Otherness and education : contribution of Paulo Freire and of Ubuntu philosophy for a humanizing education

A presente pesquisa tem por objetivo analisar a problemática acerca do conceito de outro na perspectiva de Freire e da filosofia Ubuntu e buscar compreender sua importância para uma educação humanizadora. Para isso, elencamos os seguintes objetivos específicos: compreender a concepção de alteridade/outredade a partir da relação de identidade e diferença no pensamento de Freire; compreender a conceito de alteridade/outredade na cultura sul africana expressa em Ubuntu como reciprocidade, interdependência e inter-constituição; entender o papel que o outro cumpre numa educação humanizadora. O que justifica esta pesquisa é a preocupação com o desmonte da educação pública pela política neoliberal que, guiada pela ideologia de mercado, concebe a educação como um serviço a ser prestado pela iniciativa privada, negando a intervenção do estado nesta área. Essa política privilegia o capital financeiro que transforma a educação em mercadoria em detrimento das formas democráticas de conduzir a educação como um bem comum. Esta política tem sustentado movimentos “ideológicos” que defendem a manutenção de privilégios das elites e combatem a educação de qualidade, gratuita, laica e para todos como um direito social. É neste contexto que o outro está imerso ora na condição de oprimido pelo sistema que é fixo, estático, rígido e autoritário e que não considera o diferente em suas particularidades e interesses; ora como sujeito de transformação pela conscientização, resistência e libertação. Os procedimentos metodológicos usados são de caráter bibliográfico, constituindo-se numa pesquisa qualitativa de abordagem conceitual. As fontes que nos permitiram fazer este trabalho são as obras de Paulo Freire, de Mogobe Ramose e de Yusef Waghid. O estudo parte da concepção freiriana de outro no âmbito de sua noção de “homem novo”, e a conceituação de outro na filosofia africana, expressa em Ubuntu, para pensar uma educação humanizadora em oposição a uma educação que serve como meio para continuar a opressão, a colonização (neocolonização), a dominação e a manipulação de alguns sobre os outros, confundindo privilégios com direitos, mercadoria (objeto) com subjetividade, isto é, uma educação desumana. É esse outro freiriano que permite pensar uma educação humanizadora como processo que possibilite o ser mais na sua formação e vivência, tendo liberdade para reconhecer a dignidade e a diferença dos outros. E Ubuntu, por meio de seu axioma – indivíduo só se torna humano na relação interdependente com o Outro – pode ajudar nessa humanização. A educação humanizadora, sendo processo e não acabamento, é inclusiva, esperançosa e democrática. Ela se constitui como um campo aberto e dinâmico que permite integração com o contexto, diálogo, libertação, efetivação do projeto comum, busca contínua de saber mais, transitividade de consciência e interdependência, cuidado entre seus sujeitos. Aceita e reconhece o Outro na sua diferença. This study aims at analysing the problem of Otherness in Freire's conception and in Ubuntu philosophy and to try to understand what role it plays in a humanizing education. For this, we list the following specific objectives: understanding the conception of otherness from identity and difference in Freire’s thought; understanding the concept of otherness in South Africa culture expressed in Ubuntu as reciprocity, interdependence and inter-constitution; understanding the role that the Other plays in a humanising education. The research is justified as far as the dismantling of public education by neoliberal policy is concern, which, guided by market ideology, conceives education as a service to be provided by private initiative, denying the State intervention in this area. This policy favours financial capital, which turns education into a commodity at the expense of democratic ways of conducting education as a common good. Such policy has sustained ideological movements that defend the maintenance of privileges of the elites and fight quality, free, secular education for all as a social right. It is in this context that the other is immersed sometimes in the condition of being oppressed by the system which is fixed, static, rigid and authoritarian and which does not consider the different in its particularities and interests; sometimes as a transformation individual through awareness, resistance and liberation. The methodological procedures used are of a bibliographical nature. The sources that allowed us to do this work are the works of Paulo Freire, Mogobe Ramose and Yusef Waghid. The study starts from the Freirian conception of otherness in the context of his notion of "new man", and the conception of Otherness in African philosophy, expressed in Ubuntu, to think of a humanizing education in opposition to an education that serves as a means to continue oppression, colonization (neocolonization), domination and manipulation over Others, confusing privileges with rights, that is, an inhumane education. It is this Freirian’s Other who needs a humanizing education as a process to enable them to be more in their formation and experience, having the freedom to recognize humanization and the difference from other human beings. And Ubuntu, through his axiom (the individual only becomes human in the interdependent relationship with the Other) can help in this humanization. Humanizing education, being process and not an ending purpose, is inclusive, hopeful and democratic. It is an open and dynamic field that allows integration with the context, dialogue, liberation, the realization of programming, the continuous search for knowledge, the transitivity of consciousness and interdependence, care among their individuals. It accepts and recognises the Other in their difference.