O artigo objetiva relacionar os conceitos de moralidade, autonomia e justiça, à luz da Psicologia Moral de Jean Piaget (1896-1980). A construção da moralidade é discutida pelo vínculo entre os domínios cognitivo, social e afetivo para compreender a noção de justiça. Apresenta tipos diferenciados de justiça relacionados à heteronomia ou autonomia, reconhecendo na obra de Constance Kamii (1931-), importantes contribuições ao estudo da autonomia, para desenvolver o valor sociomoral de justiça no contexto escolar. De natureza qualitativa, a revisão bibliográfica apresenta posições de pesquisadores no aporte da Epistemologia Genética. Como resultado, enfatiza que a noção de justiça é complexa, de difícil construção dado o nível de abstração requerido e deve ser relacionada aos demais aspectos do desenvolvimento da criança e do adolescente: cognição, afetividade e relações sociais. Conclui-se como implicação pedagógica para o desenvolvimento da noção de justiça que é necessário um trabalho coletivo, construtivo, inter-relacional e que tome por base a noção de respeito mútuo e reciprocidade de relações. Indica-se que há relação entre noção de justiça e moral autônoma, visto que à moralidade autônoma corresponde um senso de justiça mais complexo, coletivo e atinente à ética do bem comum.