Este estudo teve como objetivo geral analisar a evolução clínica e a QVRS de pacientes em Diálise Peritoneal (DP), dois anos após a primeira avaliação. Trata-se de uma pesquisa observacional, descritiva e analítica de delineamento longitudinal, realizada nos serviços de Diálise Peritoneal, no município de Ribeirão Preto, Estado de São Paulo, entre 2010 e 2012, tendo sido aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa sob número 1451/201. A primeira e a segunda etapas de coleta de dados foram realizadas pela pesquisadora, por meio de entrevistas, utilizando os instrumentos: Miniexame do Estado Mental, questionário de caracterização sociodemográfica, econômica, clínica e laboratorial e o Kidney Disease and Quality of Life. Foi realizada a análise descritiva dos dados sociodemográficos, clínicos, laboratoriais e de QVRS. Na análise da evolução da QVRS, foi utilizado o teste t pareado. Na determinação das variáveis preditoras de QVRS, foram empregados o teste t de Student e o Mann-Whitney, bem como o coeficiente de Correlação de Pearson. Na análise de sobrevivência, foram calculados o risco relativo não ajustado e o seu intervalo de confiança. Para estimar o risco de óbito, foram obtidas, também, as curvas de sobrevida pelo método de Kaplan-Meier, e na análise multivadiada, foram determinados os preditores de óbito, utilizando o modelo de riscos proporcionais de Cox. O nível de significância adotado foi de 5%. Dos 82 participantes da primeira etapa do estudo em 2010, na etapa de 2012 houve perda de seguimento de sete pacientes, 18 foram excluídos da avaliação da QVRS, e 23 tiveram como desfecho o óbito. Portanto 34 pacientes tiveram a QVRS reavaliada, em 2012. A maioria era mulher 21; (61,8%), idosa 19 (55,9%), com cor da pele branca 25 (73,5%), morava com o companheiro 25 (73,5%), aposentada 25 (73,5%), hipertensa 33 (97,1%), estavam em Díalise Peritoneal Ambulatorial Contínua (DPAC) 18 (52,9%), apresentavam níveis de hemoglobina 25; (73,5%) e produto cálcio/fósforo 29 (85,3%) normais e de paratormônio 24 (70,6%) alterados. O número de comorbidades e de complicações aumentou de 2,8 e 4,3 para 3,2 e 5,1, respectivamente. No período, o número médio de peritonites foi de 1,0 episódio, e a média de internações foi de 1,6 vez. Em relação à QVRS, após dois anos da primeira avaliação, os pacientes que permaneceram em DP apresentaram piora, nos escores médios do Funcionamento físico e Dor e melhora no Bem-estar emocional. As variáveis preditoras de piora da QVRS no Funcionamento físico foram a idade avançada e os maiores números de comorbidades e de complicações; esta última também foi preditora de piora da QVRS na dimensão Dor, enquanto o menor número de peritonite foi preditor de melhora na dimensão Bem-estar emocional. Sobre a análise de sobrevivência, o risco aumentado para o desfecho óbito e/ou menor sobrevida se relacionou com ter diabetes, ter quatro comorbidades ou mais, estar em DPAC, ter escore de QVRS na dimensão Funcionamento físico menor que 50. Conclui-se que a QVRS piorou nas dimensões Funcionamento físico e Dor e melhorou para o Bem-estar emocional, dois anos após a primeira avaliação. A pior QVRS, especificamente na dimensão Funcionamento físico, pôde ser considerada preditora de óbito This study aimed to analyze the clinical evolution and HRQoL of patients under peritoneal dialysis (PD) two years after the first assessment. This is a longitudinal observational descriptive and analytical study performed in the Peritoneal Dialysis services in Ribeirão Preto, São Paulo state, between 2010 and 2012, previously approved by the Research Ethics Committee under number 1451/201. The first and second stages of data collection were performed by the researcher through interviews, using the following instruments: Mini Mental State Examination a questionnaire with sociodemographic, economic, clinical and laboratory data and the Kidney Disease and Quality of Life .A descriptive analysis of demographic, clinical, laboratory, and HRQoL data was performed. The paired t test was used for the analyzis of the HRQoL evolution. In order to determine the predictors of HRQoL, the Student\'s t test, the Mann-Whitney\'s test, and the Pearson\'s correlation coefficient were used. For the survival analysis, the unadjusted relative risk and its confidence interval were calculated. The risk of death was estimated through the Kaplan-Meier\'s survival curves. The predictors of death were determined by multivariate analysis through Cox proportional hazards model. The level of significance adopted was 5%. Out of the 82 participants in the first stage of the study in 2010, seven had been lost to follow in the 2012 step, 18 were excluded from the assessment of HRQoL and 23 had died. Therefore, 34 patients had HRQoL reassessed in 2012. Most were women 21 (61.8%), elderly 19 (55.9%), caucasian 25, (73.5%) lived with a partner 25, (73.5%), retired 25 (73.5%), hypertensive 33 (97.1%), under Continuous Ambulatory Peritoneal Dialysis (CAPD) 18 (52.9%), with normal hemoglobin 25 (73.5%) and calcium-P product levels 29 (85.3%) and altered parathyroid hormone levels 24 (70.6%). The number of comorbidities and complications increased from 2.8 and 4.3 to 3.2 and 5.1, respectively. During the follow-up period, the average number of peritonitis episodes was 1.0, and the average number of hospitalizations was 1.6. Regarding HRQoL, two years after initial assessment, patients who remained on PD had worse mean scores of Physical functioning and Pain and better Emotional well- being. The predictors of worsening HRQoL Physical functioning were older age and greater numbers of comorbidities and complications. A greater number of complications was also a predictor of worsening HRQoL Pain, whereas a lower number of peritonitis episodes was predictive of improvement in the Emotional well- being dimension. On the survival analysis, the increased risk for the outcome of death and/or shorter survival was associated with having diabetes, having four or more comorbidities, being under CAPD and having a HRQoL score smaller than 50 in the Physical functioning dimension. It was concluded that HRQoL was worse in the Physical functioning and Pain dimensions and improved in the Emotional well-being dimension two years after the first assessment. Worse HRQoL, specifically in the Physical functioning dimension, was a predictor of death