Música e Tunas: a combinação perfeita para a criação de afetos

A difusão de grupos musicais que se desenvolveram no seio das instituições do ensino superior, apelidados de Tunas, teve, em Portugal, um grande incremento a partir do século XIX, com tendência a crescer ao longo do século XX e XXI. Se numa fase inicial este género de organismos era maioritariamente constituído por estudantes do sexo masculino, na atualidade existem diferentes Tunas que integram raparigas. Das inúmeras dimensões que fazem parte da dinâmica deste género de agrupamentos e associações, a divulgação artística, musical e cultural, em diferentes contextos, apresenta-se, sem dúvida, enquanto vetor de integração e envolvimento das Tunas, na comunidade. Deste modo, entendemos que, o facto de existirem estudantes do ensino superior que integram uma das Tunas do Instituto Politécnico de Bragança (IPB) e frequentam o Curso de Música em Contextos Comunitários, pode apresentar-se como alavanca para gerar conhecimento em diferentes áreas da música. Recorrendo à experiência de alguns estudantes, enquanto músicos de Tuna, pretendeu-se perceber algumas das competências adquiridas nesses organismos e procurar compreender de que forma a música das Tunas e outras práticas musicais podem ser aplicadas em instituições de solidariedade social como forma de: 1) gerar laços de afeto; 2) criar espaços com música; 3) gerar conhecimento no que concerne a repertório musical e instrumentos musicais. Parece-nos importante a ação e ligação, através da música, em contextos diversos, como forma de dinamizar grupos distintos e observar diferentes comportamentos. Desta maneira, foi criado um projeto musical, visando um público infantil (com idades compreendidas entre os 3 e os 5 anos) de uma instituição da cidade de Bragança, realizado durante o primeiro semestre letivo de 2022-2023. A metodologia utilizada centrou-se no trabalho de campo; no registo fotográfico, áudio e vídeo; e observação participante. Para o efeito foram realizadas intervenções na supracitada instituição que compreenderam diferentes períodos de atuação, a salientar: (1) outubro: observação/preparação; (2) novembro: interação; (3) dezembro e janeiro: aplicação e execução do projeto musical. Nas diferentes intervenções realizadas, as crianças aprenderam e conheceram diversas canções e instrumentos musicais. Foi ainda possível observar que as dinâmicas de grupo se alteravam à medida que as intervenções iam ocorrendo, nomeadamente, no que concerne ao aumento do tempo de concentração nas atividades e na maior satisfação e envolvimento emocional, face à presença dos estudantes e desenvolvimento do projeto. Como conclusão, entende-se que este género de projetos pode potenciar o envolvimento com a comunidade, relativamente ao conhecimento de diferentes vertentes artísticas, em particular da música que se pratica nas Tunas académicas, bem como apresentar um papel importante na criação de espaços de afetos. N/A