O presente trabalho teve como objetivo: 1. Determinar o efeito de diferentes tamanhos de células de cria de operárias (favos novos construídos naturalmente por abelhas Africanizadas e européias e favos velhos) sobre o peso e variabilidade morfológica das abelhas operárias emergentes em colônias de abelhas (Apis mellifera); 2. Examinar a influência das células de operárias de menor tamanho do favo velho em relação às células novas construídas por abelhas Africanizadas e às células de operárias construídas por abelhas européias (italianas e cárnicas) sobre a infestação e reprodução do ácaro Varroa jacobsoni. O trabalho foi todo realizado no Departamento de Genética da FMRP-USP em Ribeirão Preto. Foram utilizadas colônias de abelhas africanizadas do próprio apiário experimental (N=8). Foram usados neste experimento quatro tipos de favos: favo africanizado novo (FAFn), favo italiano novo (FITn), favo cárnico novo (FCAn) e favo velho africanizado (FVE) com as paredes das células engrossadas por efeito de muitas gerações de abelhas emergidas. Um total de três medidas foram feitas nas células de operárias de cada favo: diâmetro da célula (DC), profundidade da célula (PC) e peso da abelha emergente (PA). O volume da célula (VC) foi calculado a partir do DC e da PC. As abelhas, uma vez pesadas, foram posteriormente preservadas em solução de álcool a 70%. As seguintes medidas morfométricas foram tomadas sobre cada abelha individual e sobre a asa anterior direita: Comprimento e Largura total da asa anterior direita. Investigamos os índices de infestação e as taxas de reprodução do ácaro nos quatro tipos de favos com diferentes células de crias de operárias, para verificar possíveis variações na infestação entre os favos estudados. Para as dimensões das células (DC, PC e VC), entre o favo FVE e os novos (FAFn, FITn e FCAn), observou-se de maneira geral que o DC e VC foram as medidas que apresentaram diferenças notáveis entre os diferentes favos. Comparando-se os diâmetros das células de cria entre os favos estudados, percebe-se uma média menor para as células do FVE (4.56 mm) e médias maiores para as células dos favos FITn (5.13 mm) e FCAn (5.27 mm); sendo diferentes estatisticamente (p< 0.001, One-Way ANOVA). Em relação à PC a situação foi inversa, percebe-se que a PC construída pelas operárias a partir da cera alveolada (FITn) foi de 11.62 mm e a PC em favos construídos por operárias cárnicas (FCAn) foi de 11.64 mm, sendo inferiores às do FVE (12.22 mm). As médias dos volumes dos diferentes tipos de alvéolos estudados mostram uma média menor para as células do FVE (220.12 mm3) e médias maiores para os FITn (264.82 mm3) e FCAn (279.59 mm3); sendo diferentes estatisticamente (p< 0.001, One-Way ANOVA). Os resultados indicaram que as abelhas compensaram a menor ou maior largura da célula ao produzir células com maior ou menor profundidade respectivamente. Das asas analisadas, as operárias do FVE apresentaram menor comprimento (9.10 mm), enquanto que esses comprimentos foram bem maiores nas operárias do favo FAFn, FITn e FCAn sendo 9.26 mm, 9.32 mm e 9.32 mm respectivamente. Em relação à largura da asa, encontramos também que as operárias do FVE apresentaram menor largura (3.31 mm), sendo essas medidas maiores nas operárias dos favos novos FAFn, FITn e FCAn (3.43 mm, 3.49 mm e 3.46 mm respectivamente). O comprimento e largura da asa anterior direita das abelhas emergentes diferiram estatisticamente entre os quatro tipos de favos estudados (p= 0.014 e p= 0.003 respectivamente, One-Way ANOVA). Comparando-se o peso médio das operárias ao nascer, entre os diferentes tipos de células de crias do FVE (88.12 mg), FAFn (92.67 mg), FITn (95.82 mg) e FCAn (96.89 mg) percebe-se que ocorre um acréscimo no peso à medida que o tamanho da célula é aumentado. A comparação do peso das operárias mostrou que ocorrem diferenças altamente significantes em nível de 5% de probabilidade entre os diferentes favos de cria (p