Clinique d’identité : de la cosmovision pataxó à la lutte pour l’émancipation

Constitui-se o foco desta pesquisa o processo de construcao identitaria com sentido emancipatorio a partir da cosmovisao e luta por territorio do povo indigena pataxo; unica etnia que conseguiu resistir no extremo-sul da Bahia, inserida num contexto de ameacas, perseguicoes e intensos conflitos. Considerados extintos ate o inicio do seculo XX, a presenca dos Pataxo na “Costa do Descobrimento” fez-se notar apos o conhecido “massacre de 51”, marcado pela destruicao, violencia e incendio na aldeia de Barra Velha, a “aldeia-mae” da etnia, localizada na regiao do Monte Pascoal, o monte avistado pelos portugueses quando de sua chegada ao Brasil. O retorno dos sobreviventes do massacre a “aldeia-mae” marca um periodo de intensa luta politica e resistencia, bem como a expansao de novas aldeias no entorno do Parque Nacional do Monte Pascoal, a migracao de algumas familias para o subdistrito de Coroa Vermelha, administrada pela prefeitura de Santa Cruz Cabralia, e a reivindicacao por sua demarcacao. Uma luta que se encerra apos 24 anos com a retomada de uma area de mata atlântica em Coroa Vermelha ameacada pela exploracao capitalista e que inaugura uma nova fase identitaria pataxo com a criacao da Reserva Pataxo da Jaqueira, num projeto de resgate da memoria e cultura pataxo e de preservacao ambiental. Para atender aos objetivos da pesquisa, elaboramos duas analise: a primeira dos aspectos historicos, geograficos, economicos, politicos e sociais da realidade em que se insere o povo pataxo, atraves de pesquisas academicas desenvolvidas e literatura especializada sobre o processo de colonizacao dos indigenas do sul da Bahia de forma geral e, dos pataxo em particular, e nas contribuicoes narrativas dos proprios pataxo; localizada na primeira parte da pesquisa indicada como percurso historico pataxo. A segunda analise, apoiada em pesquisas e bibliografia academica atravessada pelas contribuicoes empiricas, deu-se sobre o processo de luta por reconhecimento e territorializacao da aldeia Reserva Pataxo da Jaqueira a partir da proposta do projeto economico, cultural e ambiental de Etnoturismo e seus desdobramentos para a construcao da identidade etnica pataxo com sentido emancipatorio, encontra-se na segunda parte denominada de percurso teorico-empirico. Fundamentada na proposta teorica de identidade de Antonio da Costa Ciampa e da teoria de etnicidade como forma de interacao social de Fredrik Barth e na luta por reconhecimento de Axel Honnet. O material empirico foi obtido atraves da observacao participante, da analise de 22 entrevistas semi-estruturadas, 3 entrevistas com base na narrativa de historia de vida, e na reuniao coletiva que envolveu o grupo de sujeitos da pesquisa para a reflexao e discussao dos resultados da pesquisa. Os entrevistados sao do sexo masculino e feminino, de faixas etarias que variam entre 18 e 60 anos; de ensino fundamental a ensino superior; dentre os quais somente dois sujeitos nao sao alfabetizados. A pesquisa demonstrou que a luta por reconhecimento tanto no plano juridico-moral quanto da estima-social constituem os processos emancipatorios que caracterizam as Identidades Politicas da etnia indigena Pataxo na medida em que reivindica para si o reconhecimento juridico do direito originario aos seus territorios em busca de melhores condicoes de vida e da manutencao de sua identidade etnica atraves da preservacao de seus costumes e tradicoes. Os resultados da pesquisa apontaram que atraves da autodeterminacao dos indigenas da Reserva Pataxo da Jaqueira em resgatar a personagem-indigena-pataxo-tradicional, foi possivel marcar a identidade-etnica nos servicos de etnoturismo da reserva, fornecendo a possibilidade da sustentabilidade economica, ambiental e cultural, inspirando as demais aldeias com vocacao para o etnoturismo a seguir na mesma direcao, e a Jaqueira tornou-se referencia reconhecida do fortalecimento cultural e preservacao ambiental a todas as demais aldeias pataxo. A personagem-indigena-pataxo-tradicional em sua autodeterminacao expressa o sentido emancipatorio do grupo quanto as opressoes sofridas por perseguicoes, torturas fisicas e psicologicas imputadas pela sociedade envolvente de nao indigenas e a impossibilidade de viver com seus parentes e com seus costumes e tradicao, em seu proprio territorio sagrado. A personagem-guerreiro-pataxo protagoniza a personagem-indigena-com-direitos dando origem a personagem-pataxo-da-jaqueira que lutam por manter a personagem-pataxo-com-reconhecimento