Back to Search Start Over

Eritropoietina Sérica como Marcador Prognóstico em Síndrome Mielodisplásica

Authors :
Emília Magalhães
Ana Bela Sarmento Ribeiro
José Pedro Carda
L. Rito
Paula César
José Manuel Nascimento Costa
R. Tenreiro
Marília Gomes
Amélia Pereira
Sofia Ramos
Emília Cortesão
Ana Cristina Gonçalves
Marta I Pereira
Catarina Geraldes
Nuno Costa e Silva
Letícia Ribeiro
Source :
Acta Médica Portuguesa. 28:720-725
Publication Year :
2015
Publisher :
Ordem dos Medicos, 2015.

Abstract

Introdução: A síndrome mielodisplásica é uma doença heterogénea caracterizada por displasia, medula hipercelular, citopenias e risco de evolução para leucemia aguda. Outros factores de prognóstico, nomeadamente, fibrose medular, elevação da enzima desidrogenase do lactato e β2-microglobulina têm sido descritos, contudo, a decisão terapêutica baseia-se no score do International Prognostic Scoring System.Material e Métodos: Este trabalho teve como objectivo analisar a relevância da eritropoietina sérica ao diagnóstico, em doentes com síndrome mielodisplásica de novo, avaliando o seu impacto na sobrevivência global e a sua implementação como factor de prognóstico. Recolhemos dados clínicos e laboratoriais de 102 doentes com síndrome mielodisplásica de novo diagnosticada entre outubro/2009 e março/2014. A análise de sobrevivência foi efectuada recorrendo à metodologia de Kaplan-Meier, de acordo com os valores de eritropoietina.Resultados: A amostra, de 102 doentes, apresenta uma mediana de idades de 74 anos e relação masculino/feminino igual a 0,8. Os doentes com o subtipo citopenia refratária com displasia unilinha apresentam, em média, valores de eritropoietina significativamente mais baixos, em oposição aos doentes com o subtipo 5q- que apresentam a média de eritropoietina sérica mais elevada (p < 0,05). Onze doentes evoluíram para leucemia aguda; estes têm, em média, eritropoietina sérica superior (p < 0,05). Adicionalmente, a eritropoietina sérica acima do limite superior da normalidade associa-se a menor sobrevivência (p = 0,0336). Após ajuste do modelo de regressão de Cox, o valor preditivo da eritropoietina para a sobrevivência global manteve-se (p < 0,001). Em análise multivariada, a eritropoietina sérica demonstrou ser um factor de prognóstico independente (p < 0,001).Discussão: A eritropoietina sérica é um factor preditivo de resposta à terapêutica com eritropoietina subcutânea, sendo que os doentes com síndrome mielodisplásica com valores mais elevados de eritropoietina apresentam uma pior resposta à administração de eritropoietina, mesmo com doses mais elevadas. A nossa amostra demonstra que a eritropoietina sérica apresenta também valor prognóstico, e em todos os subtipos de síndrome mielodisplásica. Além disso, isoladamente ou em associação com outros factores ou índices de prognóstico, poderá melhorar o valor prognóstico de índices como o International Prognostic Scoring System, uma vez que valores elevados de eritropoietina estão associados a progressão para leucemia aguda e, consequentemente, a menor sobrevivência.Conclusão: Os resultados sugerem que o aumento dos níveis séricos de eritropoietina ao diagnóstico pode constituir um factor de mau prognóstico em doentes com síndrome mielodisplásica, associando-se a maior risco de evolução para leucemia aguda e menor sobrevivência global.

Details

ISSN :
16460758 and 0870399X
Volume :
28
Database :
OpenAIRE
Journal :
Acta Médica Portuguesa
Accession number :
edsair.doi...........d04a559f56648bb71aa7216d0b8a3557
Full Text :
https://doi.org/10.20344/amp.6518