Avaliação dos efeitos metabólicos relacionados à ingestão de gordura interesterificada em modelos pré-clínicos e em uma amostra de indivíduos

Dietas ricas em gorduras têm sido alvo frequente de estudos e demonstrado influência negativa no metabolismo energético, no desenvolvimento de obesidade e doenças crônicas associadas. Nos últimos anos a gordura parcialmente hidrogenada contendo isômeros trans tem sido relacionada à efeitos deletérios na saúde, como dislipidemias, doenças cardiovasculares e obesidade. Entretanto, com a proibição de seu uso em formulações alimentícias pelas Resoluções RDC 332/2019 e RDC 632/2022 da ANVISA, há temor pelas autoridades sanitárias de que a indústria de alimentos utilize outros tipos de gorduras não saudáveis em sua substituição, o que poderia ser igualmente danoso à saúde da população. Neste contexto, a gordura interesterificada tem sido amplamente utilizada como substituta da gordura trans pela indústria alimentícia, porém, estudos em modelo animal têm demonstrado que a gordura interesterificada pode ter efeitos importantes em parâmetros metabólicos e no perfil lipídico, o que gera preocupações com a saúde. Já em estudos em humanos que avaliaram o consumo de gordura interesterificada, os resultados muitas vezes são controversos e divergentes dos estudos em animais, principalmente devido aos diferentes modelos experimentais, tempos de exposição ao tratamento e óleos ou blends adotados nos estudos. Além disso, o padrão de ingestão de gordura interesterificada pela população não está claro devido à falta de dados sobre o seu conteúdo em alimentos individuais. Portanto, temos como principais objetivos avaliar o efeito metabólico da gordura de palma interesterificada em modelo pré-clínico, utilizando animais experimentais, e de seus metabólitos em linhagens celulares e comparar seus efeitos com os do óleo de soja parcialmente hidrogenado, ricos em ácidos graxos trans. Ainda, pretendemos estimar o consumo de gordura interesterificada em uma amostra em indivíduos moradores de Limeira e correlacionar com possíveis alterações metabólicas observadas. Diante do cenário atual que sinaliza para a tolerância zero para a utilização de gordura parcialmente hidrogenada pela indústria de alimentos e, a consequente substituição por gordura interesterificada, torna-se extremamente relevante o entendimento do efeito desse tipo de gordura estruturada no organismo.