The occupations of older women in the daily lives of social vulnerability

O envelhecimento populacional é um tema amplamente discutido na atualidade, diante do aumento da expectativa de vida e dos impactos do envelhecimento, principalmente nas camadas menos favorecidas socialmente. Este é o caso de mulheres, sobretudo negras, que envelhecem num contexto de classe social com menor poder aquisitivo, carecendo de políticas públicas e de diferentes iniciativas direcionadas às suas demandas. Esse Estudo de Caso tem como objetivo compreender a percepção de mulheres velhas sobre as ocupações em seus cotidianos em uma comunidade de vulnerabilidade social (Vila Marçola - Aglomerado da Serra/Belo Horizonte/MG). As participantes são 11 mulheres que atenderam aos critérios de inclusão de ser mulher, com 60 anos ou mais, e morar na Vila Marçola; e como critério de exclusão, possuir manifestações, autodeclaradas ou declaradas por familiares, de déficits cognitivos ou qualquer outro processo que implicasse na incapacidade para responder à entrevista. Foram utilizadas para a coleta de dados entrevistas semi-estruturadas e os resultados foram analisados por análise de conteúdo na modalidade de análise temática. Os resultados apontaram para a centralidade do cuidado no cotidiano das participantes, sendo apresentado nas seguintes categorias: (1) cuidado doméstico; (2) cuidado das pessoas e da comunidade; (3) cuidado de si; (4) Ocupações emancipatórias. O gênero, a classe social e a raça perpassam a trajetória de vida dessas mulheres, especialmente na imposição do trabalho doméstico em seus próprios lares e de forma remunerada. A aposentadoria e a participação na escola e em diferentes projetos de convivência inauguram possibilidades de fazerem escolhas ocupacionais balizadas pelo desejo de experimentar o que nunca tiveram oportunidade de acessar e ou de retomarem ocupações interrompidas. Conclui-se que várias ocupações realizadas ao longo da vida foram impostas de forma violenta, velada e naturalizada. No entanto, nos projetos de convivência, as práticas sociais experimentadas por essas mulheres na velhice, inscrevem a oportunidade de escolha, reafirmam e fortalecem a existência de movimentos disruptivos e emancipatórios protagonizados por elas. Population aging is a topic widely discussed today, given the increase in life expectancy and the impacts of aging, especially in the less favoured social classes. This is the case of women, especially black women, who grow old in a context of social class with lower purchasing power, lacking public policies and different initiatives aimed at their demands. This Case Study aims to understand the perception of older women about the occupations in their daily lives in a socially vulnerable community (Vila Marçola - Aglomerado da Serra/Belo Horizonte/MG). The participants are 11 women who met the inclusion criteria of being a woman, aged 60 or over, and living in Vila Marçola; and as an exclusion criterion, having manifestations, self-declared or declared by family members, of cognitive deficits or any other process that implied inability to respond to the interview. Semi-structured interviews were used for data collection and the results were analyzed by content analysis in the form of thematic analysis. The results pointed to the centrality of care in the daily lives of the participants, being presented in the following categories: (1) domestic care; (2) care for people and the community; (3) self-care; (4) emancipatory occupations. Gender, social class and race pervade the life trajectory of these women, especially in the imposition of domestic work in their own homes and in a paid manner. Retirement and participation in school and in different social coexistence projects open up possibilities for making occupational choices based on the desire to experience what they never had the opportunity to access and/or to resume interrupted occupations. It is concluded that several occupations carried out throughout life were imposed in a violent, veiled and naturalized manner. In these coexistence projects, the social practices experienced by these women in old age inscribe the opportunity of choice, reaffirm and strengthen the existence of disruptive and emancipatory movements led by them.