Tese (doutorado) — Universidade de Brasília, Faculdade de Ciências da Saúde, Programa de Pós Graduação em Nutrição Humana, 2022. Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) e Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Introdução: A cirurgia bariátrica é considerada como a estratégia mais eficaz na redução do peso de pessoas com obesidade grave. Contudo, a longo prazo, sabe-se que pacientes que se submeteram ao tratamento cirúrgico podem reganhar o peso perdido com a cirurgia. O que reforça a importância das mudanças comportamentais, através da adesão de uma alimentação equilibrada, da prática de atividade física e da adoção de hábitos de vida saudáveis, para o sucesso do tratamento e manutenção do peso adequado. Objetivo: Avaliar a ingestão de nutrientes, o nível de atividade física, a perda de peso e a composição corporal de pacientes no pós-operatório tardio de cirurgia bariátrica no Distrito Federal (DF). Métodos: Estudo observacional e transversal, realizado com pacientes adultos, de ambos os sexos, que realizaram o bypass gástrico em Y-de-Roux (BGYR), há no mínimo 5 anos, em hospitais públicos e privados do DF. Foram coletados dados sociodemográficos, clínicos e cirúrgicos através de questionários. Peso e composição corporal foram mensurados através de bioimpedância elétrica, e estatura através do estadiômetro. O consumo de alimentos, bebidas e suplementos alimentares foi obtido com a aplicação de 3 recordatórios de 24h, em dias não consecutivos. O consumo alimentar foi convertido em nutrientes e estimou-se a ingestão usual dos nutrientes através do método desenvolvido pela Iowa State University, com o programa PC-Side. O nível de atividade física (NAF) foi avaliado através de 3 recordatórios de 24h de atividade física (R24hAF) em dias não consecutivos. O erro de medida do R24hAF foi identificado e corrigido através de dados de acelerometria em uma subamostra. O percentual da perda de excesso de peso (%PEP) e a massa livre de gordura (MLG) foram os desfechos das análises. A distribuição da ingestão usual dos nutrientes está disponibilizada com os percentis, erros padrões, e prevalências de inadequação ou de ingestão acima da AI, e prevalência de ingestão excessiva. Utilizamos a análise de componentes principais para identificar os padrões dietéticos dos participantes. A associação entre padrões dietéticos, NAF e tercis de %PEP, e entre ingestão de proteína, NAF e tercis de MLG foram avaliadas em dois modelos distintos de regressão logística multinomial. Consideramos o valor de significância de 5% para todas as análises. Resultados: A amostra foi composta por 124 indivíduos (113 mulheres), com idade média e desvio padrão (DP) de 48,9 (9,4) anos, mediana e intervalo interquartil (IIQ) de 9 (7-10) anos de pós-operatório de BGYR, IMC = 32,3 (28,8-35,7) kg/m², %PEP = 60,5 (26,4) %, e MLG = 45,1 (41,1-51,9) kg. Os participantes relataram ingestão energética de 1556 kcal/d, com ingestão adequado de proteína, ingestão excessiva de carboidrato, gordura total, e açúcar de adição, e baixa ingestão de fibras. Cálcio, vitaminas C, D e E apresentaram as maiores prevalências de inadequação (15%, 24%, 32%, e 49%, respectivamente). A maioria dos pacientes foi classificada como ativa (32%) e muito ativa (35%). O padrão dietético caracterizado pela alta ingestão de energia, proteína, gorduras totais e saturadas, e sódio foi associado a um menor %PEP, enquanto a maior ingestão de proteína foi associada a maior MLG. Entretanto, o NAF não apresentou associação significativa com os desfechos. Conclusão: Os participantes desse estudo apresentaram uma dieta desbalanceada, com ingestão excessiva de alguns macronutrientes e insuficiente em determinados micronutrientes e fibras. O padrão dietético rico em energia, proteína, gorduras totais e saturadas, e sódio parece interferir na perda de excesso de peso, enquanto a ingestão proteica aparenta contribuir para maior massa livre de gordura. Porém a prática de atividade física não foi associada à perda de peso ou à massa livre de gordura. Introduction: Bariatric surgery is considered the most effective strategy for weight loss in individuals with severe obesity. However, in the long term, patients undergoing surgical treatment may regain the weight lost with surgery. Such perspective reinforces the importance of behavioral changes, through adherence to a balanced diet, physical activity practice, and adopting healthy lifestyle habits, for successful treatment and maintenance of adequate weight. Objective: To assess nutrient intake, physical activity level, weight loss, and body composition of patients on late post-operative of bariatric surgery in the Federal District (FD). Methods: Observational and cross-sectional study, conducted with adult patients, from both sexes, undergoing Roux-en-Y gastric bypass (RYGB), at least 5 years ago, in private and public hospitals in the FD. Sociodemographic, clinical and surgical data were collected with questionnaires. Body weight and body composition were assessed through electric bioimpedance, and height through stadiometer. Foods, beverages, and dietary supplements consumption was obtained with 3 non-consecutive 24-h recall. Food and supplement consumption were converted to nutrients. Usual dietary intake was estimated through the method developed by Iowa State University, using PC-Side software. Physical activity level (PAL) was assessed by three 24-h physical activity recall (24hPAR) on non-consecutive days. The measurement error was identified and corrected with accelerometry data in a subsample. The percentage of excess weight loss (%EWL) and the fat-free mass (FFM) were the outcome of analysis. The usual dietary intake distribution is available with percentiles, standard errors, and prevalence of inadequacy or prevalence of intake above AI, and prevalence of excessive intake. We utilized principal component analysis to identify dietary patterns of participants. The association between dietary patterns, PAL and tertiles of %EWL, and between protein intake, PAL and tertiles of FFM were evaluated in two different models of multinomial logistic regression. We considered p value of 5% as significant for all analysis. Results: The sample was composed by 124 individuals (113 women), with mean age and standard deviation (SD) of 48.9 (9.4) years, median and interquartile range (IQR) of 9 (7-10) years of RYGB postoperative, BMI = 32.3 (28.8-35.7) kg/m², %EWL = 60.5 (26.4) %, and FFM = 45.1 (41.1-51.9) kg. Participants reported energy intake of 1556 kcal/d, adequate intake of protein, excessive intake of carbohydrate, total fat, and added sugar, and low intake of fiber. Calcium, vitamins C, D and E presented the higher prevalence of inadequacy (15%, 24%, 32%, and 49%, respectively). Most of the participants were classified as active (32%) and very active (35%). Dietary pattern characterized by high energy, protein, total and saturated fat, and sodium intake was associated with lower %EWL, while the highest protein intake was associated with higher FFM. However, PAL presented no significant association with outcomes. Conclusion: The participants of the present study presented an unbalanced diet, with excessive intake of some macronutrients and insufficient intake of certain nutrients and fiber. The dietary pattern rich in energy, protein, total and saturated fat, and sodium seems to interfere on excess weight loss, while protein intake appears to contribute to better fat-free mass. Yet, physical activity practice was not associated to weight loss or fat-free mass.