Pedaços do tempo, gestos partidos : memorias do corpo em movimento na fotografia de Etienne-Jules Marey

Orientador: Carmen Lucia Soares Dissertação (mestrado) - Universidade Estadual de Campinas, Faculdade de Educação Resumo: Conduzidos inicialmente pela cronofotografia de Etienne-Jules Marey, percorremos os caos metodológicos desse fisiologista Francês em suas análises de ecomposição do movimento, buscando persistências de um suposto programa de educação visual do corpo urbano na memória das representações visuais da ciência médica do final do século XIX e na arte do começo do século XVI. A pesquisa teve como fontes inspiradoras as imagens de Marey em seu esforço de captação, decomposiçâo e síntese gráfica do movimento corporal, e seguiu em busca das persistências desta forma de olhar o corpo nos estudos anatômicos e pictóricos de Leonardo Da Vinci. Pudemos perceber, neste arcabouço de imagens, uma mudança nas formas de representação e estudo visual do corpo (e da alma): nelas o corpo, mecânico e termodinâmica, devidamente harmonizado cm qualidades médias e prudentes, serve como modelo das nossas formas de imaginar o real e de reproduzi-lo. Envolvido nesta trama, encontramos Georges Demeny, assistente de Marey e fundador do Método de Ginástica lèacional, o projeto pedagógico-laboratorial que sistematizaria os conceitos visuais que estudamos num notável modelo de Educação Física, que, por sua vez, se encarnaria nos corpos do trabalho, da nação, da urbes. Atravessando toda a nossa escrita, lampeja a máquina fotográfica, uma alegoria da cidade. Este complexo aparato urbano é entendida, também, como lugar de educação da memória. Ela (a máquina) é uma imagem em potência que em suas preciosas fagulhas ajuda-nos a entender os lastros pedagógicos que emanam da urbes: caixa-preta de tácitos mecanismos, ela conserva a memória, filtra a luz, comprime as aberturas, regula as velocidades da cidade. Enfim: educa os corpos, em sua sensibilidade mecânica e poética Abstract: Initially based on the Etienne-Jules Marey¿s chronophotography, we went through the methodological research of this French physiologist about the analysis of the fagmentation of the movement, searching for a persistence of a supposed ¿visual educational program of the urban body¿ in the memory of visual representation in the late nineteenth century medical science and in the art of the beginning of sixteenth century.Present research had as inspiration Marey¿s images -- which were result of Marey effort to capture, decompose and graphically summarize body movement -- and it aimed to relate this way of describing the body with Leonardo da Vince¿ anatomical and pictorial studies. It was possible to notice, in this set of images, a change in the representation and in the visual study of the body (and soul): the body, mechanical and thermodynamic, accurately harmonized with medium and prudent qualities, is a model of our ways of imagine the reality and reproduce it. Involved in this study, we could find Georges Demeny, Marey¿s assistant and founder of the ¿Rational Gymnastics Method¿, the pedagogic-investigative project that systematized the visual concepts that we study, creating a notable model of Physical Education, which influenced the current concept of body of work, nation and urbes. Throughout this study, it flashes the camera, an allegory of the city. This complex urban device is understood, also, as a place of education of memory. The camera is a potential image that help us to understand the pedagogic traces drawn by the urbes: black box of tacit mechanisms, it preserves the memory, filters the light, compresses the apertures, regulates the speed of the city. Finnaly, it educates mechanically and poetically the bodies Mestrado Educação, Conhecimento, Linguagem e Arte Mestre em Educação