O raciocínio clínico em estudantes de medicina : uma abordagem fenomenológica

Orientadora: Profa. Dra. Sonia Maria Chaves Haracemiv Tese (doutorado) - Universidade Federal do Paraná, Setor de Educação, Programa de Pós-Graduação em Educação. Defesa : Curitiba, 27/09/2021 Inclui referências: p. 180-194 Resumo: No ensino da medicina, o processo de interação entre o estudante e o paciente, na busca pelo correto diagnóstico e tratamento, exige a aplicação do raciocínio clínico por meio da relação entre diferentes elementos semiológicos e propedêuticos, quais sejam a anamnese, as técnicas de exame físico e os exames complementares. Estas diferentes ferramentas clínicas devem ser empregadas pelo estudante de forma harmônica, considerando-se ainda a necessidade de se respeitar os valores éticos e humanos que sustentam o relacionamento médicopaciente. É, portanto, de fulcral importância reconhecer e descrever como os estudantes de medicina vivenciam aquela que é a pedra angular da prática médica: o raciocínio clínico. Esta tese tem como objetivo, portanto, descrever as vivências de estudantes de medicina do 6º período de um curso médico em relação a aplicação do raciocínio clínico, seja no momento da discussão de casos clínicos em sala de aula ou em atividades práticas supervisionadas curriculares ou extracurriculares. Foi utilizado o desenho de pesquisa qualitativa, com análise fenomenológica dos dados através do método modificado de van Kaam (1959, 1966), conforme adaptado por Moustakas (1994) e fundamentada na fenomenologia transcendental de Edmund Husserl. Esta pesquisa descreve e analisa como os participantes vivenciam o raciocínio clínico e conclui que: 1) o método fenomenológico de van Kaam (1959, 1966), conforme adaptado por Moustakas (1994), se demonstrou um instrumento eficaz para descrever as vivências de estudantes de medicina em relação ao raciocínio clínico; 2) a anamnese médica é o elemento mais associado pelos participantes ao conceito de raciocínio clínico; 3) a maior dificuldade no aprendizado do raciocínio clínico é decorrente da falta de atividades em que ele possa ser praticado; 4) a pandemia da COVID-19, devido a necessidade de distanciamento social, agravou as limitações pré-existentes à prática e aprendizagem do raciocínio clínico, representadas principalmente por aulas excessivamente teóricas. Por fim, objetivando facilitar o domínio do raciocínio clínico, recomenda-se a inserção precoce e contínua dos estudantes de medicina em cenários onde possam analisar, sob supervisão, casos clínicos reais por meio da anamnese, exame físico e interpretação de exames complementares. Abstract: In medical education, the process of interaction between the student and the patient, in the search for the correct diagnosis and treatment, requires the application of clinical reasoning through the relationship between different semiological and propaedeutic elements, namely the anamnesis, the examination techniques physical examination and complementary exams. These different clinical tools must be used by the student in a harmonious way, considering the need to respect the ethical and human values that support the doctor-patient relationship. It is, therefore, of utmost importance to recognize and describe how medical students experience what is the cornerstone of medical practice: clinical reasoning. This thesis aims, therefore, to describe the experiences of medical students from the 6th period of a medical course in relation to the application of clinical reasoning, whether when discussing clinical cases in the classroom or in supervised practical curricular or extracurricular activities . The qualitative research design was used, with phenomenological data analysis through the modified method of van Kaam (1959, 1966), as adapted by Moustakas (1994) and based on the transcendental phenomenology of Edmund Husserl. This research describes and analyzes how participants experience clinical reasoning and concludes that: 1) van Kaam's (1959, 1966) phenomenological method, as adapted by Moustakas (1994), proved to be an effective tool to describe the perceptions and experiences of medical students in relation to clinical reasoning; 2) medical history is the element most associated by participants with the concept of clinical reasoning; 3) the greatest difficulty in learning clinical reasoning is due to the lack of activities in which it can be practiced; 4) the COVID-19 pandemic, due to the need for social distancing, aggravated the pre-existing limitations to the practice and learning of clinical reasoning, mainly represented by excessively theoretical classes. Finally, aiming to facilitate the domain of clinical reasoning, it is recommended the early and continuous insertion of medical students in scenarios where they can analyze, under supervision, real clinical cases through anamnesis, physical examination and interpretation of complementary exams. Resumen: En la educación médica, el proceso de interacción entre el estudiante y el paciente, en la búsqueda del correcto diagnóstico y tratamiento, requiere la aplicación del razonamiento clínico a través de la relación entre diferentes elementos semiológicos y propedéuticos, a saber, la anamnesis, técnicas de exploración, exploración física y exámenes complementarios. Estas diferentes herramientas clínicas deben ser utilizadas por el alumno de manera armónica, considerando la necesidad de respetar los valores éticos y humanos que sustentan la relación médico-paciente. Por tanto, es de suma importancia reconocer y describir cómo los estudiantes de medicina experimentan cuál es la piedra angular de la práctica médica: el razonamiento clínico. Esta tesis tiene como objetivo, por tanto, describir las experiencias de los estudiantes de medicina del 6º período de un curso de medicina en relación con la aplicación del razonamiento clínico, ya sea en la discusión de casos clínicos en el aula o en actividades prácticas supervisadas curriculares o extraescolares. Se utilizó el diseño de investigación cualitativa, con análisis de datos fenomenológicos mediante el método modificado de van Kaam (1959, 1966), adaptado por Moustakas (1994) y basado en la fenomenología trascendental de Edmund Husserl. Esta investigación describe y analiza cómo los participantes experimentan el razonamiento clínico y concluye que: 1) el método fenomenológico de van Kaam (1959, 1966), adaptado por Moustakas (1994), demostró ser una herramienta eficaz para describir las percepciones y experiencias de los estudiantes de medicina en relación con el razonamiento clínico; 2) la historia clínica es el elemento más asociado por los participantes al concepto de razonamiento clínico; 3) la mayor dificultad para aprender el razonamiento clínico se debe a la falta de actividades en las que se pueda practicar; 4) la pandemia COVID- 19, por la necesidad de distanciamiento social, agravó las limitaciones preexistentes para la práctica y aprendizaje del razonamiento clínico, representadas principalmente por clases excesivamente teóricas. Finalmente, con el objetivo de facilitar el dominio del razonamiento clínico, se recomienda la inserción temprana y continua de los estudiantes de medicina en escenarios donde puedan analizar, bajo supervisión, casos clínicos reales mediante anamnesis, exploración física e interpretación de exámenes complementarios.