Back to Search Start Over

Cortes que viram cartas : ensaios sobre automutilação na clínica psicanalítica

Cortes que viram cartas : ensaios sobre automutilação na clínica psicanalítica

Authors :
Araújo, Juliana Falcão Barbosa de
Viana, Terezinha de Camargo
Source :
Repositório Institucional da UnB, Universidade de Brasília (UnB), instacron:UNB
Publication Year :
2019

Abstract

Tese (doutorado) — Universidade de Brasília, Instituto de Psicologia, Programa de Pós-graduação em Psicologia Clínica e Cultura, 2019. Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES). Nesta pesquisa, toma-se como objeto de estudo a automutilação – o ato de machucar o próprio corpo deliberadamente através de cortes, queimaduras, auto espancamento, entre outras formas. Os questionamentos que orientam a pesquisa são decorrentes da prática clínica psicanalítica, juntamente com o trabalho institucional com adolescentes em conflito com a lei. Estudos epidemiológicos têm mostrado que os casos de automutilação aumentaram nos últimos anos e costumam surgir na adolescência, podendo durar por um período curto ou se estender pela vida adulta. A partir do trabalho clínico e institucional com sujeitos que se mutilam, esta tese tem como objetivo principal analisar os aspectos subjetivos da automutilação. Percebe-se que a automutilação se apresenta de forma complexa e multifacetada, portanto, trabalha-se com as noções de espectro e de phármakon como chaves de leitura para pensar em como a automutilação faz diferentes funções para diferentes sujeitos. O ato de mutilar-se pode estar inserido numa ordem cultural – em que funciona como sinal de inclusão e pertencimento – e, visto por outra luz, pode significar exclusão, doença ou sofrimento psíquico. No intuito de abordar essas diferentes facetas, foram ensaiadas algumas leituras possíveis, e cada uma delas está construída na forma de um ensaio. O primeiro ensaio, Automutilação: dos rituais culturais aos manuais diagnósticos, apresenta uma revisão da literatura desde as raízes históricas da automutilação até as mudanças mais recentes na categorização dos manuais diagnósticos. O segundo ensaio, Corpo marcado e encarcerado: automutilação em ambientes confinados, aborda a automutilação em ambientes com privação de liberdade e versa sobre a experiência com adolescentes infratores cumprindo medida socioeducativa de internação. Neste contexto, discorre-se sobre a função do ato na adolescência, articulando a automutilação às formulações psicanalíticas sobre as passagens ao ato. No terceiro ensaio, Automutilação, memória e concretude: o corpo como arquivo, faz-se uma discussão sobre as noções de arquivo e memória, visto que um dos discursos mais frequentes é o de que a automutilação seria uma tentativa de transformar uma dor emocional em uma dor física, concreta, marcada no corpo. No quarto ensaio, O sofrimento endereçado: automutilação, corpo e escrita, faz-se aproximações com a escrita e com a literatura, vislumbrando a automutilação como uma forma de escrita no corpo, a partir do momento em que pode ser endereçada a um outro. In this research, the object of study is self-harm - the act of deliberately injuring one's own body through cuts, burns, self-beating, among other forms. The questions that guided the research stemmed from the psychoanalytical clinical practice, as well as from institutional work with young offenders. Epidemiological studies have shown that self-harm cases have increased in recent years, usually arising in adolescence and lasting for a short period of time or extending into adulthood. Being inspired by the clinical and institutional work with people who self-harm, this thesis aims to analyze the subjective aspects of self-harm. Since self-harm appears to be a complex and multifaceted issue, we worked with the notions of spectrum and phármakon as keys to think about how self-harm functions differently for different people. The act of harming oneself may be embedded in a cultural order - in which it functions as a sign of inclusion and belonging - while viewed in a different light, it may mean exclusion, illness or psychological distress. In order to address these different facets, we took a few possible ways of addressing this issue, and each way was written in the form of an essay. The first essay, Self-harm: From Cultural Rituals to Diagnostic Manuals, presents a literature review from the historical roots of self-harm to the most recent changes on the categorization in diagnostic manuals. The second essay, Marked and Imprisoned Body: Self-harm in Confined Environments, addresses self-harm in confined environments through the experience of working with young offenders who are serving a sentence in an institution. In this context, we articulate self-harm with the psychoanalytic theory about acting out. In the third essay, Self-Mutilation, Memory and Concreteness: The Body as an Archive, we discuss the notions of archive and memory, since one of the most frequent discourses is that self-harm would be an attempt to transform emotional pain into a physical, concrete pain marked on the body. In the fourth essay, Addressing suffering: self-harm, body and writing, we approach writing and literature, taking self-harm as a form of writing on the body, considering that it can be addressed to someone else.

Details

Language :
Portuguese
Database :
OpenAIRE
Journal :
Repositório Institucional da UnB, Universidade de Brasília (UnB), instacron:UNB
Accession number :
edsair.od......3056..2569c12e5bb7fc9e9c31680b9c43a33c