Interdisplinarity as a prescribed protocol for teamwork in family health: perception of health professionals

A Estratégia de Saúde da Família tem a redefinição do processo de trabalho com a articulação/integração de várias práticas profissionais na perspectiva interdisciplinar como um de seus principais desafios. No cotidiano de trabalho, os trabalhadores tomam decisões num confronto entre as prescrições impostas pelo meio e aquelas formuladas por eles mesmos, num processo de renormalização que se concretiza em práticas mais ou menos integradas. Conhecer os saberes oriundos dessa experiência pode contribuir para reorientar o trabalho em equipe no cotidiano dos serviços. Sendo assim, este artigo tem como objetivo analisar a interdisciplinaridade prescrita para o trabalho na Estratégia de Saúde da Família, a partir das percepções e expressões dos residentes e preceptores que participaram de um Curso de Residência Multiprofissional em Saúde da Família, na Região Sul do Brasil. Trata-se de um estudo de natureza qualitativa, realizado com 11 residentes de sete profissões de saúde e cinco preceptores. Os dados foram coletados através de entrevistas semi-estruturadas e grupo focal. A análise qualitativa seguiu os três passos sugeridos por Demo (2004): contextualização sócio-histórica, análise formal e interpretação, orientada pelo referencial teórico do processo de trabalho em saúde, da interdisciplinaridade e da ergologia. Da análise dos dados surgiram três grandes temas: Concepção de interdisciplinaridade; para acontecer o trabalho interdisciplinar; e contexto político-institucional. Concluímos que, no âmbito do que é prescrito, a interdisciplinaridade configura-se como algo contraditório e que dependeria, fundamentalmente, de atitudes individuais dos sujeitos envolvidos. No entanto, a prescrição idealizada se expressa em um cenário histórico-social que não depende só do sujeito, mas também de como ele se relaciona com o meio e com os coletivos de trabalho que lhe dão sustentação.