Adansonia digitata L. (mukua): um possível alimento funcional

Adansonia digitata L. é espécie africana com vários usos tradicionais, nomeadamente medicinal e alimentar [1,2]. A polpa do seu fruto, comumente conhecido como mukua, está aprovada como um ingrediente alimentar pela Comissão Europeia e pela “Food and Drug Administration of the United States of America” [1]. Assim o objetivo deste trabalho foi comprovar a potencialidade da polpa da mukua como um alimento funcional através da sua caracterização nutricional, mineral e bioativa. O perfil nutricional foi obtido aplicando metodologias oficiais de análise AOAC [3]. O conteúdo mineral foi determinado por espectrofotometria de absorção atómica e o potencial bioativo foi determinado através da atividade antioxidante pelo ensaio antioxidante celular (CAA) e um ensaio de inibição de substâncias reativas do ácido tiobarbitúrico (TBARS). Além disso, a atividade antimicrobiana foi também determinada, através do método de microdiluição, e a atividade antitumoral foi avaliada em três linhas celulares tumorais humanas: adenocarcinoma gástrico (AGS), carcinoma de mama (MCF-7), células de carcinoma de pulmão (NCI-H460), e a citotoxicidade em culturas de células não tumorais de rim de macaco africano (VERO), através do ensaio da Sulforrodamina B. Relativamente aos resultados obtidos, a polpa de mukua apresentou um teor de humidade muito baixo (11,9 + 0,3 g/100 g ms). Os macronutrientes presentes em maior quantidade foram os hidratos de carbono (89,6 ± 0,2 g/100 g ms), seguidos das proteínas (2,7 ± 0,3 g/100 g ms) e da gordura bruta (1,8 + 0,1 g/100 g ms), representando um valor energético de 386 ± 1 kcal/100 g ms. Quanto ao perfil mineral, a amostra revelou um alto teor em potássio (20,4 ± 0,8 g/100 g ms), estando também presentes minerais como o magnésio (3,28 ± 0,08 g/100 g ms), o cálcio (2,79 ± 0,07 g/100 g ms), o manganês (2,02 ± 0,09 g/100 g ms) e o ferro (1,53 ± 0,09 g/100 g ms). Em relação à atividade antioxidante, a polpa inibiu cerca de 32% da oxidação celular no método CAA e exibiu um valor de EC50 de 23,0 ± 0,1 μg/mL no ensaio de TBARS. Para a atividade antimicrobiana, a polpa apresentou atividade bacteriostática contra a maioria das bactérias testadas. No ensaio de citotoxicidade, a polpa demonstra capacidade de inibir a proliferação celular contra as linhas tumorais testadas, principalmente contra AGS com valores de GI50 de 92 ± 1 μg/mL, sem toxicidade para as células não-tumorais. Este estudo mostra que a polpa de mukua, além de ser nutricionalmente interessante, possui alto teor em minerais, nomeadamente em potássio que é um composto essencial para a bom funcionamento do corpo, estando associado à prevenção de doenças como diabetes, osteoporose e ainda doenças cardiovasculares. Além disso, a polpa da mukua possui alto potencial bioativo, o que indica que o seu consumo pode oferecer benefícios para a saúde, tornando-o num potencial alimento funcional. Os autores agradecem à Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT, Portugal) e aos fundos nacionais FCT/MCTES (PIDDAC) pelo apoio financeiro ao CIMO (UIDB/00690/2020 e UIDP/00690/2020) e SusTEC (LA/P/0007/2021), pela bolsa de doutoramento (SFRH/BD/145467/2019) de Filipa A. Fernandes, os contratos de Lillian Barros e Ricardo C. Calhelha através do contrato-programa institucional de emprego científico e dos contratos de Sandrina. A. Heleno (CEECIND/03040/2017) e Márcio Carocho (CEECIND/03040/2017) através do contrato-programa individual de emprego científico. Ao FJC2020-045405-I/MCIN/AEI/10.13039/501100011033 e União Europeia “NextGenerationEU”/PRTR” pelo contrato de Tânia C.S.P. Pires. Ao MICINN pelo apoio financeiro Ramón&Cajal a Miguel A. Prieto; ao Governo da Galiza pelo apoio financeiro da Axudas Conecta Peme ao projeto NeuroFood IN852A 2018/58. info:eu-repo/semantics/publishedVersion