Dissertação de Mestrado apresentada ao ISPA - Instituto Universitário A Personalidade é um dos objetos de estudo de maior relevância no campo das ciências sociais, que tem sido alvo de inúmeros estudos de investigação, dando origem a diferentes teorias sobre a sua estrutura, formação e funcionamento. O presente estudo pretende abordar de que forma a mudança na estrutura da personalidade versus mudança dos sintomas evoluem ao longo de um processo terapêutico. Neste sentido, a revisão de literatura incide sobre o conceito de personalidade e sua mudança, apresentando diferentes abordagens teóricas propostas por alguns autores, passando pela questão fundamental do próprio conceito de mudança em psicoterapia. Ao longo da exposição teórica, serão abordados alguns estudos que permitem entender de que forma a mudança da personalidade e dos sintomas ocorrem ao longo de um processo psicoterapêutico. A partir da literatura revista, conclui-se que essas mudanças são efetivamente mais notórias ao nível dos sintomas logo no início da terapia, comparativamente aos traços de personalidade que revelaram necessitar de um maior tempo de psicoterapia para que essa mudança ocorra. ABSTRACT: Personality is one of the objects of study most relevant in the social sciences, which has been the subject of numerous research studies, giving rise to different theories about its structure, formation, function. The present study aims to address how the changing structure of personality versus change of symptoms evolve over a therapeutic process. In this sense, the literature review focuses on the concept of personality and its change, presenting different theoretical approaches proposed by some authors, through the fundamental question of the concept of change in psychotherapy. Along the theoretical exposition, some studies that allow us to understand how the change of personality and symptoms occur along a psychotherapeutic process will be addressed. From the literature reviewed, it is concluded that these changes are actually more noticeable at the level of symptoms early in therapy, compared to personality traits revealed that require a longer psychotherapy for this change to occur. RESUMO: Problema: A perceção ao nível da mudança em psicoterapia de que os sintomas são os primeiros indicadores de mudança em relação aos traços de personalidade, tem vindo a ser apoiada pela literatura pesquisada. Contudo, não são muitos os estudos que relacionam estes dois conceitos. Objetivo: perceber, em contexto de psicoterapia analítica, a relação entre as mudanças na personalidade e o grau de sintomatologia apresentada em duas pacientes seguidas em psicoterapia, por diferentes terapeutas, por um período de 2 anos. Método: A personalidade foi avaliada através das gravações áudio de 4 sessões por cada período de avaliação: início, 6, 12, 18 e 24 meses com o Shedler-Westen Assessment Procedure (SWAP-200; Shedler & Westen, 1998). Os sintomas foram medidos através do Symptom Checklist-90- Revised (SCL-90-R; Derogatis & Savitz, 2000), em cinco e três momentos distintos na paciente 1 e paciente 2 respetivamente, ao longo do processo psicoterapêutico. Resultados: Concluiu-se que, tanto para a paciente 1 como para a paciente 2, a mudança sintomática deu-se mais rapidamente do que a mudança ao nível da personalidade. ABSTRACT: Problem: The perception at the level of changing in psychotherapy whose symptoms are the first indicators of changing in relation to personality traits, has been supported by literature. However, not many studies link these two concepts. Objective: To understand, in the context of analytic psychotherapy, the relationship between changes in personality and the degree of symptoms reported in two patients in psychotherapy followed by different therapists, for a period of 2 years. Method: Personality was assessed using the audio recordings of 4 sessions per each period: starting with 6, 12, 18 and 24 months with the Shedler-Westen Assessment Procedure (SWAP-200; Shedler & Westen, 1998). Symptoms were measured by the Symptom Checklist-90-Revised (SCL-90-R, Derogatis & Savitz, 2000), in five and three distinct moments in patient 1 and patient 2 respectively, during the psychotherapeutic process. Results: It was found that for both patient 1 and patient 2 the symptomatic change was faster than the change at the level of personality.