Os contributos da autocompaixão e da esperança para o bem-estar psicológico e subjetivo de adolescentes do ensino secundário

Dissertação de Mestrado em Temas de Psicologia do Desenvolvimento, apresentada à Universidade de Coimbra. Orientação da Professora Doutora Luiza Nobre Lima. Apesar de a adolescência já não ser considerada como um período do desenvolvimento humano caraterizado pela agitação e pela tensão, os adolescentes estão mais vulneráveis do que os adultos a ameaças ao seu bem-estar, principalmente quando os riscos se sobrepõem às oportunidades desta etapa da vida (Steinberg, 2005). Dada a escassez da investigação sobre o bem-estar na adolescência, o presente estudo, realizado com uma amostra de 402 adolescentes do ensino secundário (44% são rapazes e 56% são raparigas), com idade compreendidas entre os 15 e os 19 anos, tem como objetivo analisar e avaliar os contributos da autocompaixão e da esperança para o bem-estar psicológico e subjetivo neste período do desenvolvimento humano. Para esse efeito, foram aplicados os seguintes instrumentos: questionários de dados sociodemográficos e de outros considerados relevantes; Scales of Psychological Well- Being, de Ryff (1989a, 1989b), adaptada e validada para adolescentes portugueses por Fernandes (2008); Positive and Negative Affect Schedule, elaborada por Watson, Clark e Tellegen (1988), validada para amostras portuguesas por Simões (1993); Satisfaction With Life Scale, elaborada por Diener, Emmons, Larsen e Griffin (1985), validada para adolescentes portugueses por Neto (1993); Self-Compassion Scale, de Neff (2003a), adaptada para adolescentes portugueses por Pinto-Gouveia, Cunha, Xavier e Castilho (2011); e Children’s Hope Scale, de Snyder et al. (1997), adaptada para a população portuguesa por Marques, Pais-Ribeiro e Lopez (2009). Os resultados obtidos indicam que a autocompaixão se constitui como uma variável altamente preditora da regulação da afetividade negativa e a esperança como uma variável consideravelmente preditora quer do bem-estar psicológico quer da afetividade positiva, o que legitima a implementação de programas promotores do desenvolvimento de competências autocompassivas e de um pensamento esperançoso na adolescência. Although adolescence is no longer considered a period of human development characterized by agitation and tension, adolescents are more vulnerable than adults to threats in their well-being, especially when the risks surpass the opportunities that are part of this stage of life (Steinberg, 2005). Due to the lack of research on well-being in adolescence, this study conducted with a sample of 402 adolescents of secondary education (44% of the sample are boys and 56% are girls), aged between 15 and 19 years, was set to analyze and evaluate the contributions of self-compassion and hope for the psychological and subjective wellbeing in this period of human development. To this study, the following instruments were applied: sociodemographic data questionnaires and others considered relevant; Scales of Psychological Well-Being (Ryff, 1989a, 1989b; Portuguese version Fernandes, 2008); Positive and Negative Affect Schedule (Watson, Clark, & Tellegen, 1988; Portuguese version Simões, 1993); Satisfaction With Life Scale (Diener, Emmons, Larsen, & Griffin, 1985; Portuguese version Neto, 1993); Self-Compassion Scale (Neff, 2003a; Portuguese version Pinto-Gouveia, Cunha, Xavier, & Castilho, 2011); and Children's Hope Scale (Snyder et al., 1997; Portuguese version Marques, Pais-Ribeiro, & Lopez, 2009). The results indicate that self-compassion is a high predictor regarding the regulation of negative affectivity and that a hopeful thinking is a significant predictor of psychological well-being as well as of positive affectivity. Therefore, this legitimizes the implementation of programs that promote development of self-compassion skills and a hopeful thinking in adolescence.