Saberes tradicionais, sustentabilidade cultural e caracterização de etnovariedades da mandioca: estudo em uma comunidade no interior do Ceará

A mandioca Manihot esculenta Crantz se fez presente no Brasil antes mesmo do processo de colonização. Historicamente conhecida como o pão da terra, é cultivada prioritariamente por pequenos agricultores em comunidades tradicionais que adaptam as técnicas de manejo e cultivo da espécie de acordo com as características do solo e do clima local. A mandioca tem características de alto potencial energético e facilidade em adaptações climáticas, assim é amplamente cultivada em todo o território brasileiro. Tendo uma grande variabilidade genética e uma diversidade relevante de etnovariedades, apresenta recursos genéticos importantes para a sua preservação e conservação, podendo ainda ser utilizada em melhoramento genético com ênfase na transferência de genes quantitativos. A importância genética da mandioca está relacionada ao grande número de etnovariedades cultivadas por comunidades tradicionais, empregando o etnoconhecimento construído ao longo de gerações. Assim, buscou-se caracterizar as principais etnovariedades da mandioca de cultivo da comunidade Sítio Santo Antônio, em Beberibe, Ceará, considerando os saberes tradicionais e os descritores agromorfológicos de acordo com a literatura pertinente. Para tanto, foram empregadas técnicas de observação direta, entrevistas com roteiro semiestruturado, aplicação de questionário estruturado, diário de notas de campo e coleta de amostras das etnovariedades para a caracterização conforme os descritores. Foram identificadas cinco etnovariedades, denominadas como sendo mandioca roxa, paulista, rainha do céu, olho verde e fragoza. A etnovariedade olho verde apresenta o caractere de crescimento/altura de melhor desenvolvimento dentre as variedades identificadas; a raiz dessa variedade apresenta desenvolvimento robusto de grande porte, importante para a produção de farinha seca.