Conforme os sistemas de inteligência artificial vão obtendo mais e mais investimentos e sendo desenvolvidos rapidamente para aplicações em diferentes setores e segmentos, e conforme vão ganhando alta popularidade entre o público em geral, a sua utilização demanda comedimento, atenção e pesquisa. Apesar de haver muitos benefícios no seu uso, temos acompanhado a expressão de preocupação por parte da comunidade científica, de intelectuais, ativistas e coletivos com relação à potencialidade igualmente danosa que esses sistemas computacionais apresentam para a sociedade. Pesquisas feitas em diferentes países têm mostrado como padrões de comportamento humano de exclusão e violência, tais como práticas de racismo e sexismo, têm se repetido nas soluções dadas por algoritmos em vários tipos de serviços informacionais, numa prova de que as ferramentas e o espaço digital podem ser igualmente coloniais. Também tem sido possível observar que o cotidiano linguageiro, textual e cognitivo da maior parte da população urbana global tem sido determinado pela sua relação com os algoritmos e sistemas de IA criados e mantidos pelas grandes corporações da área digital ou big techs. Nesse contexto, a partir de um olhar crítico sobre processos de produção de sentidos, este artigo tece reflexões sobre o assunto através de experimentos e da retomada de diferentes referenciais teóricos, que permitem vislumbrar problematizações discursivas, éticas e estruturais e desdobramentos sociais acerca desses sistemas. Particularmente, o texto introduz e compartilha proposições e resultados de pesquisas no campo dos estudos sobre a linguagem, e que estão documentados nos artigos submetidos para esta seção especial. Essas preciosas contribuições nos dão condição para expor o estado da arte das discussões em andamento na área, os quadros teórico-metodológicos que têm sido mobilizados e os corpora de pesquisa ou sistemas computacionais de maior interesse. Mais importante, eles nos permitem entender mais profundamente aspectos textuais, afetivos, políticos, econômicos e educacionais em torno da produção de sentidos que ocorre a partir e com algoritmos e sistemas de inteligência artificial.