O objetivo deste estudo foi avaliar o efeito da hierarquia de bovinos de corte terminados em confinamento sobre o temperamento, o nível de estresse e o desempenho. O experimento foi realizado no Laboratório de Biometeorologia e Etologia da FZEA/USP, campus Fernando Costa, em Pirassununga. Foram utilizados 128 bovinos machos não castrados produtos de cruzamento entre touros da raça Angus e vacas da raça Nelore, com peso vivo inicial médio de 331,1 kg (±3,15), e idade média de 16,9 (±0,83) meses. Os animais foram alojados em oito currais de confinamento coletivo, durante 130 dias, onde se registrou o comportamento social dos mesmos, visando definir o estabelecimento de hierarquia. Foram realizados manejos a cada 28 dias para a pesagem, colheita de sangue para análise de cortisol e avaliação do temperamento, utilizando os métodos de Teste de Reatividade (ER), Velocidade de Fuga (FS) e Avaliação Qualitativa do Comportamento (QBA - Qualitative Behavior Assessment). Os bovinos foram abatidos em frigorífico comercial, com peso vivo entre 530 e 557 kg, ou 17,7 a 18,6 @. Além da avaliação das carcaças, foram retiradas amostras de carne (Longissimus dorsi) para avaliação da qualidade pelas medidas de coloração, pH em 24 horas, perda de água por cocção e maciez. Os dados foram analisados por meio de um modelo ajustado, a partir da teoria de modelos lineares generalizados do GENMOD (SAS 2017), considerando os efeitos de tratamento (classes hierárquicas), de animais como medida repetida e os efeitos de tempo dentro dos tratamentos como lineares. O teste de reatividade e a velocidade de fuga não foram influenciados pela ordem hierárquica. Os níveis de cortisol sérico mensurados no início, meio e final do confinamento não apresentaram diferenças significativas. Porém, a ordem hierárquica causou efeito nos níveis de cortisol sérico, indicando maior estresse nos bovinos classificados como dominantes e intermediários em relação aos submissos. Em relação ao comportamento, no parâmetro calmo, os animais dominantes e intermediários possuíram maior média em relação aos submissos. Animais dominantes apresentam comportamento pós manejo mais relaxado e calmo em relação aos submissos. O ganho diário médio de peso apresentou tendência para maiores valores nos animais dominantes, seguidos dos intermediários e dos submissos, com valores médios de importância econômica (1,92, 1,84 e 1,76 kg.animal.dia-1, respectivamente). O peso vivo final foi maior nos bovinos dominantes, seguidos dos intermediários e dos submissos (552,93, 542,54 e 537,17Kg, respectivamente). A hierarquia não exerceu efeito significativo sobre o peso e rendimento de carcaça, área de olho de lombo e a espessura de gordura subcutânea. A perda de água por cocção, a maciez e o pH das amostras da carne não apresentaram efeitos significativos da hierarquia. Apenas a intensidade de coloração vermelha foi inferior nas amostras de carne dos animais dominantes e intermediários e superior naquelas dos submissos. É possível concluir que a hierarquia não influenciou a expressão do temperamento, possivelmente em decorrência das condições superiores de conforto físico no confinamento, como área de circulação, de cocho e de sombreamento, e pelo manejo gentil dos animais. A hierarquia influenciou o nível de estresse dos bovinos, com maior nível nos dominantes e intermediários. Houve influência da hierarquia sobre o ganho de peso, maior nos animais de posição superior, e não foram encontrados efeitos significativos da hierarquia sobre as características de carcaça e de qualidade da carne, com exceção da intensidade da cor vermelha. The aim of this study was to evaluate the effect of the beef cattle hierarchy finished in feedlot on temperament, stress level and performance. The experiment was carried out at the Biometeorology and Ethology Laboratory of FZEA / USP, Campus Fernando Costa, in Pirassununga. One hundred and twenty-eight non-castrated male bovine crossbreeding products between Angus bulls and Nellore cows were used, with an average initial live weight of 331.1 kg (± 3.15), and an average age of 16.9 (± 0.83) months. The animals were housed in eight collective confinement pens for 130 days, where their social behavior was recorded, in order to define the establishment of a hierarchy. Handling procedures were performed every 28 days for weighing, blood collection for cortisol analysis and temperament evaluation, using the Reactivity Test (ER), Flight Speed (FS) and Qualitative Behavioral Assessment (QBA - Qualitative Behavior) methods Assessment) The cattle were slaughtered in a commercial slaughterhouse, with live weight between 530 and 557 kg, or 17.7 to 18.6 @. In addition to the evaluation of the carcasses, samples of meat (Longissimus dorsi) were taken for quality evaluation by measures of color, pH in 24 hours, water loss by cooking and tenderness. The data were analyzed using an adjusted model, based on the generalized linear model theory of GENMOD (SAS 2017), considering the effects of treatment (hierarchical classes), animals as a repeated measure and the effects of time within treatments as linear. It was observed that the reactivity score and the flight speed were not influenced by the hierarchical order. The serum cortisol levels measured at the beginning, middle and end of the confinement did not show significant differences. However, the hierarchical order caused a significant effect on serum cortisol levels, indicating greater stress in cattle classified as dominant and intermediate in relation to subordinate. Regarding behavior, in the calm parameter, the dominant and intermediate animals had a higher average in relation to the submissive ones. Dominant animals show more relaxed and calm post-management behavior compared to submissive animals. The average daily weight gain showed a tendency for higher values in dominant animals, followed by intermediaries and submissive animals, with average values of economic importance (1.92, 1.84 and 1.76 kg.animal.dia-1, respectively). The final live weight was higher in dominant cattle, followed by intermediates and submissive (552.93, 542.54 and 537.17 kg). Carcass weight and yield, rib eye area and subcutaneous fat thickness did not show significant hierarchy effects. The loss of cooking water, the tenderness and the pH of the meat samples did not show significant effects of the hierarchy. Only the intensity of red color was lower in the meat samples of the dominant animals, and intermediate, and higher in those submissive animals. It is possible to conclude that the hierarchy did not influence the expression of temperament, possibly due to the superior conditions of physical comfort in the feedlot, such as circulation area, trough and shading, and the gentle handling of animals. The hierarchy influenced the stress level of cattle, with a higher level in dominant and intermediate. There was an influence of the hierarchy on weight gain, greater in animals of higher position, and no significant effects of the hierarchy were found on carcass and meat quality characteristics, except for the intensity of the red color.