Mário Domingues, Race, and the Black Modernist Novel in Portugal (O preto do Charleston [1929])

Abstract:This article explores the novel O preto do Charleston (1929), by the Black Portuguese writer, journalist, anarchist, and anti-racist/anti-colonial activist Mário Domingues (1899–1977), considered against the backdrop of the racial regimes of Portuguese modernism and the transnational currents of the Black Atlantic. It argues that Domingues's political thought and the cultural influences of the Black Atlantic, along with his place as a Black intellectual and artist in early twentieth-century Lisbon, shaped his literary production, whilst the exploration of modernist literary themes and aesthetics in his novel offered the Príncipe-born writer new and original ways of addressing his anti-racist, anti-colonial, and anarchist ideas. More precisely, I propose that, in O preto do Charleston, Domingues challenged Fernando Pessoa's (1888–1935) narrative of aesthetic and national renewal with a Black modernist critique of modernity and its racial hierarchies, claiming a place for his literary production in the context of both Portuguese modernism and the modernisms of the Black Atlantic.Resumo:Este artigo explora a novela O preto do Charleston (1929), do escritor, jornalista, anarquista e activista antirracista/anticolonial português Mário Domingues (1899–1977), considerada no contexto dos regimes raciais do modernismo português e das correntes transnacionais do Atlântico Negro. Argumento que o pensamento político de Domingues e as influências culturais do Atlântico Negro, juntamente com o seu lugar enquanto intelectual e artista negro no início do século XX lisboeta, moldaram a sua produção literária, enquanto o recurso a temas literários e opções estéticas modernistas ofereceram ao escritor nascido na Ilha do Príncipe formas novas e originais de tratamento das suas ideias antirracistas, anticoloniais e anarquistas. Mais precisamente, proponho que, em O preto do Charleston, Domingues desafiou a narrativa de renovação estética e nacional de Fernando Pessoa (1888–1935) através de uma crítica modernista Negra da modernidade e das suas hierarquias raciais, afirmando um lugar para a sua produção literária simultaneamente no contexto do modernismo português e dos modernismos do Atlântico Negro.