Um patrimônio decolonial é possível?: Um estudo sobre a cidade de Gravataí/RS

This article addresses reflections on the conception of heritage used in our society, articulating the theme with the concept of decoloniality, based on the study of Gravataí, a city in the metropolitan region of Porto Alegre, Rio Grande do Sul. The municipality has its origin marked by the occupation of indigenous peoples, followed by a process of expulsion, expanding the Portuguese community, which brought with it enslaved people of African origin. However, the processes of patrimonialization of municipal assets have as ballast the exaltation of the Portuguese heritage and the seal of an authorized discourse of heritage, which legitimizes a hegemonic perspective on the past. This situation makes it possible to question the possibility of a decolonial heritage within the Brazilian context.
Este artigo aborda reflexões acerca da concepção de patrimônio utilizada em nossa sociedade, articulando o tema com o conceito de decolonialidade, a partir do estudo de Gravataí, cidade da região metropolitana de Porto Alegre, Rio Grande do Sul. O munícipio tem sua origem marcada pela ocupação de povos indígenas, seguida por um processo de expulsão, ampliando a comunidade lusitana, que trouxe consigo pessoas escravizadas de origem africana. Todavia, os processos de patrimonialização dos bens municipais têm como lastro o enaltecimento da herança portuguesa e a chancela de um discurso autorizado do patrimônio, que legitima uma perspectiva hegemônica sobre o passado. Tal conjuntura torna-se propícia para questionar a possibilidade de um patrimônio decolonial dentro do contexto brasileiro.