1. Evolução Clínica, Hematológica e Radiográfica de um Cão com Poliartrite por Leishmaniose Tratado com Miltefosina
- Author
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Castilhano Marcelino Silva, André, Prestes Conceição, Ana Flávia, Caramalac, Silvana Marques, Marques Caramalac, Simone, Coltro Gazzone, Alexandre, Antonio Terrabuio Andreussi, Paulo, and Isa Poci Palumbo, Mariana
- Abstract
Background: Canine visceral leishmaniasis causes several clinical signs, such as lymphadenomegaly, exfoliative dermatitis, ulcerative skin lesions, and lameness. The most commonly reported locomotor changes are claudication, edema, arthralgia, joint stiffness, and muscle atrophy. Radiographic exam revealed cortical and medullary destruction, increase, or decrease in medullary opacity, proliferative periosteal reaction, osteolysis, collapse of joint spaces and soft tissue edema are observed. The aim of this report is to describe the clinical and radiographic evolution of a case of erosive polyarthritis associated with leishmaniasis in a dog before, during and after treatment with miltefosine. Case: A 7-month-old mixed-breed dog was attended due pain and limited mobility. In the orthopedic evaluation, joint swelling, stiffness, and increased pain sensitivity of the four limbs, as well as neck stiffness, were noted. Radiographic examination showed joint changes compatible with edema, with increased volume and radiopacity of the soft tissues adjacent to the joints. The segments of the patient's spine showed more severe bone alterations, the cervical spine being one of the most affected regions, with multiple bone proliferations throughout the vertebral body, especially in the ventral portion (spondylosis), compatible with polyarthritis due to leishmaniasis. Due to the suspicion, lymph node and spleen cytology was performed, confirming the diagnosis. Hematological examination revealed anemia, leukopenia due to lymphopenia and thrombocytopenia in addition to increased AST (79,4 U/L; reference: 6,2 - 13 U/L), creatine kinase (517,6 U/L; reference: 1,5 - 28,4 U/L), lactate dehydrogenase (688,4 IU/L; reference: 45 - 233 IU/L) and hyperproteinemia (7,34 g/dL; reference: 5,4 - 7,1 g/dL). Treatment with miltefosine, allopurinol, domperidone, prednisone, gabapentin and dipyrone was started. Reassessments were performed monthly for 3 consecutive months. Hematological examinations showed improvement, with resolution of anemia and thrombocytopenia, and a marked decrease in creatine kinase values. Thus, it is evident that the dog did not develop liver or kidney changes during treatment. During the treatment and monitoring in this period, the dog had a clinical improvement, which started to walk without pain. In addition, joint swellings were no longer present, however, there was no improvement in the radiographic evaluation of the joints. Discussion: Clinical signs of the locomotor system are compatible with those described in animals that had osteoarticular manifestations associated with leishmaniasis, such as arthralgia, edema, and joint stiffness. In the present report, treatment with miltefosine associated with allopurinol resulted in an improvement in the clinical picture, and this therapy is therefore promising in dogs with polyarthritis due to leishmaniasis. A case published in human medicine demonstrated the intra-articular absorption capacity of this drug. There is only one study to date that describes the radiographic evolution of a dog with arthritis due to leishmaniasis after treatment with miltefosine and allopurinol. In this case described, the dog reported remained with the osteoarticular lesions after treatment, although clinical improvement was observed, as in our report. The use of miltefosine and allopurinol are in accordance with stage II staging for leishmaniasis. In this study, although there was no improvement in the radiographic examinations, the treatment was effective in the remission of the animal's clinical condition. Keywords: allopurinol, amastigotes, domperidone, joint, leishmanicide. Título: Poliartrite em cão por Leishmaniose - tratamento com miltefosina. Descritores: alopurinol, amastigotas, articulação, domperidona, leishmanicida., Introdução: A leishmaniose visceral canina causa diversos sinais clínicos, como linfadenomegalia, dermatite esfoliativa, lesões ulcerativas na pele e claudicação. As alterações locomotoras mais comumente relatadas são claudicação, edema, artralgia, rigidez articular e atrofia muscular. O exame radiográfico revelou destruição cortical e medular, aumento ou diminuição da opacidade medular, reação periosteal proliferativa, osteólise, colapso de espaços articulares e edema de partes moles. O objetivo deste relato é descrever a evolução clínica e radiográfica de um caso de poliartrite erosiva associada à leishmaniose em um cão antes, durante e após o tratamento com miltefosina. Caso: Um cão mestiço de 7 meses de idade foi atendido por dor e dificuldade de locomoção. Na avaliação ortopédica observou-se edema articular, rigidez e aumento da sensibilidade dolorosa dos quatro membros, bem como rigidez de nuca. O exame radiográfico mostrou alterações articulares compatíveis com edema, com aumento de volume e radiopacidade dos tecidos moles adjacentes às articulações. Os segmentos da coluna da paciente apresentavam alterações ósseas mais graves, sendo a coluna cervical uma das regiões mais acometidas, com múltiplas proliferações ósseas por todo o corpo vertebral, principalmente na porção ventral (espondilose), compatível com poliartrite por leishmaniose. Diante da suspeita, foi realizada citologia de linfonodo e baço, confirmando o diagnóstico. O exame hematológico revelou anemia, leucopenia por linfopenia e trombocitopenia, além de aumento de AST (79,4 U/L, referência: 6,2 - 13 U/L), creatina quinase (517,6 U/L, referência: 1,5 - 28,4 U/L), lactato desidrogenase (688,4 UI/L, referência: 45 – 233 UI/L) e hiperproteinemia (7,34 g/dL, referência: 5,4 – 7,1 g/dL). Foi iniciado tratamento com miltefosina, alopurinol, domperidona, prednisona, gabapentina e dipirona. As reavaliações foram realizadas mensalmente durante três meses consecutivos. Os exames hematológicos mostraram melhora, com resolução da anemia e trombocitopenia, e diminuição acentuada dos valores de creatina quinase. Assim, fica evidente que o cão não desenvolveu alterações hepáticas ou renais durante o tratamento. Durante o tratamento e acompanhamento neste período, o cão apresentou melhora clínica, passando a andar sem dor. Além disso, os edemas articulares não estavam mais presentes, porém, não houve melhora na avaliação radiográfica das articulações. Discussão: Os sinais clínicos do aparelho locomotor são compatíveis com os descritos em animais que apresentaram manifestações osteoarticulares associadas à leishmaniose, como artralgia, edema e rigidez articular. No presente relato, o tratamento com miltefosina associado ao alopurinol resultou em melhora do quadro clínico, sendo esta terapia, portanto, promissora em cães com poliartrite por leishmaniose. Um caso publicado na medicina humana demonstrou a capacidade de absorção intra-articular desta droga. Há apenas um estudo até o momento que descreve a evolução radiográfica de um cão com artrite por leishmaniose após tratamento com miltefosina e alopurinol. Neste caso descrito, o cão relatado permaneceu com as lesões osteoarticulares após o tratamento, embora tenha sido observada melhora clínica, como em nosso relato. O uso de miltefosina e alopurinol estão de acordo com o estadiamento estágio II da leishmaniose. Neste estudo, embora não tenha havido melhora nos exames radiográficos, o tratamento foi eficaz na remissão do quadro clínico do animal.
- Published
- 2023