Projeto de Graduação apresentado à Universidade Fernando Pessoa como parte dos requisitos para obtenção do grau de Licenciada em Terapêutica da Fala O bom funcionamento do Sistema Estomatognático (SE) prende-se com uma harmonia entre as funções e a forma das estruturas orofaciais, o que justifica a importância de estudar a influência dos hábitos orais não fisiológicos, da respiração e da oclusão dentária nas alterações de fala, particularmente em crianças em idade pré-escolar (Frias et al., 2004; Martinelli et al., 2010; Costa, 2012; Hitos et al., 2013). Assim os objetivos da presente investigação passaram por averiguar a relação entre fatores sociodemográficos (idade e sexo) e a presença de alterações de fala, hábitos orais não fisiológicos, da respiração oral e oclusão dentária; averiguar a relação entre fatores de risco e presença de hábitos orais não fisiológicos e alterações de fala; analisar a relação existente entre hábitos orais não fisiológicos, respiração oral e oclusão dentária na fala. Trata-se de um estudo quantitativo de carácter transversal, no qual foram avaliadas 62 crianças com idades compreendidas entre os 36 e os 78 meses. Para a recolha de dados, foram utilizados os intrumentos: Questionário Sociodemográfico e de Caracterização dos Hábitos Orais, Teste Fonético-Fonológico - Avaliação da Linguagem Pré-Escolar (TFF-ALPE) (Mendes et al., 2013) e Ficha de Caracterização da Respiração e Oclusão Dentária. O tratamento de dados foi realizado com recurso ao Statistical Package for the Social Sciences, versão 23. Inicialmente procedeu-se à análise descritiva no sentido de caracterizar a amostra no que concerne aos dados sociodemográficos e, para o estudo correlacional, realizou-se o coeficiente de correlação de Spearman, para a comparação de dois grupos independentes o teste do qui-quadrado, bem como o teste de Mann-Whitney e Kruskal-Wallis para analisar diferenças entre os grupos. Nesta população os hábitos orais não fisiológicos estiveram presentem em 95,2% da amostra, a má oclusão dentária em 45,2%, a respiração oral em 6,5% e as alterações de fala em 40,3%. A má oclusão e as alterações de fala foram mais prevalentes no género feminino, enquanto os hábitos orais não fisiológicos e a respiração oral foram mais prevalentes no género masculino. No entanto, os hábitos orais não fisiológicos, a má oclusão e as alterações de fala foram mais prevalentes na faixa etária dos três anos enquanto a respiração oral foi entre os três e os quatro anos. Neste estudo, as alterações de fala foram também mais prevalentes na respiração nasal e quando a escolaridade dos progenitores era o Ensino Secundário ou Técnico-Profissional. Quanto às váriaveis em estudo, verificou-se que a idade influenciou as alterações de fala e a oclusão, enquanto o género influenciou a respiração. A oclusão e a onicofagia foram variavéis que tiveram impacto nas alterações de fala, ao contrário dos tipos de respiração. Também se encontraram diferenças estatísticas entre alguns hábitos e tipos de má oclusão, nomeadamente entre a presença dos hábitos de chupeta e de onicofagia com a MAP bilateral e com a oclusão, respetivamente. Verificou-se ainda uma influência da frequência da chupeta na MAP bilateral e da frequência da sucção digital na MCA e na MCA no incisivo direito. Quanto à duração dos hábitos, existiu uma influência do tempo de chupeta na MAA e na MAP bilateral, assim como entre o tempo de sucção digital e a MCA e a MCA no incisivo direito. Todavia, não se verificaram diferenças estatísticas entre a presença de hábitos orais e os tipos de respiração com a oclusão mas, elas existiram entre a respiração e o tempo do hábito de sucção da bochecha. Em suma, as alterações de fala não foram influenciadas pelos hábitos orais nem pelos tipos de respiração mas sim pela oclusão dentária. The proper functioning of the Stomatognathic System (SS) relates to a harmony between function and form of orofacial structures, which explains the importance of studying the influence of non-physiological oral habits, breathing and dental occlusion in speech disorders, particularly in children of preschool age (e.g. Frias et al., 2004; Martinelli et al., 2010; Costa, 2012; Hitos et al., 2013). Thus the objectives of this research have undergone ascertain the relationship between socio-demographic factors (age and sex) and the presence of speech disorders, non-physiological oral habits, mouth breathing and dental occlusion; ascertain the relationship between risk factors and the presence of non-physiologic oral habits and speech disorders; analyze the relationship between non-physiologic oral habits, mouth breathing and dental occlusion in speech. It is a tranvesal quantitative study that evaluated 62 children aged between 36 and 78 months. For data collection, were used the following instruments: sociodemographic questionnaire and characterization of oral habits, Phonetic-Phonological test - Assessment of Preschool Language (TFF-ALPE) (Mendes et al., 2013) and breath and dental occlusion characterization data sheet. Data processing was performed using the Statistical Package for Social Sciences, version 23. Initially proceeded to the descriptive analysis in order to characterize the sample in relation to sociodemographic data and to study the correlation were used the Spearman correlation test, for the comparison of two independent groups the chi-square test, and the Mann-Whitney and Kruskal-Wallis test to analyze differences between groups. In this population the non-physiological oral habits were present in 95.2% of the sample, dental malocclusion in 45.2%, mouth breathing at 6.5% and speech disorders in 40.3%. The malocclusion and speech disorders were more prevalent in females, while non-physiological oral habits and oral breathing were more prevalent in males. However, not physiological oral habits, malocclusion and speech disorders were more prevalent in the age group of three years while the mouth breathing was between three and four years. In this study, speech disorders were also more prevalent in nasal breathing and when the educational level of the parents was the secondary education or technical and Vocational. As the variables under study, it was found that age influenced the changes of speech and the occlusion, while the gender influenced breath. The occlusion and onychophagy are variables that have an impact on the speech, unlike the breath types. However, statistical differences were also found between certain habits and types of malocclusions, particularly between the presence of the pacifier habits and onychophagy with bilateral occlusion and posterior open bite, respectively. There was also an influence of the frequency of pacifier in bilateral posterior open bite and frequency of digital sucking in anterior crossbite and anterior crossbite in the right incisor. Relatively, to the duration of habits, there was an influence of pacifier time in anterior open bite and bilateral posterior openbite, as well as between the digital suction time and the anterior crossbite and the anterior crossbite in right incisor. However, there were no statistical differences between the presence of oral habits and the types of breath with occlusion but they existed between the breath and the time of the cheek sucking habit. In short, speech disorders were not influenced by oral habits or by types of breathing but by the dental occlusion.