Dissertação de Mestrado em Cuidados Continuados e Paliativos apresentada à Faculdade de Medicina Abstract: In 2014, the RNCCI recorded the admission of 1.070 patients in Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, EPE (CHUC). However, the process of admission of these patients in the RNCCI took place after a high standby time between their request for referral and the physical placement.My daily experience as a worker in CHUC Intermediate Management Unit led me to consider relevant this problem, focusing on understanding and specifying the conditions and time between the request for referral and the physical placement of the patients in the RNCCI, looking for identifying the underlying social and clinical causes as well as their impact on the CHUC services, and the professionals’ perception directly involved in this kind of study. This perception is mainly about the delay of RNCCI, the consequences to the clinical Units and the suggestions that can minimized or solve this problem. Material and Methods: This is a quantitative and qualitative retrospective study which includes inpatients from Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, Pole Hospitais Universidade de Coimbra, which were referred and admitted in RNCCI during all year 2016. Professionals from medical specialties services and from Social Service were also included. Documental analysis was the instrument adopted for data collection in particular the patients’ reference forms for the RNCCI. Interviews were the other adopted instrument and were conducted to the health professionals - which develop their activities in the clinical services - in a semi-structured way. Results: In 2016, the patients’ hospitalized at the HUC pole of the CHUC called to the RNCCI, were gender similar, the most of them belong to the age group between 80-89 years (36,8%), live-in the district of Coimbra (69,3%), have the 1st cycle (44,1%), and were retired (87,4%). The main causes of hospitalization were bone fracture (19,3%), stroke (18,4%) and cancer (16,9%), correspondent to the orthopedics, internal medicine, and neurology services. These patients were mainly admitted in convalescence units (42,4%), most of them due to their dependency of ADLs (57,1%). It is a population that mostly cohabits with their close family (69,3%), which provides them the basic support. Some of these patients experience social problems, such as alcoholic habits, aggressive behaviors, and low incomes, among others. Their caregivers are in some situations elderly, sick, tired and with little or no willingness to support them, such as the sons. The patients who were called for RNCCI had a mean delay of 31,2 days, while the overall mean of the HUC pole was only 8,6 days, which means an increase of 22,6 days in the referenced patients. The main reasons for this delay are the lack of units’ internment vacancies, the overcome of patients who need these units, as well as the infections and reinfections while patients are waiting for a vacancy. The impact is clearly negative, leading to a bigger exposure of patients to infectious and non-infectious diseases, making it impossible hospitalize new acute patients, among others. When asked about this issue, various interlocutors said that the solutions undergo the increase of the number of nursing homes with social security agreements, the creation of more efficient community responses, and the increase of agility in the process of patients' entry into the RNCCI. Concerning CHUC, the proposed solutions include the creation of a rear-supervision unit to accommodate these patients while they are waiting for vacancies and home hospitalization solutions. Conclusions: It appears that the delay in admission to RNCCI was mainly due to the inability of the network to deal with patients’ needs, the increase of patients who need admission to the RNCCI, and the infections and reinfections suffered during the waiting period. The results of this negative impact are a very significant increase in the average hospital delay (+22,6 days), higher infection risk, and the impossibility of hospitalizing new patients with acute illness or the obligation to hospitalize them outside the suitable service. The main solutions identified to solve this problem are mainly extrinsic to CHUC - increasing the number of nursing homes and community responses adapted to this type of patients, but also intrinsic – the creation of a "rear-internment unit” to accommodate these patients while they are waiting for a vacancy and a home hospitalization unit. Resumo: No Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, EPE (CHUC), registou-se em 2014 a admissão de 1.070 doentes na RNCCI. Contudo, a concretização da entrada destes doentes na RNCCI efetuou-se após um elevado tempo de espera entre a sua referenciação e colocação. Pensamos ser pertinente compreender as condições e o tempo que medeia entre o pedido de referenciação e a colocação dos doentes na RNCCI e as perceções dos profissionais envolvidos neste tipo de processos, relativamente aos fatores que originam o atraso na RNCCI, às consequências que tal atraso acarreta para os Serviços clínicos e às propostas e/ou sugestões capazes de minimizar ou resolver este problema. Material e Métodos:Trata-se de um estudo quantitativo e qualitativo de caracter retrospetivo, que envolve os doentes internados nos Serviços do Pólo HUC do CHUC referenciados e admitidos na RNCCI durante o ano de 2016, bem como os profissionais dos Serviços de especialidades médicas e do Serviço Social do CHUC. Este estudo teve como instrumento de colheita de dados a análise documental, nomeadamente dos formulários de referenciação dos doentes para a RNCCI e a realização de entrevistas semi-estruturadas. Resultados: Os doentes internados no Pólo HUC do CHUC referenciados para a RNCCI em 2016, revelaram ser similares em termos de género e, maioritariamente, pertencer à faixa etária dos 80-89 anos (36,8%), residir no distrito de Coimbra (69,3%), possuir o 1º Ciclo (44,1%) e estar reformados (87,4%). As principais causas de internamento foram a fratura óssea (19,3%), o AVC (18,4%) e a doença oncológica (16,9%), tendo ocorrido predominantemente nos Serviços de Ortopedia, Medicina Interna A e Neurologia. Estes doentes foram admitidos maioritariamente em Unidades de Convalescença (42,4%), devido sobretudo à situação de dependência na realização das suas AVD’s (57,1%). Trata-se de uma população que maioritariamente coabita com a família natural (69,3%), seu principal cuidador, que lhes presta um bom apoio, em particular a nível alimentar. Alguns destes doentes vivenciam problemas sociais, como hábitos alcoólicos, comportamentos agressivos e baixos rendimentos, entre outros. O seu cuidador é nalgumas situações idoso, doente, cansado e com pouca ou nenhuma disponibilidade para apoiar o doente, tal como os filhos. Os doentes analisados que foram referenciados para a RNCCI, registaram uma demora média de 31,2 dias, enquanto que a média global do Pólo HUC é de apenas 8,6 dias, traduzindo um acréscimo de mais 22,6 dias nos doentes referenciados. Os principais motivos deste atraso na admissão na RNCCI, são a insuficiência de vagas de internamento nas suas Unidades, o excesso de doentes que delas necessitam, bem como as infeções e reinfeções registadas enquanto aguardam vaga. O impacto daqui resultante é claramente negativo originando uma maior exposição dos doentes a complicações infeciosas e não infeciosas, impossibilitando o internamento de novos doentes agudos, entre outros. Na opinião dos diversos interlocutores inquiridos, as soluções para este problema passam, ao nível externo, pelo aumento do número de lares de idosos com acordos com a Segurança Social, pela criação de respostas comunitárias mais eficientes, pelo aumento do número de Unidades e ECCI’s da Rede e ainda por uma maior agilidade no processo de ingresso dos doentes na RNCCI. A nível do CHUC, as soluções apontadas passam pela criação de uma Unidade de internamento de retaguarda para acolher estes doentes enquanto aguardam vaga e por soluções de Hospitalização Domiciliária. Conclusões: Verifica-se que o atraso da admissão na RNCCI resultou essencialmente da incapacidade da Rede para fazer face às necessidades dos doentes, do aumento do número de doentes que nela necessitam de ingressar e das infeções e reinfeções de que foram vítimas durante o tempo de espera. Trata-se de um impacto negativo que originou um aumento muito significativo da demora média hospitalar (+22,6 dias), maiores riscos infeciosos para o doente e impossibilidade de internar novos doentes com doença aguda ou obrigatoriedade de os internar fora do Serviço de origem. As principais medidas identificadas para solucionar este problema são essencialmente extrínsecas ao CHUC - aumento do número de lares de idosos convencionados e de respostas comunitárias adaptadas a este tipo de doentes, mas também intrínsecas – criação de uma Unidade de Internamento “de Retaguarda” para acolher estes doentes enquanto aguardam vaga e de uma Unidade de Hospitalização Domiciliária.