A exposição à violência interparental a partir de uma abordagem cognitivo-contextual: Estudo qualitativo com profissionais do sistema de promoção e proteção

A presente dissertação objetivou explorar o fenómeno da exposição à violência interparental (EVIP) sob a perspetiva dos profissionais do Sistema de Promoção e Proteção. Este estudo foi desenvolvido a partir do modelo cognitivo-contextual, desenvolvido por Grych & Fincham (1990), que permite compreender o papel de múltiplas variáveis que podem explicar os comportamentos de coping em crianças e jovens expostos à violência interparental. Participaram, neste estudo, 19 profissionais (100% sexo feminino) a desempenhar funções em três Comissões de Proteção de Crianças e Jovens (CPCJ). Os participantes-alvo foram jovens com idades compreendidas entre 10 e 16 anos (M=13.58; DP= 1.98) sinalizados nestas CPCJs e acompanhados pelos respetivos profissionais. A recolha de dados foi efetuada com recurso a um guião de entrevista semiestruturado construído com base no referido modelo teórico. Os dados recolhidos foram explorados com recurso à análise temática. Os resultados obtidos neste estudo revelaram 11 temas centrais, dos quais quatro emergiram exclusivamente dos dados obtidos (i.e., Fatores de Risco para o Conflito Interparental; Impacto do Comportamento de Coping no Conflito, Impacto do Conflito no Funcionamento Individual e Impacto do Conflito na Qualidade das Relações Pais-filhos) e os restantes sete estão ancorados no referencial teórico cognitivo-contextual (Conflito Interparental; Contexto Distal; Contexto Proximal; Processamento Primário; Processamento Secundário; Afeto; Comportamento de Coping). A investigação permitiu a caracterização dos aspetos subjacentes à multidimensionalidade da dinâmica de EVIP, e os resultados serão discutidos à luz das suas implicações para a avaliação e intervenção neste contexto. This thesis intended to explore the interparental violence from the professionals’ perspectives in the Child Protection System (CPS). This study was based on the cognitive-contextual model developed by Grych & Fincham (1990), which allows to understand the role of multiple variables in the coping behavior of children and youth who experience interparental violence. Nineteen professionals participated in this study (100% females), who work in three Child Protection Agencies. The target participants were adolescents aged between 10 and 16 years old (M=13.58; DP= 1.98) who have a CPS record managed by these professionals. The data collection was done through a semi-structured interview guide based on the theoretical model. The data was analyzed with a thematic analysis strategy. The results revealed 11 main themes, of which four emerged exclusively from the data (i.e., Risk Factors for the Interparental Conflict; Impact of the Coping Behavior on the Conflict; Impact of the Conflict on Individual Functioning, and Impact of the Conflict on the Quality of Parent-Child Relationships) and the remaining seven are anchored in the cognitive-contextual theoretical framework (i.e., Interparental Conflict; Distal Context; Proximal Context; Primary Processing; Secondary Processing; Affect; Coping Behavior). The research enabled a description of the underlying aspects of the multidimensionality of the EVIP, and the results will be discussed considering its implications for the evaluation and intervention in this context.