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A arte do compromisso: José Calvet de Magalhães, um diplomata entre dois regimes

Authors :
Pedro Aires Oliveira
Source :
Ler História, Vol 71, Pp 103-126 (2017)
Publication Year :
2017
Publisher :
OpenEdition, 2017.

Abstract

Entre os diplomatas portugueses de carreira da segunda metade do século XX são poucos os que se poderão comparar a José Calvet de Magalhães em termos de influência ou notoriedade. Já depois da transição à democracia, Calvet construiu para si a imagem de um dos “pais fundadores” das correntes europeístas que, no interior do regime autoritário, procuraram evitar que país perdesse o pé nas várias etapas da integração europeia. Na penumbra terão ficado facetas que acrescentam complexidade à sua actuação, como o envolvimento em alguns dos dossiers mais delicados da política africana do Estado Novo. Este artigo tentará esclarecer esta aparente ambivalência e conferir sentido às ideias e à praxis de alguém que, procurando manter-se fiel a uma certa noção de “interesse nacional”, se viu na contingência de ter de servir um regime cuja rigidez doutrinária conduziu Portugal a uma situação de crescente isolamento após 1961. Amongst Portuguese career diplomats of the second half of the 20th century, few can compare, in terms of influence and public salience, with José Calvet de Magalhães. Under the democratic regime set up after 1974, Calvet was able to build for himself the reputation of being one of the ‘founding fathers’ of the Europeanist currents who, working discreetly inside the authoritarian state, made sure that Portugal took part in some of the critical stages of the European integration process. So successful was he in projecting this image that other facets that may add some complexity to his trajectory are usually neglected (his involvement in key late colonial dossiers). This article will address such apparent ambivalence and make sense of the ideas and praxis of someone who while trying to remain true to his own vision of Portugal’s national interest, had to serve an embattled regime that led the country to a diplomatic dead end since 1961. Parmi les diplomates de carrière portugais de la deuxième moitié du XXe siècle, peu sont ceux qui peuvent se comparer à José Calvet de Magalhães, du point de vue de son influence et de sa notoriété. Bien après la transition vers la démocratie, Calvet s’est construit l’image d’un des « pères fondateurs » des courants européistes qui, au sein du régime autoritaire, ont cherché à éviter que le pays ne soit totalement écarté des différentes étapes de l’intégration européenne. Certains aspects de son action – tel son engagement dans certains dossiers de la politique africaine de l’Estado Novo – sont restés dans l’ombre, rendant complexe la représentation de son parcours. Cet article tente d’éclaircir cette apparente ambivalence, en donnant sens aux idées et à la praxis de quelqu’un qui, en cherchant à se maintenir fidèle à une certaine idée de « l’intérêt national », se voit dans l’obligation de servir un régime dont la rigidité a conduit le Portugal à une situation d’isolement croissant à partir de 1961.

Details

ISSN :
21837791 and 08706182
Database :
OpenAIRE
Journal :
Ler História
Accession number :
edsair.doi.dedup.....9a9060f289400fd9add2dcd9da158800
Full Text :
https://doi.org/10.4000/lerhistoria.2901