Aunque comparten, con el resto de los pueblos indígenas de América, una historia de despojo territorial similar desde la llegada de las empresas de conquista europeas, el pueblo mapuche presenta algunas especificidades que explican algunas diferencias fundamentales en sus proyectos políticos y en su visión de sociedad. Una de las más determinantes ha sido el largo periodo de autonomía de casi tres siglos del que este pueblo gozó, durante toda la colonia y hasta las primeras décadas de formación de los Estados de Chile y Argentina. De la memoria guardada en el seno de las reducciones mapuche, se rescatan las referencias culturales de una época rememorada como los siglos de esplendor de la sociedad mapuche, inspirando diversas propuestas que avanzan en el sentido de recuperar la soberanía perdida, tanto a nivel comunitario como nacional. Uno de estos proyectos corresponde a la recuperación productiva que la comunidad de Temulemu se encuentra realizando desde hace décadas en predios que les fueron usurpados desde fines del siglo XIX, siendo explotados en la actualidad dentro del modelo de agronegocio forestal. En este artículo ahondaremos en el proceso actual en que esta comunidad está abocada: la reconstrucción de su organización territorial tradicional, denominada lof, con la cual buscan restituir, junto con los elementos primordiales de su organización territorial antigua, la autonomía y la dignidad que como pueblo les había sido sistemáticamente negada, desde hace más de un siglo. Palabras claves: Mapuche; Forestal; Territorio; Autonomía. RECONSTRUCTION OF TRADITIONAL MAPUCHE LOF AS AN ALTERNATIVE SOCIAL AND PRODUCTIVE ORGANIZATION ABSTRACT Although they share, with the rest of the indigenous peoples of America, a similar history of territorial dispossession since the arrival of European conquest companies, the Mapuche people have some specificities that explain some fundamental differences into their political projects and their vision of society. One of the most crucial was the long period of autonomy this people enjoyed, for almost three centuries, throughout the colony and until the first decades of formation of the States of Chile and Argentina. The memory preserved by the denizens of the Mapuche reservations, allow to rescue the cultural references of a time recalled as centuries of splendor of the Mapuche society, inspiring several proposals which lead to a recovering of lost sovereignty, both at communal and national level. One such project corresponds to the productive recovery that Temulemu community has been developing for decades on lands that were usurped since the late nineteenth century, and are currently exploited within the forest agribusiness model. In this article we research into the present process in which this community is working: the reconstruction of their traditional territorial organization, called lof, which seek to restore along with the key elements of its old territorial organization, autonomy and dignity they had been systematically denied of for over a century. Keywords: Mapuche; Forest; Territory; Autonomy. A RECONSTRUÇÃO DA LOF TRADICIONAL MAPUCHE COMO ALTERNATIVA CONTRA-HEGEMÔNICA DE ORGANIZAÇÃO SOCIAL E PRODUTIVA RESUMO Apesar de partilhar com o resto dos povos indígenas da América uma história de expropriação territorial semelhante, desde a chegada das empresas europeias de conquista, o povo Mapuche apresenta algumas características específicas que explicam algumas diferenças fundamentais em seus projetos políticos e sua visão de sociedade. Uma dessas diferenças e o período mais decisivo foi a longa autonomia, de quase três séculos, do qual este povo gozou, que foi desde a Colônia até as primeiras décadas da formação dos Estados do Chile e da Argentina. Da memória guardada no seio das reduções do território Mapuche, resgatam-se as referências culturais de uma época lembrada como os séculos de esplendor da sociedade Mapuche, inspirando diversas propostas atuais que avançam no sentido de recuperar a soberania perdida, tanto a nível nacional quanto comunitário. Um desses projetos corresponde à recuperação produtiva na qual a comunidade Temulemu realiza há décadas em espaços que lhes foram usurpados desde o final do século XIX, atualmente explorados dentro do modelo do agronegócio florestal. Neste artigo aborda-se o processo atual no qual esta comunidade está evolvida: a reconstrução de sua organização territorial tradicional, chamada lof, com a qual busca restituir, juntamente com os elementos primários da sua antiga organização territorial, a autonomia e a dignidade que, enquanto povo tradicional, lhes foram sistematicamente negada, há mais de um século. Palavras-chave: Mapuche; Floresta; Território; Autonomia.