Este ensaio procura analisar a evolução da cena econômica e institucional brasileira que vem produzindo uma nova relação entre as grandes empresas, seus acionistas e os intermediários financeiros e espraiando suas conseqüências sobre os sindicatos e a previdência. O autor aborda as vicissitudes das tentativas de instalação no Brasil do modelo de governança corporativa, usando as câmaras setoriais como um contraponto cognitivo. Apresenta também algumas particularidades da tramitação recente das leis que regulam a governança corporativa, enfocando as dificuldades enfrentadas pelos agentes que tentam trazer esse conceito, oriundo do mundo financeiro anglo-saxão, para a cena brasileira. A discussão pretende mostrar que, de um lado, as dificuldades são expressão da resistência do modelo de capitalismo brasileiro, que passa, atualmente, por um processo de deslegitimação causado pela prevalência dos partidários da globalização, considerados os intelectuais orgânicos das elites dominantes do momento; de outro, que os atores "globalizantes" recebem uma ajuda decisiva e aparentemente inesperada das cúpulas do movimento sindical, o que influencia bastante a disputa econômica e política travada em torno da implantação ou não da governança corporativa e seus contornos. This essay aims to analyze the evolution of the Brazilian economical and institutional scene that has both produced a new relationship among big corporations, shareholders, and commission agents, and spread its consequences over unions and the security service. The article points the vicissitudes of the attempts to install the corporative governance model in Brazil, using the parceled chambers as a cognitive counterpoint. It shows also some particularities on the recent dealings with laws that regulate the corporative governance, focusing on the difficulties faced by the agents who have attempted to bring such concept, natural of the Anglo-Saxon finance community, to the Brazilian scene. The discussion intends to show that, from one point of view the difficulties are an expression of the Brazilian capitalism model, which has currently undertaken a process of delegitimization caused by the prevalence of those who favor globalization, taken as the organic intellectuals of the current dominating elites; from another, it shows that the "globalizing" actors have received a decisive and somewhat unexpected help from the high ranks of the union movement, which by all means greatly influences the economic and political dispute fought around the implementation or not of the corporative governance and its boundaries. Cet article analyse l'évolution de la scène économique et institutionnelle brésilienne, qui crée une nouvelle relation entre les grandes entreprises, leurs actionnaires et les intermédiaires financiers. Les conséquences de cette évolution se font sentir sur les syndicats et la sécurité sociale. L'auteur aborde les vicissitudes des essais d'installation au Brésil du modèle de gouvernance corporative, en utilisant les chambres sectorielles comme un contrepoint cognitif. L'article présente également quelques particularités sur le processus récent de formation des lois qui règlent la gouvernance corporative, en axant les difficultés encourues par les agents qui tentent de transposer ce concept issu du monde financier anglo-saxon à la scène brésilienne. La discussion prétend montrer que, d'un côté, les difficultés sont l'expression de la résistance du modèle de capitalisme brésilien, qui passe, actuellement, par un processus de dé-légitimation causé par la supériorité des partisans de la globalisation, considérés comme étant les intellectuels organiques des élites dominantes du moment et, d'un autre côté, que les acteurs "globalisants» reçoivent une aide décisive et apparemment inattendue de ceux qui sont à la tête du mouvement syndical, ce qui a une influence énorme sur la dispute économique et politique mise en place autour de l'implantation (ou pas) de la gouvernance corporatiste et de ses contours.