AMARO, Márcio Henrique Vieira. O amor e a guerra em Aristófanes a partir de uma leitura da Peça Rãs. 2015. 135f. – Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal do Ceará, Programa de Pós-graduação em Letras, Fortaleza (CE), 2015. Based on a reading of the play The Frogs, 405 b.C., by Aristophanes, it’s inferred a strong use of mythological material used by the comediographist in the construction of the text. Therefore, a reading of that comedy under the modern scientific approaches to the myth allows the determination of a mythical nucleus able to offer an important key to reading the work of Aristophanes as well as the dramatic production of the late classical Greek period. In the agon between Aeschylus and Euripedes, the tragic themselves are the ones who, insulting each other, reveal the source of their production to be, respectively, the influence from the myths of Ares and Aphrodite. Both the tragedians being members of the triad elected by the Athenians as the best representatives of the tragic genre, and, the poetry being one of the constituent sources of the Greek citizen’s education, this research will verify to what extent the myths of Ares and Aphrodite are present in the work of the two tragedians, and how both use it as a contribution to the foundation for the shaping of the Greek man’s spirit. From a dialectic between love and war, the second part of the research will verify the occurrences of these traditions in the work of the comediographist Aristophanes, analyzing the play The Frogs. The author, when choosing the kingdom of the dead as a discussion space between these two mythological traditions, establishes a paradigmatic court, able to appreciate and value the diferent elements and types of tragic speech, treating them, however, under the comical perspective. It is necessary to determine to what extent the comic speech from the parallel between the underground structures and the contingency of Athenian life were being used as an attempt to interpret the myth. Finally, will verify with the presentation of the play Frogs, the comedy would be, in 405 b.C., seeking to appropriate the mythological speech, modifying it and shaping it according to the new requirements of the polis, as the tragic did before, and what are the implications of this new discourse on the elements related to theater: text, performance and audience. A partir da leitura da peça Rãs, de 405 a.C., de Aristófanes, depreende-se uma forte utilização de material mitológico utilizado pelo comediógrafo na construção do texto. Dessa forma, uma leitura dessa comédia, a partir das modernas abordagens científicas do mito, permite a determinação de um núcleo mítico capaz de oferecer uma importante chave de leitura para a obra de Aristófanes, bem como para a produção dramática do final do período clássico grego. No agón entre Ésquilo e Eurípedes, são os próprios trágicos, que, insultando-se, revelam como fonte de sua produção, respectivamente, a influência dos mitos de Ares e Afrodite. Sendo os dois tragediógrafos integrantes da tríade eleita pelos atenienses como os melhores representantes do gênero trágico, e, sendo a poesia uma das fontes constituintes da educação do cidadão grego, a pesquisa verificará, até que ponto os mitos de Ares e Afrodite estão presentes na obra dos dois tragediógrafos, e como ambos os utilizam como contribuição para o fundamento da formação do espírito do homem grego. Tendo como base uma dialética entre o amor e a guerra, a pesquisa irá verificar as ocorrências dessas tradições na obra do comediógrafo Aristófanes, a partir da leitura da peça Rãs. Aristófanes, ao escolher o reino dos mortos como espaço de discussão entre essas duas tradições mitológicas, estabelece um tribunal paradigmático, apto para apreciar e valorar os diferentes elementos e tipos de discurso trágico, tratando-os, entretanto, sob a ótica cômica. Faz-se mister determinar até que ponto o discurso cômico, a partir do paralelo entre estruturas do submundo e a contingência da vida ateniense estariam sendo utilizados como uma tentativa de interpretar o mito. Por fim, verificaremos se comédia no ano de 405 a.C., com a apresentação da peça Rãs, procurava apropriar-se do discurso mitológico, modificando-o e plasmando-o de acordo com as novas exigências da pólis, como antes fizeram os trágicos, e quais as implicações desse novo discurso diante dos elementos do fazer teatral: texto, performance e audiência.