Dinâmicas do pentecostalismo evangélico no estado de Rondônia: um estudo de sociologia da religião

Sociology of religion has long been concerned with studying the relationships established between religions and state power, investigating the degree of distance or proximity between such institutions. In our research, we are concerned with analyzing how this relationship has been established in recent years in which political polarization has consolidated an extreme right-wing in Brazil. Marked by aspects such as the defense of a conservative morality, economic liberalism, and radical positions regarding quite controversial issues such as gun ownership, reduction of the age of criminal responsibility, anti-abortion, pro-traditional family, anti-feminist, and anti-LGBTQA+ discourse, such groups have gained relevance in the Brazilian social scene. Most of the time, these positions are based on God and the patriarchal social structure. The election of Jair Bolsonaro, sustained with strong evangelical support, sets a precedent for thinking that Pentecostalism would be the basis for sustaining the ideas of the Brazilian far-right. This was the initial hypothesis of this research, which triggered a study on religion and politics in the region with the highest proportion of Pentecostals in Brazil. Rondônia, one of the youngest states in the federation, formed by the miscegenation of Brazilians coming from various regions of the country, is the place with the most Pentecostal population in Brazil, according to data from the 2010 census of the Brazilian Institute of Geography and Statistics (IBGE). The religious option is also reflected in the political option, as the governor and the most voted senator in the 2018 elections are avowedly Pentecostal. In addition, 5 of the 8 federal deputies express close relations with conservative Christian precepts. However, there is no adherence to all the ideas of the extreme right by these political leaderships. Making use of methodologies that mix quantitative and qualitative data analysis, we used data produced by IBGE and information collected in the field through questionnaires applied to Pentecostals. We also carried out an analysis of the social networks of political leaders and interviews with social and religious leaders, through which we demonstrated the socio-political articulations around common themes such as economic, moral, and religious agendas. Thus, we analyze the paths taken by Pentecostalism in its expansion and performance in the spaces of power in the State of Rondônia. This thesis defends the idea that the Pentecostal precepts are not the same as those defended by the extreme right; there are convergent points, but there are also divergences. The distancing from the ideas defended by the left on issues such as abortion, weapons, feminism, and defense of the LGBTQA+ cause, led to a rapprochement with the extreme right, in addition to the opportunity to ascend to federal power. However, because there is no common ground, it is possible that in the near horizon there will be dissociation of this link between Pentecostals and far-right politics. A sociologia da religião há muito se preocupa em estudar as relações estabelecidas entre as religiões e o poder do Estado, investigando o grau de distância ou de proximidade entre tais instituições. Em nossa pesquisa, estamos preocupados em analisar a forma como esta relação tem se estabelecido nos últimos anos em que a polarização política consolidou uma extrema-direita no Brasil. Marcados por aspectos como a defesa de uma moralidade conservadora, pelo liberalismo econômico e por posicionamentos radicais referentes a temas bastante polêmicos como porte de armas, redução da maioridade penal, discurso anti-aborto, pró-família tradicional, antifeminista e anti-LGBTQA+, tais grupos ganharam relevância no cenário social brasileiro. Na maioria das vezes, estas posições baseiam-se em Deus e na estrutura social patriarcal. A eleição de Jair Bolsonaro, sustentada com forte apoio evangélico, abre precedente para pensar que o pentecostalismo seria a base de sustentação das ideias da extrema-direita brasileira. Essa foi a hipótese inicial desta pesquisa, que desencadeou um estudo sobre a religião e a política na região com maior proporção de pentecostais do Brasil. Rondônia, um dos estados mais jovens da federação, formado pela miscigenação de brasileiros vindos de diversas regiões do país, é o local com a população mais pentecostal do Brasil, de acordo com os dados do censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 2010. A opção religiosa se reflete também na opção política, pois o governador e o senador mais votado nas eleições de 2018 são declaradamente pentecostais. Além disso, 5 dos 8 deputados federais expressam relações próximas com os preceitos cristãos conservadores. No entanto, não há adesão a todas as ideias da extrema-direita por parte dessas lideranças políticas. Valendo-se de metodologias que mesclam análises de dados quantitativos e qualitativos, utilizamos dados produzidos pelo IBGE e informações levantadas em campo através da aplicação de questionários com os pentecostais. Realizamos, também, análise das redes sociais das lideranças políticas e entrevistas com líderes sociais e religiosos, através dos quais demonstramos as articulações sócio-políticas em torno de temas comuns como pautas econômicas, morais e religiosas. Assim, analisamos os caminhos percorridos pelo pentecostalismo em sua expansão e atuação nos espaços de poder no Estado de Rondônia. Essa tese defende a ideia de que os preceitos pentecostais não são os mesmos defendidos pela extrema-direita; existem sim pontos convergentes, mas também existem divergências. O distanciamento das ideias defendidas pela esquerda, quanto a temas como aborto, armamento, feminismo e defesa da causa LGBTQA+, levou a aproximação com a extrema-direita, além da oportunidade de ascensão ao poder federal. No entanto, por não existir uma base comum, é possível que, em um horizonte próximo, haja dissociação dessa ligação entre pentecostais e a política de extrema-direita. São Cristóvão