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Efeitos da suplementação alimentar no comportamento de bugios-ruivos (Alouatta guariba clamitans)

Authors :
Bicca-Marques, Júlio César
Bicca-Marques, Júlio César
Publication Year :
2018

Abstract

Estudos sobre a influência da suplementação alimentar no comportamento de primatas têm enfocado em espécies terrestres e semiterrestres. Seus efeitos em primatas altamente arborícolas são pouco conhecidos. Investigamos se e como a utilização de alimentos suplementados afeta o comportamento alimentar e o tempo investido nas atividades diárias de dois grupos de bugios-ruivos (JA e RO) habitantes de fragmentos florestais periurbanos no sul do Brasil. Os três indivíduos adultos de cada grupo foram observados pelo método animal-focal durante seis a oito dias completos (amanhecer ao pôr-do-sol) por mês de março a agosto de 2017 (916 h de observação). Os eventos de alimentação do indivíduo-focal foram registrados pelo método de “todas as ocorrências”. O orçamento de atividades dos bugios, considerando um dia completo (24 h), foi dominado pelo descanso (84%-89%), seguido pela alimentação (9%-5%), locomoção (6%-4%) e comportamentos sociais (ambos 1%). A suplementação não foi oferecida uniformemente ao longo do dia e representou 6% dos eventos de alimentação de ambos os grupos. JA foi sempre suplementado em uma plataforma com frutos, enquanto RO recebeu frutos e alimentos processados sobre telhados e diretamente pelos humanos. A biomassa média (± dp) de alimento silvestre ingerida por cada adulto (g/dia) foi ca. 300% maior do que a biomassa ingerida de alimentos suplementados (JA: 406 ± 176 vs 116 ± 97; RO: 364 ± 229 vs 113 ± 108). Porém, a taxa de ingestão (g/min) foi >300% maior para os alimentos suplementados (JA: 17 ± 20 vs 4 ± 4; RO: 20 ± 29 vs 6 ± 8). A suplementação alimentar reduziu a ingestão de frutos silvestres, mas não a ingestão de folhas. A biomassa suplementada ingerida foi uma boa preditora do tempo investido em locomoção por RO e em interação social por JA. Em suma, a suplementação alimentar alterou o forrageio dos bugios e aumentou a frequência de interações afiliativas.<br />Research on the influence of food supplementation on primate behavior has focused on terrestrial and semiterrestrial species. Its effects on highly arboreal primates are poorly known. We assessed whether and how food supplementation affects the feeding behavior and activity budget of two howler monkey groups (JA and RO) inhabiting periurban forest fragments in southern Brazil. The behavior of the three adult members of each group were observed via focal-animal method for six to eight full days (dawn to dusk) per month from March to August 2017 (916 h of observation). The feeding events of the focal-individual of the day were recorded using the “all occurrences” method. The activity budget of the adults of both groups, considering a full day (24 h), was dominated by resting (84%-89%), followed by feeding (9%-5%), moving (6%-4%) and social behavior (both 1%). The supplementation was unevenly distributed during the day and accounted for 6% of all feeding events in both groups. JA always received fruit in a platform, whereas RO had access to fruits and processed foods on roofs and directly from humans. The mean (± sd) ingested biomass of wild foods by each adult howler (g/day) was ca. 300% higher than the ingested biomass of supplemented foods (JA: 406 ± 176 vs 116 ± 97; RO: 364 ± 229 vs 113 ± 108). However, the ingestion rate (g/min) of supplemented foods was >300% higher than that of wild foods (JA: 17 ± 20 vs 4 ± 4; RO: 20 ± 29 vs 6 ± 8). The supplementation reduced the ingestion of wild fruits, but not the consumption of leaves. The ingested biomass of supplemented foods was a good predictor of moving time in RO and social interactions in JA. In sum, food supplementation partially changed the selection of wild foods by howlers and increased their frequency of affiliative behaviors.

Details

Database :
OAIster
Notes :
Português
Publication Type :
Electronic Resource
Accession number :
edsoai.on1319719042
Document Type :
Electronic Resource