógica; (ii) registros que sintetizam dados e informações em prontuários; e (iii) registros com a finalidade de divulgar o trabalho pedagógico. A partir do questionamento da ação de registrar, a análise revela a complexidade do cotidiano educativo, dentre olhares e concepções diversas, que não necessariamente dependem das funções exercidas pelos profissionais.

Este artigo tece análises conceituais e práticas sobre Documentação Pedagógica, a partir de um estudo de casos múltiplos, que envolveu observação, análise documental e entrevista semiestruturada com profissionais de duas instituições de Educação Infantil (uma em Portugal e outra no Brasil). Também procedeu à revisão integrativa, mapeando estudos e práticas que tratam do tema. Na argumentação, o foco está direcionado aos modos próprios das duas instituições pesquisadas conceberem e utilizarem a documentação, assim como o apontamento dos desafios e das condições institucionais para a sua efetivação. As experiências observadas revelam processos articulados de planejar/documentar/avaliar e, à luz da revisão integrativa, novos contornos conceituais são vislumbrados: a Documentação Pedagógica é (re)definida como estratégia metodológica, no enfeixamento de perspectivas multifacetadas (didática, política, ética e estética).

O presente artigo tem como objetivo contribuir com estudos e reflexões sobre a formação docente inicial, a nível de graduação, além de promover apontamentos sobre o processo de aprendizagem e valorização da escrita sobre os cotidianos como caminho para a (auto)formação de professoras e professores de Educação Infantil. Toma como campo de pesquisa e análise as disciplinas relacionadas à Educação Infantil no Curso de Pedagogia de uma universidade federal no diálogo entre a professora das disciplinas e a monitora, suas expectativas e conhecimentos construídos no encontro com os estudantes de graduação em sua inserção nos cotidianos da Educação Infantil.

O presente relato narra a experiência de estágio obrigatório na Educação Infantil, realizado na 7ª fase do curso de Pedagogia, da Universidade Federal de Santa Catarina, no ano de 2021. O estágio foi realizado integralmente de forma remota, devido ao distanciamento social causado pela pandemia do novo Corona vírus. No texto narramos os desafios de estagiar sem o contato direto com as crianças, professores(as) e instituições, trazendo inquietudes, inseguranças e indagações no que se refere ao nosso processo formativo nesta conjuntura, articuladas a reflexões e considerações a respeito da possibilidade de resistência, na utilização deste distanciamento, como um tempo tempestivo para, em conjunto, (re)pensar, explorar e escrever sobre as especificidades da Educação Infantil e o tempo da infância como um direito, bem como advogar a importância das ferramentas da ação pedagógica como instrumentos imprescindíveis para uma permanente construção da docência na Educação Infantil.

Um problema a ser enfrentado para se falar em educação infantil consiste na recusa em tratar um conceito único e restrito de infância e o de ser criança. O desafio que se apresenta nesse nível de ensino, se configura em identificar e promover concepções de infâncias, experiências e sentidos de ser crianças de forma plural e diversificada. Este propósito pode ser entendido na medida em que o pensar e o agir pedagógicos na educação infantil forem compreendidos e mediados por tensões étnico-raciais subjacentes do racismo estrutural que permeiam as relações educacionais. Nesse aspecto pretende-se aqui fazer uma reflexão sobre três temas, inicialmente distintos, mas que em algum momento se entrecruzam. A tentativa é apontar um recorte breve sobre cada assunto e tecer uma reflexão sobre a forma como esses podem ser tratados no campo educacional. O propósito diz respeito a compreender os sentidos de ser criança negra na educação infantil e os desafios na construção de uma educação antirracista nesse nível de ensino.

Este artigo tem como foco os debates sobre educação antirracista na educação infantil. O objetivo consiste em: Analisar práticas pedagógicas antirracistas na primeira etapa da educação básica, em especial, as ações desenvolvidas a partir do projeto “Livro: um brinquedo diferente”. O referencial teórico está ancorado na epistemologia de autoras/es negras/os. Para isso, foi desenvolvida a pesquisa de cunho qualitativo, junto à turma de crianças, a partir de quatro anos de idade, em um Centro Municipal de Educação infantil de Goiânia. Os dados foram obtidos por meio dos registros dispostos no Portfólio Digital, construído pelas crianças, suas famílias e a professora. Os resultados identificaram o livro como um brinquedo, um bem social e um direito de todas as crianças a despeito da idade, classe social e raça-etnia. Assim, este artigo compartilha os resultados do referido projeto, os quais apontam que o livro de literatura infantil se constitui como uma possibilidade para subsidiar a luta antirracista, o cumprimento da Lei n.º 10.639/03 e a formação continuada de professoras(es) da educação infantil.

Este artigo tece uma reflexão sobre a prática pedagógica antirracista na Educação infantil (EI), a partir de um diálogo teórico-prático com episódios cotidianos vivenciados por uma das autoras que atua como professora/pesquisadora na EI da Rede Municipal de Educação de Belo Horizonte/MG. Esta proposta dialógica foi realizada no âmbito do Programa Pós-Graduação Stricto Sensu em Educação – Mestrado Acadêmico em Educação e Formação Humana – da Faculdade de Educação da Universidade do Estado de Minas Gerais (FaE/UEMG). Os dados foram coletados por meio da observação, relatos e de episódios cotidianos, realizados pela autora. O principal objetivo deste estudo é refletir sobre a educação das relações étnico-raciais, tendo em vista a prática pedagógica antirracista na EI. Alguns dados evidenciam a urgência dessa reflexão, uma vez que as crianças, nesta etapa da educação básica, projetam-se para o mundo, criando novas formas de ler, compreender, ser e agir no contexto em que estão inseridas.

A pesquisa articula a experiência vivida no Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à docência, no Centro de Referência em Educação Infantil Realengo, com os estudos que reforçam a essencialidade de uma educação antirracista, desde a infância. A abordagem metodológica utilizada foi a pesquisa-formação e a conversa, a fim de compartilhar caminhos possíveis para a construção de práticas pedagógicas que valorizem a diversidade. Compreende-se que o Brasil é marcado por uma história de colonização e violência contra as populações negras. A educação, que não é apartada da sociedade, possui um papel essencial na desconstrução de estereótipos e preconceitos. Dessa forma, acreditamos que os processos educativos e de formação que dialoguem com a luta antirracista possibilitam o fortalecimento de uma sociedade mais justa.

Este artigo constitui-se como a introdução ao dossiê Infâncias, Racismos e Educação Infantil, que reúne dezoito artigos e uma entrevista. Divide-se em quatro secções: I. Conhecer, Refletir e Analisar; II. Observar e Aprender (Na Educação Infantil); III. Observar e Aprender (Fora da Educação Infantil); e IV. Agir (Transições e Expressões). Começa por contextualizar a necessidade de promover uma educação antirracista e inclusiva desde a infância e os problemas que se colocam a esse empreendimento. Tanto os ensaios teórico-metodológicos, como os artigos que resultam de pesquisas de terreno – em arquivos, escolas, espaços de formação, lúdicos, ligados a práticas religiosas ou outras instituições, ou ainda na família – contribuem para a compreensão de dispositivos, subjetivos e objetivos, relativos a manifestações de racismo(s) e/ou discriminação étnica e racial durante a infância e/ou no contexto da educação infantil. São ainda tomadas em consideração vivências quotidianas no contexto educativo – relação entre os/as professores/as e /educadores/as e as crianças e relações entre as próprias crianças.

Este artigo analisa as relações étnico-raciais no contexto da Educação Infantil por meio dos Anais do Congresso de Pesquisadoras/es Negras e Negros (COPENE) no período de 2000 a 2020, abarcando todas as onze edições do evento. Trata-se de uma pesquisa bibliográfica, do tipo Estado do Conhecimento, que encontrou 77 trabalhos que dialogam com a temática das relações étnico-raciais na E I. Com base na análise de conteúdo, os dados foram organizados em seis temáticas: práticas pedagógicas, escuta das crianças, formação continuada, legislação, literatura e representações docentes. Os resultados indicam a importância da construção de uma Educação Infantil pautada no respeito às diferenças culturais e étnico-raciais, a necessidade de se romper com um currículo eurocentrado e a valorização das vozes das crianças.

Como ocorreu o retorno ao atendimento presencial nas creches e pré-escolas do Recife no contexto do Estado de Calamidade Pública de Importância Internacional provocado pelo novo Coronavírus (COVID-19)? A literatura sobre coordenação e gestão dos níveis federativos (União, Distrito Federal, Estados e Municípios) e de colaboração intersetorial envolvendo Educação Básica aponta para um comportamento político, no qual Governadores e Prefeitos têm, ao longo dessa crise sanitária, determinado o retorno gradual das atividades presenciais em creches e pré-escolas, em detrimento da alta taxa de casos de COVID-19. Este artigo pretende analisar qualitativamente, através de estudo de caso, os decretos expedidos pelo município de Recife sobre a suspensão e retomada das atividades presenciais, a fim de compreender como a circunstância excepcional de calamidade pública afetou a estratégia delas referente à volta das atividades na primeira etapa educacional em tal município. Conclui-se que tal expediente de crise sanitária influenciou a trajetória legislativa na esfera Municipal e Estadual de Pernambuco e que, na cidade recifense, a decisão sobre o retorno gradual às atividades presenciais foi política, e não técnica.

O artigo propõe-se verificar as contribuições na produção científica acerca da temática da docência compartilhada na Educação Infantil. Para isto, realizou-se uma revisão bibliográfica de trabalhos disponíveis nas seguintes bases de dados: Portal de periódicos Capes, SciELO e Catálogo de Teses e Dissertações da Capes, com o objetivo de compreender os desafios e as potencialidades da ação compartilhada no contexto da Educação Infantil. A partir dos critérios de inclusão e exclusão, selecionou-se 17 trabalhos, sendo 7 artigos e 10 dissertações de mestrado. No decorrer da análise, organizou-se duas categorias: a primeira indica as discussões acerca da docência e suas especificidades na Educação Infantil. A segunda categoria aborda os diálogos, aproximações, potencialidades e desafios da docência compartilhada. As pesquisas apresentam aproximações nas compreensões da docência compartilhada e apontam os desafios, mas também as potencialidades que o compartilhamento da docência estabelece.

Este artigo analisa as repercussões da pandemia de COVID-19 nas condições de vida de famílias de bebês e crianças da Educação Infantil em territórios baianos. O estudo realizado por meio da análise das ações e mobilizações no âmbito da política de Educação Infantil, narrativas das crianças, questionários e entrevistas com famílias, abrange dimensões que possibilitam pensar mudanças nas condições familiares e seus impactos nas experiências das crianças: a situação socioeconômica, a configuração das rotinas e práticas de cuidado em casa e a natureza das atividades realizadas com as crianças. Conclui-se que a pandemia representa uma crise do cuidado das crianças. Esta crise é um risco ao desenvolvimento cultural humano frente às políticas fragmentadas entre as áreas da educação, assistência social, cultural, jurídica e de saúde.

O artigo apresenta resultados de pesquisa realizada em uma instituição de Educação Infantil, cuja temática central envolve o trabalho da coordenadora pedagógica nesta etapa da Educação Básica e a influência das políticas públicas em sua atuação na instituição pública de ensino. O estudo buscou compreender o trabalho desenvolvido por esta profissional junto à professora, no cotidiano de uma instituição pública de Educação Infantil, considerando as políticas públicas municipais. Com abordagem qualitativa, o caminho teórico-metodológico perpassou pelos referenciais sobre a Educação Infantil, a coordenadora pedagógica e o campo das políticas públicas, com foco na abordagem do ciclo de políticas. Os resultados da investigação apontam para a influência direta das políticas públicas na atuação da coordenadora pedagógica, a divergência da política municipal adotada com os próprios textos dos documentos municipais e, por conseguinte, a distância das práticas da coordenadora pedagógica com o que apontam os documentos oficiais.

Este relato do cotidiano refere-se ao trabalho que foi realizado por uma das pesquisadoras, em sua dissertação de mestrado, a partir de propostas de resolução de problemas não convencionais em sua turma de Educação Infantil, com 17 crianças na faixa etária entre quatro e cinco anos. Os resultados evidenciam que a resolução de problemas e as discussões em grupo se mostraram uma excelente estratégia para as crianças avançarem em suas hipóteses de conhecimento. À medida que resolviam as situações problemas e eram confrontadas por ideias diferentes dos colegas, iam construindo e consolidando os conceitos matemáticos. Além disso, utilizaram estratégias de resolução de problemas em outros momentos de sua rotina, demonstrando a importância deste tipo de proposta. Também se destaca a importância da articulação entre os campos matemáticos relativos ao senso numérico, de medidas, percepção espacial, pensamento estatístico e probabilidade, que puderam ser desenvolvidos ao longo das atividades propostas de forma integrada, contribuindo para o desenvolvimento da percepção matemática das crianças envolvidas.

O artigo discute a gestão da Educação Infantil, tendo com princípio a escuta e a participação das crianças. Analisa eventos de interações entre crianças de duas turmas de pré-escola e a coordenação pedagógica da instituição, considerando as temáticas levantadas como possibilidade de produção de conhecimento e formação dos profissionais. O trabalho sustenta-se nas contribuições dos Estudos da infância como campo interdisciplinar de conhecimento e nas discussões que defendem o princípio da gestão democrática nas instituições de Educação Infantil. As análises revelam a importância da construção de um trabalho cotidiano que considere as demandas das crianças. Tal perspectiva se estende ao diálogo com as famílias. Trata-se, assim, de uma reflexão sobre ser adulto e adulta, ser professor e professora, gestor e gestora, no caso deste trabalho, de compreender a formação dos profissionais como processo inacabado.

Neste trabalho o objetivo foi compreender como o Jogo Heurístico pode contribuir para o processo de cuidar e educar das crianças no contexto da Educação Infantil. A pesquisa foi qualitativa, realizada com crianças de três e quatro anos de idade, de uma Escola Municipal de Educação Infantil de Novo Hamburgo, Rio Grande do Sul, Brasil. A coleta de dados ocorreu por meio de registros fotográficos e escritos. A análise foi com base nos princípios da análise de conteúdo de Bardin (2009). Como resultados, compreendeu-se que, foi possível oportunizar e assegurar o direito das crianças de brincar com o que desejam e a pesquisar de acordo com os seus interesses, oportunizando experiências essenciais para que elas possam compreender o mundo que as cercam, tornando-se protagonistas de suas descobertas na infância e a ação pedagógica da professora da turma envolveu intencionalidade, observação e mediação nas aprendizagens.

O estudo objetiva mapear as produções nos bancos de dados de Teses e Dissertações da CAPES e da Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações sobre a jornada de trabalho na Educação Infantil, a partir da implementação da Lei nº 11.738/2008, e compreender como ocorreu esse processo nos sistemas municipais. O referencial teórico-metodológico da pesquisa foi guiado pela abordagem crítica e dialética, com apoio teórico construído por Gramsci (1982; 2006), e levantamento bibliográfico. Os resultados demonstraram que houve implementação da política da jornada de trabalho, mas ocorreu por meio de diferentes arranjos dos sistemas municipais para atender a valorização do magistério.

Este artigo tem como objetivo principal reconhecer as múltiplas facetas de sub-existência e/ou subsistência das experiências estéticas nos contextos de Educação Infantil, percebendo as possibilidades que as crianças encontram para a compreensão de si e do outro e para manifestar e compartilhar vivências, ideias e questionamentos. A pesquisa segue a abordagem qualitativa de cunho hermenêutico e crítico, tendo como instrumentos de coleta o diário de bordo e as experiências de observações. A argumentação considera a complexidade das infâncias e a necessária transgressão estética para a compreensão da riqueza e singularidade da linguagem expressiva que as crianças carregam. No cotidiano da Educação Infantil, as manifestações das crianças, ainda que não reconhecidas pela professora, persistem como detalhes que navegam à margem das expectativas de uma prática curricular sedimentada.

Esta pesquisa tem como objetivo apresentar e discutir atividades desenvolvidas em um projeto que aborda a temática dos medos das crianças, dos seus familiares e da Educadora. Esse projeto foi construído por uma Educadora de uma turma de pré-escola de uma escola pública de Educação Básica, no município de Ijuí/RS, com a participação de vinte crianças de 4 a 5 anos. Nesta investigação, coletamos, organizamos e analisamos as anotações da Educadora em seu diário de aula, os trabalhos das crianças, bem como as fotos e as filmagens, os quais foram organizados em portfólios. Como resultados, destacam-se as interações e brincadeiras que fizeram com que as crianças compartilhassem os seus medos, participando das atividades junto com seus familiares e, desse modo, aproximando escola e comunidade. Isso contribuiu para que crianças e adultos brincassem e aprendessem uns com os outros enquanto aprendizes.