Saúde mental em estudantes do ensino superior: consequências da pandemia COVID-19

O atual contexto pandémico levou a diversas alterações na rotina dos estudantes de ensino superior, incluindo interrupções de aulas presenciais, implementação do ensino à distância, interrupção ou adiamento de estágios, entre outras, o que pode comprometer a saúde mental. O objetivo deste estudo foi avaliar a perceção da saúde mental em estudantes do ensino superior em tempos de pandemia COVID-19 e os fatores associados. A amostra foi constituída por 1.004 estudantes do ensino superior, com idades compreendidas entre os 18 e 51 anos (20,33±3,35), sendo 725 (72,2%) do sexo feminino. O instrumento incluiu um questionário, elaborado pelos investigadores, dividido em quatro partes: caracterização sócio-demográfica da população, prática de exercício físico, alimentação e saúde mental. Antes do confinamento, 99 (9,9%) estudantes classificaram a sua saúde mental como má e durante o confinamento 423 (42,2%) disseram que a sua saúde mental estava má (p≤0,001). As mulheres apresentaram 1,91 (IC=1,42-2,56; p≤0,001) mais probabilidades de ter uma má saúde mental e os estudantes que não praticaram exercício físico durante o confinamento tiveram 1,56 (IC=1,22-2,04; p≤0,001) mais chances de ter uma saúde mental de má qualidade. A maioria dos estudantes classificou a sua saúde mental como má durante o período de confinamento decorrente da pandemia COVID-19, sendo as mulheres e a ausência de prática de exercício físico os fatores que estiveram mais relacionados com a má saúde mental.