Crenças criminógenas no ciclo de vida : um estudo em adultos da população geral

Dissertação de Mestrado apresentada no ISPA – Instituto Universitário para obtenção de grau de Mestre na especialidade de Psicologia Clínica. As crenças criminógenas permitem a racionalização do comportamento antissocial, tendo por isso um papel fundamental na delinquência. Estudos sugerem uma relação negativa com a idade, mas poucos abordam diferenças na forma como se manifestam ao longo da vida. São também diminutos os estudos que abarcam várias faixas etárias do ciclo de vida. Assim, a presente investigação pretende: 1) Explorar as propriedades psicométricas da Escala de Crenças Criminógenas (CCS) em adultos portugueses; 2) Averiguar e identificar diferenças no nível de crenças criminógenas, entre diferentes faixas etárias do ciclo de vida. O estudo utilizou 598 adultos da população geral, entre os 18 e 89 anos, agrupados consoante a sua faixa etária: fim da adolescência/início da idade adulta; idade adulta; meia idade; idosos. A validade de construto da CCS foi testada através da análise fatorial exploratória, resultando numa versão unidimensional de 16 itens, com propriedades psicométricas satisfatórias. As crenças criminógenas expressaram-se de forma distinta entre as faixas etárias do ciclo de vida analisadas. O seu nível médio foi significativamente maior no final da adolescência/início da idade adulta, diferindo estatisticamente dos restantes grupos etários. Entre os grupos etários que sucedem ao final da adolescência/início da idade adulta não houve diferenças significativas, embora os idosos tenham demonstrado um ligeiro aumento destas crenças. Contrariamente ao esperado, as crenças criminógenas não diminuíram progressivamente ao longo de todas faixas etárias estudadas, pelo que não acompanharam inteiramente o padrão da curva idade-crime descrita na literatura. Oferecem-se sugestões para investigações futuras, assim como recomendações clínicas e sociais. Criminogenic cognitions allow for the rationalization of antisocial behavior, thus playing a fundamental role in delinquency. Studies suggest a negative relationship with age, but few approach differences in how criminogenic cognitions manifest throughout life and few include several age groups of the life-course. Therefore, the present research aims to: 1) Explore the psychometric properties of the Criminogenic Cognitions Scale (CCS) in an adult Portuguese sample. 2) Investigate and identify differences in the level of criminogenic cognitions, among different age groups of the life-course. The sample of this study was comprised of 598 adults of the general population, between 18 and 89 years old, grouped according with age: end of adolescence/start of adulthood; adulthood; middle age; elderly. Construct validity of the CCS was assessed with exploratory factor analysis, which resulted in 16 item, one-dimensional version with satisfactory psychometric properties. Criminogenic cognitions expressed themselves differently among the studied age groups of the life-course. Their average level was significantly higher at the end of adolescence/start of adulthood, where they significantly differed from other age groups. No significant differences between age groups were found following the end of adolescence/start of adulthood, although the elderly exhibits a slight average increase in the level of these cognitions. Contrary to what was expected, criminogenic cognitions did not progressively decrease throughout all age groups that were analyzed and hence did not entirely follow the pattern of the age-crime curve described in literature. Suggestions for future research, as well as clinical and social recommendations are offered.