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Perfil de resistência à antimicrobianos da classe dos Beta-lactâmicos e Aminoglicosídeos em cepas de Escherichia coli isoladas entre janeiro de 2015 e dezembro de 2018 / Antimicrobial resistance profile of the Beta-lactams and Aminoglycosides class in Escherichia coli strains isolated between january 2015 and december 2018

Authors :
Rômulo Salignac Araújo De Faria
Simone Perecmanis
Ernane de Paiva Ferreira Novais
Maurício Macedo Rodrigues
Cléia Nunes Malheiro De Oliveira
Thaís Cardoso Lettieri
Tairine Melo Costa
Fernando Ribeiro Ramos
Source :
Brazilian Journal of Development. 8:51673-51691
Publication Year :
2022
Publisher :
South Florida Publishing LLC, 2022.

Abstract

A descoberta dos antimicrobianos revolucionou a prática médica, permitindo o tratamento de doenças que antes eram incuráveis e permitindo o controle de infecções hospitalares. Além disso, eles auxiliam na diminuição de infecções em feridas e sítios cirúrgicos, permitindo, assim, a sobrevida de pacientes e realização de procedimentos cirúrgicos mais complexos. De encontro a isso, o fenômeno da resistência aos antimicrobianos tem por principais consequências a diminuição da eficácia clínica dos princípios ativos, aumento dos custos de tratamento e da mortalidade em infecções. Essa define-se por: habilidade de um microrganismo, como as bactérias, de resistir aos efeitos de um medicamento antimicrobiano. A Escherichia coli representa o maior reservatório de genes de resistência dentre as bactérias e, além disso, pode atuar como doador e receptor desses genes, desempenhando um papel importante para a disseminação dos genes de resistência. Foram utilizados dados relativos à 51 amostras positivas para Escherichia coli processadas no Laboratório de Microbiologia Médica Veterinária da FAV/UnB, provenientes dos Hospitais-Escola para Animais de Pequeno e Grande Porte da Universidade de Brasília, referentes ao período de janeiro de 2015 a dezembro de 2018, totalizando 58 bactérias isoladas. As amostras foram recebidas, semeadas em meio de cultura de acordo com o Procedimento Operacional Padrão (POP) do laboratório. Após isso, foram utilizadas para identificação, características de crescimento (produção de hemólise, pigmento e características morfo-tintoriais), bem como a identificação bioquímica das amostras. Somado a isso, foi realizado o teste de susceptibilidade aos antimicrobianos, por meio do método de disco-difusão em ágar (Método de Kirby-Bauer). O perfil de resistência foi traçado utilizando o resultado do antibiograma para os antimicrobianos pertencentes a classe dos beta-lactâmicos e aminoglicosídeos. Em relação ao tipo de amostra recebida, observa-se que as mais frequentes são: Urina - 41,18% (21/51), Fragmento de órgãos oriundos de necropsia – 9,80% (5/51), Cerúmen – 7,84% (4/51), Swab de superfície ocular - 3,92% (2/51) e Lavado traqueal - 3,92% (2/51). Os animais acometidos foram: Caninos – 39,22% (20/51), Animais Silvestres – 35,29% (18/51), Felinos – 19,61% (10/51), Bovinos – 3,92% (2/51) e Equinos 1,96% (1/51). No tocante a multirresistência, foi observado que 22,41% (13/58) das bactérias apresentaram a resistência a apenas um antimicrobiano, 20,69% (12/58) apresentaram a resistência a dois antimicrobianos, 17,24% (10/58) bactérias apresentaram a resistência a três antimicrobianos e apenas 1,72% (1/58) bactéria apresentou a resistência a quatro antimicrobianos. Além disso, evidencia-se que nenhuma bactéria apresentou resistência a mais de quatro antimicrobianos, 12,06% (7/58) das bactérias foram sensíveis a todos os antimicrobianos testados e o teste de susceptibilidade aos antimicrobianos não foi realizado em 25,86% (15/58) dos casos. Em relação à resistência aos antimicrobianos pertencentes aos beta-lactâmicos, os resultados foram agrupados em dois grupos, as penicilinas e as cefalosporinas. Referente ao primeiro grupo, podemos observar: Penicilina G – 100% (5/5), Amoxicilina – 72,2% (13/18), Amoxicilina + Clavulanato – 16,7% (3/18) e Ampicilina + Sulbactam – 17,61% (4/17). As cefalosporinas, por sua vez, apresentaram os seguintes resultados: Cefalexina (CFE) -38,46% (5/13), Cefalotina (CFL) – 70% (14/20), Ceftriaxona (CRO) – 16,67% (2/12), Cefoxitina (FOX) – 40% (2/5), Ceftadizima (CAZ) – 33,33% (1/3), Ceftiofur (CTF) – 0% (0/2), Cefepime (CPM) – 0% (0/1) e Cefetaxima (CTX) – 0% (0/1). No tocante aos aminoglicosídeos, nota-se que: Amicacina (AMI) – 0% (0/11), Estreptomicina (EST) - 50% (2/4), Gentamicina (GEN) – 29,16% (7/24), Neomicina (NEO) – 40% (2/5) e Tobramicina (TOB) – 100% (1/1). Os percentuais elevados de resistência aos antimicrobianos ressaltam o quão preocupante é esse fenômeno. É importante ressaltar que o tratamento empírico, aquele que é realizado sem a orientação de um antibiograma, pode contribuir para a seleção de bactérias resistentes e representou 25,68% dos casos. Os antimicrobianos que são mais utilizados rotineiramente, como as penicilinas, apresentaram percentuais de resistência muito elevados, entretanto, quando associados à inibidores de beta-lactamases, tiveram a sua eficácia aumentada significativamente. Em relação às cefalosporinas e os aminoglicosídeos, com exceção da cefalotina e cefalexina, apresentaram baixas porcentagens de resistência. Entretanto, é importante que sejam utilizados de maneira consciente, a fim de preservar a sua eficácia. É importante realizar um estudo aprofundado, para identificar os genes de resistência presentes nos isolados bacterianos, com o intuito de compreender a extensão do problema e monitorar a sua evolução.

Details

ISSN :
25258761
Volume :
8
Database :
OpenAIRE
Journal :
Brazilian Journal of Development
Accession number :
edsair.doi...........30c3e1ea2eece771d14d9696c695c552