Antônio José Rodrigues Pereira, Ricardo Zugaib Abdalla, Silvia Kobayashi, Fábio Augusto Rodrigues Goncalves, Evelinda Trindade, Ivan Cecconello, Ulysses Ribeiro Junior, Rubens Antônio Aissar Sallum, Flávio Takeda, Júlio Mariano da Rocha, Marcos de Oliveira Tacconi, Ulysses Ribeiro Júnior, Osmar Kenji, Antonio Rocco Imperiale, Marcus Kodama, Caio Sérgio Nahas, Guilherme Cotti, Carlos Frederico Sparapam Marques, Diego Fernandes Maia Soares, Alexandre Silva e Silva, João Paulo Mancusi de Carvalho, Marco Aurélio Kulcsar, William Carlos Nahas, Rafael Coelho, Anuar Ibrahim Mitre, José Roberto Colombo, Claudio Bonovolenta Murta, Daher Cezar Chade, Luiz Carlos Neves de Oliveira, José Pontes Junior, Adriano João Nesrallah, Guilherme Philomeno Padovani, Marcelo Bento Linhares, Matheus Chaib, Daniel Kanda Abe, Ricardo M Terra, Paulo Pego, Pedro Henrique Xavier Nabuco de Araujo, Letícia Leone Lauricella, and Herbert Felix Costa more...
Introdução O Ministério da Saúde, MS, vem adquirindo inovações promissoras e controvertidas e as testando mediante estudos controlados em polos de referência da Rede SUS. Apresenta-se o exemplo da aquisição de um robô cirúrgico visando avaliar segurança, efetividade e sua relação de custo-efetividade em um UNACON. Métodos Estudo controlado randomizado por blocos conforme os tipos de cirurgia de câncer contratualizados pelo MS nas especialidades de gastroenterologia, ginecologia, cirurgias de cabeça e pescoço, urologia e pneumologia. Casuística: portadores de neoplasias com indicação cirúrgica e elegíveis para as três técnicas cirúrgicas em estudo, i.e., cirurgia aberta, videolaparoscopia e videolaparoscopia robótica, informados e concordaram com o protocolo assinando o TCLE, foram randomizados. O protocolo delineado (NCT02292914/ ClinicalTrials.gov) foi executado segundo as Diretrizes Metodológicas/Avaliação Econômica do MS, com micro-custeio operacional. Os custos de treinamento, de aquisição de capital, de manutenção etc. e custos indiretos, foram excluídos. Instrumentos validados foram usados para comparar benefícios funcionais e qualidade de vida por 36 a 60 meses. Resultados Oito cirurgias de câncer foram avaliadas em 783 pacientes randomizados, (4 de gastroenterologia, 1 ginecologia, 1 de cabeça e pescoço, 1 urologia, e 1 pneumologia) nos 3 Grupos: Robô (n = 421), Videolaparoscopia (n = 173) e Convencional-Aberta (n = 189), Idade Média±DP de 62±9 anos e IMC 27,6±5,4 kg/m2, no ICESP/HCFMUSP entre 2014 e 2021, com impacto da pandemia COVID no seguimento. A distribuição absoluta dos custos dos controles (laparoscópicos, exceto prostatectomias vs. cirurgia aberta) e das diferenças médias incrementais pela robótica e desvios de dias de internação no período pós-operatório e de custos totais foi de Esofagectomias (R*n=21) -3,6 dias de internação e incremento de R$ 15.691,08± R$ 4.252,56 comparado aos 22/lap internados por 20,3±7,4 dias e custo de R$ 50.998,44± R$ 14.601,45; Gastrectomias (*n=20) -0,2 dias e incremento de R$ 14.644,03± R$ 1.758,44 vs. 24/ lap com 11,5±4,1 dias e custaram R$ 22.303,28± R$ 5.526,34; Reto (*n=24) -1,1 dias e mais R$ 7.642,08± R$ 1.959,34 vs. 24/lap com 10,0±2,5 e custo R$ 24.997,87± R$ 5.296,93; Pancreatectomias (*n=29) com 7,8±1,2 dias de internação e custaram R$ 23.901,79± R$ 3.785,65 sem controles; Histerectomias (R*n=43) com +0,1 dia adicionou R$ 9.141,37± R$ 744,27 vs. 42/lap com 3,3±1,3 dias e custo de R$ 22.025,58± R$ 10.054,45; Cabeça & Pescoço (*n=36) -2,5 e incrementou R$ 1.631,66± R$ 1.530,95 vs. 55/videolap com 7,3±5,4 dias e custo R$ 18.463,00± R$ 8.872,60; Prostatectomias (*n=169) -0,7 dias e mais R$ 9.660,99± R$ 3.305,69 que as 167/abertas com 3,7±0,9 dias e custo de R$ 8.989,73± R$ 1.909,38; e, Lobectomias pulmonares (R*n=43) -0,3 dia economizaram -R$ 420,60± R$ 2.602,66 vs. 40/lap que permaneceram 6,0±3,1 dias e custaram R$ 34.103,60± R$ 2.112,03, respectivamente. Não houve complicações maiores ou mortalidade relacionadas às cirurgias nos braços estudados. A qualidade de vida e escores funcionais tenderam a ser melhores até 12 meses e foram similares no seguimento extendido. Discussão e conclusões Embora com ganhos estruturais, trabalhistas, ensino e pesquisa, este estudo corroborou a controvérsia internacional sobre os modestos benefícios da robótica no local para os pacientes. Atualmente, o custo de materiais descartáveis e monopólio da empresa o tornam pouco sustentáveis no SUS. more...