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O narrador recusado por Saramago
- Source :
- Estudos Semióticos, Vol 12, Iss 1 (2016)
- Publication Year :
- 2016
- Publisher :
- Universidade de São Paulo, Letras e Ciências Humanas, 2016.
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Abstract
- Este artigo foi motivado por duas declarações do escritor português José Saramago, nas quais ele rejeita a existência de um narrador não identificado com o autor. Saramago aparentemente coloca em dúvida as teorias da enunciação, que são enfáticas em separar o autor como pessoa da figura do narrador, que só teria sentido nos limites do texto. Haveria, assim, uma confusão entre o que tem natureza ontológica e o que tem natureza linguística. No entanto, um exame dessas declarações à luz de categorias semiótico-discursivas greimasianas permite inferir que ele considera a atividade do autor como um trabalho artístico. Como marxista, Saramago defende a singularidade do trabalho artístico e não admite sua cisão ou alienação. Essa negação do narrador não é um fato isolado no posicionamento crítico de Saramago, mas faz parte da estratégia discursiva por ele adotada. Baseado na ideia de que a negação é essencialmente revolucionária, ele contesta o automatismo do discurso burguês. Para tanto, ele recria no texto ficcional situações homólogas à da história, marcadas pela imprevisibilidade, já que os fatos, ficcionais ou não, não se explicam a si mesmos, mas são resultado de uma complexa correlação de forças postas em jogo no cenário social.
Details
- Language :
- English, Spanish; Castilian, French, Italian, Portuguese
- ISSN :
- 19804016
- Volume :
- 12
- Issue :
- 1
- Database :
- Directory of Open Access Journals
- Journal :
- Estudos Semióticos
- Publication Type :
- Academic Journal
- Accession number :
- edsdoj.fd9139be2ee74787a8df7aa740fd6f98
- Document Type :
- article