Variação Anatômica da Apófise Estilóidea do Osso Temporal como Causa de Hipertensão Venosa Cerebral Súbita

A obstrução da drenagem venosa cerebral é uma entidade pouco conhecida na prática clínica podendo, no entanto estar implicada na etiopatogenia de situações como Pseudotumor cerebrii, enxaqueca, ou mesmo esclerose múltipla. Quando sintomática, apresenta-se com sinais e sintomas de hipertensão intracraniana crônica, isto é, cefaleias, papiledema e, mais raramente, zumbidos pulsáteis, consequência da estase venosa cerebral. As causas mais comuns são trombose venosa cerebral, compressão extrínseca por lesão tumoral, fratura afundada com comprometimento do sistema venoso e, raramente, a compressão da veia jugular por uma apófise etilóidea do osso temporal hipertrófica. Estão descritas inúmeras variações anatômicas desta apófise, condicionando manifestações clínicas diversas de acordo com a estrutura anatômica por ela afetada. Os autores relatam um caso clínico singular de compressão unilateral da veia jugular interna na região cervical superior (entre uma apófise estilóidea redundante e a massa lateral de C1), que se apresentou por cefaleia súbita e meningismo, mimetizando uma hemorragia subaracnóideia (HSA). Revêem-se as possíveis implicações desta variação anatômica sobre a circulação venosa cerebral, suas eventuais consequências patológicas e opções terapêuticas. Segundo os autores, situações de drenagem venosa deficiente por compressões extrínsecas da veia jugular interna na base do crânio devem ser investigadas sempre que existam queixas de hipertensão intracraniana idiopática ou evidências de hemorragias intracranianas de etiologia não esclarecida.