Anestesia total intravenosa em jabuti-piranga (Chelonoidis carbonaria) para retirada de corpo estranho

O jabuti-piranga (Chelonoidis carbonaria), espécie de quelônio, apresenta particularidades anatômicas e fisiológicas que tornam a anestesia um procedimento desafiador. Somado a isso, existem poucos relatos de casos e de protocolos anestésicos seguros a serem seguidos para esses pacientes. O presente artigo teve como objetivo relatar as técnicas e procedimentos anestésicos empregados em um exemplar de jabuti-piranga, pesando 1,71 kg, submetido a celiotomia para retirada de corpo estranho. O paciente apresentava inquieto e com sinais de dor, como vocalização e exposição de pênis há 6 meses. Na anamnese foi observado presença de secreção nasal e ruído respiratório, casco disforme e lesões superficiais. Pelo exame radiográfico foi evidenciada uma estrutura afilada radiopaca, medindo 3,3 cm de comprimento de permeio, condizente com formato de um prego. Diante do quadro, optou-se por tratamento cirúrgico. Como medicação pré-anestésica, fez-se o uso de metadona (0,2 mg/kg; IM) e midazolam (0,5 mg/kg; IM) e administração de propofol (7 mg/kg IV). Após relaxamento muscular, o animal foi intubado com tubo endotraqueal número 2,0 (sem cuff) e infusão contínua de propofol (0,05-0,6 mg/kg/minuto). Para analgesia foi realizado o bloqueio local com a técnica splash block em cavidade abdominal com bupivacaina 0,5% sem vasocontritor (0,7 mL) após incisão cirúrgica. Os parâmetros fisiológicos monitorados, como frequência cardíaca e respiratória, temperatura cloacal, oximetria e capnografia se mantiveram estáveis durante todo o procedimento anestésico. Ao final da anestesia foi administrado flumazenil (0,05 mL IV) doxapram (0,5mL IV) e adrenalina (0,05mL IM). O procedimento anestésico escolhido foi seguro, obteve sucesso e não houve intercorrências.