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Inserido no contexto da cosmogonia, narrada poeticamente por Ovídio (43 a.C. – 17 d.C.) no início de suas Metamorfoses, este estudo volta-se, mais especificamente, ao processo de organização e composição dos elementos primordiais que enformam o mundo, após o Caos, a origem de tudo. O recorte em análise consiste nos hexâmetros de número 21 a 75 do Livro I, que sucedem a descrição do Caos e antecedem a antropogonia. No excerto, privilegiam-se os minerais, a flora e a fauna, com destaque aos quatro elementos primordiais: o fogo, o ar, a terra e a água. Com essa distinção, o mundo vai se enformando a partir de uma “receita da vida”, passo a passo. Entre o Caos e o Cosmo, procura-se traçar o sistema de criação do mundo, levantando recursos inventivos da linguagem que compõem os hexâmetros ovidianos, haja vista a ordenação textual. Portanto, entre a ordem do mundo e a dos versos, consideram-se a imagética e os efeitos de sentido suscitados. Ademais, o estudo apresenta uma tradução que apoia a análise literária. Inserted in the cosmogonic theme, poetically narrated by Ovid (43 BC - 17 AD) at the beginning of his Metamorphoses, this study focuses, more specifically, on the process of organization and composition of the primordial elements that shape the world, after the Chaos, the origin of everything. The excerpt under analysis consists of the hexameters from number 21 to 75, in Book I, which succeed the description of the Chaos and precede the anthropogony. In this thematic section, one highlights the minerals, flora, and fauna, with emphasis on the four primordial elements: fire, air, earth, and water. With its distinction, the world is being formed from a “recipe for life”, step by step. Between Chaos and Cosmos, one traces, in the Ovidian verses, the system of creation of the world, searching expressive language resources that compose these hexameters, regarding its textual ordering. Therefore, between the order of the world and the order of the verses, one considers the imagery and the meaning effects aroused. Moreover, this study presents a translation that supports the literary analysis.

Apresentam-se duas traduções variacionais do episódio da matrona de Éfeso, extraído do livro Satíricon, de Petrônio (século I d.C.). Ambas as traduções, que partem do texto original latino, expressam-se mediante variantes linguísticas brasileiras e propõem equivalentes cômicos da obra romana. Especificamente, a primeira tradução procura representar uma variante da região do interior paulista como expressão materna. A segunda, de teor mais experimental, vale-se da imitatio do falar interiorano para provocar efeito de caipira, a partir dos descritores linguísticos que demarcam a variante. Dessa forma, procura-se demonstrar ser possível verter um texto antigo para uma variante sem incidir em possíveis preconceitos. Mais importante, deseja-se reavivar, em português caipira, a maestria cômica do arbiter elegantiae.

espanolEn este trabajo me propongo examinar los “Apuntes para un curso de literatura latina” publicados por Jose Canalejas Mendez entre 1874 y 1876. El analisis mostrara como la obra se inserta en la tradicion de la centuria anterior, pero es capaz tambien de superarla para conformar una sintesis particular en el contexto en que se esta conformando, tambien, la escuela de filologia espanola. En este sentido, debe recordarse que la Historiografia de la Literatura Latina nace unida a la de la Literatura Espanola. Desde el punto de vista metodologico, se formulan algunas propuestas para el analisis de los textos con los que se construye la Historiografia de la Literatura Latina. EnglishIn this work I propose to examine the “Apuntes para un curso de literatura latina” published by Jose Canalejas Mendez between 1874 and 1876. The analysis will show how the work is inserted in the tradition of the previous century, but it is also capable of surpassing it to conform a particular synthesis in the context in which the school of Spanish philology is also being formed. In this sense, it should be remembered that the Historiography of Latin Literature is born together with that of Spanish Literature. From the methodological point of view, some proposals are formulated for the analysis of the texts with which the Historiography of Latin Literature is constructed.

O objetivo deste artigo é discutir a forma a partir da qual Ovídio constrói paradigmas de crueldade e inclemência que substituiriam conhecidos exempla, propondo aqueles que pertencem a seu exílio como novos exemplos e termos de comparação. Em um primeiro momento, reflete-se sobre a utilização do tropo da hipérbole durante o exílio no recurso da refutatio exemplorum, mediante a qual Ovídio desestima exempla conhecidos para postular instâncias de sua situação de relegado como novos paradigmas. Depois, analisa-se a forma a partir da qual Ovídio constrói seus inimigos, sejam esses seus detratores ou ainda o próprio Augusto, como mais cruéis e inclementes que qualquer outro. Para isto, se dará atenção a Tr. 3.11. 39-54, 5.1.53-54, 5.12.47-48, Pont. 2.9.44 e 3.5.42, trechos a partir dos quais serão analisadas as figuras de Busíride, Fálaris e Perilo como exempla de crueldade e inclemência. Por último, a modo de conclusão, reflito sobre a utilidade dos exempla, que, longe de serem ineficazes como modelos, oferecem como consequência teórica a oportunidade de manipular a tradição literária anterior por meio das comparações e refutationes. Em consequência, Ovídio propõe-se a si mesmo, e a sua situação, como autoridade. The aim of this paper is to discuss the way in which Ovid builds paradigms of cruelty and inclemency that would replace known exempla, proposing those belonging to his exile as new examples and as new terms of comparison. First, I reflect on the use of the hyperbole trope during exile on the recourse to the refutatio exemplorum, through which Ovid dismisses known exempla to postulate instances of his situation in exile as new paradigms. Then, I analyze how Ovid presents his enemies, either his detractors or even Augustus, as crueler and more inclement than any other. For this, I turn to Tr. 3.11. 39-54, 5.1.53-54, 5.12.47-48, Pont. 2.9.44 and 3.5.42, from which I examine the figures of Busiris, Phalaris and Perillus as examples of cruelty. Finally, in conclusion, I reflect on the usefulness of exempla, which, far from being ineffective as models, offer the opportunity to manipulate the previous literary tradition by means of comparisons and refutationes. As consequence, Ovid proposes himself, and his situation, as authority.

As narrativas literárias, ao longo do tempo, como a Epopeia de Gilgamesh e a Ilíada, encontram-se repletas de exemplos de pessoas extraordinárias, indivíduos que ficaram imortalizados pelos seus grandes feitos, pelas circunstâncias que os envolveram, pelo modo como prosperaram e venceram. No fundo, verdadeiros heróis. A definição da figura do herói, como representativa de um modelo intemporal de coragem, virtude e ousadia, não é, contudo, imutável. Ao longo do tempo, novas personagens são inseridas no núcleo heroico, sendo que outras são colocadas em causa. O caminho dos nossos vencidos gloriosos apresenta-se menos linear, no sentido em que a sua glória não se deve ao facto da vitória sobre outro. O que importa na sua jornada heroica é o percurso que trilharam, mas, sobretudo, o êxito alcançado quando os seus próprios limites foram colocados à prova. Os casos de estudo da presente dissertação que se inserem nesta definição, Gilgamesh, Heitor, os 300 de Esparta e Aníbal, são figuras que assumiram protagonismo no relato literário e histórico, como tendo sido, de alguma forma, vencidos na sua jornada, mas que, apesar disso, triunfaram de forma heroica, atingindo assim glória e imortalidade Many literary tales throughout time, like the Epic of Gilgamesh and The Iliad, find themselves filled with extraordinary people, individuals who were immortalized because of their great deeds, the circumstances surrounding them, and the way by which they have thrived and achieved victory. Indeed, true heroes. The definition of what a hero is, however, as a representation of a timeless model of courage, virtue, and confidence, is not unchangeable. Throughout History, new characters are added to the heroic plateau, and the position of others who found themselves already there is questioned. Our glorious fallen took a less obvious road, in the sense that the glory they achieved wasn’t through victory against another. What really matters in their heroic voyage is not the destination, but the journey itself, and the success accomplished when their limits were tested. The case studies of this analysis are individuals who fit the above-mentioned description. Gilgamesh, Hector, the 300 of Sparta and Hannibal have gained significance in both literary and historic records as characters who were defeated at some point during their journey. Despite that, in the end, they triumphed heroically, and managed to achieve glory and immortality.

The first dialogue of Cicero's De finibus is dedicated to the discussion of Epicurus' moral thought. The main characters are Torquatus and Cicero. In the first book, Torquatus’ speech exposes the theory of pleasure. Cicero refutes his interlocutor in book II. An important point in the discussion concerns the foundation of friendship. Here we present a Portuguese translation of excerpts, taken from the speeches of the two characters mentioned, that constitute the controversy about the Epicurean notion of friendship: Fin. I, 65-70; II, 78-85. The translation is accompanied by a brief introduction and explanatory notes. O primeiro diálogo do De finibus de Cícero é dedicado à discussão do pensamento moral de Epicuro. As personagens principais são Torquato e Cícero. No livro I, o discurso de Torquato expõe a teoria do prazer. Cícero refuta seu interlocutor no livro II. Um ponto importante da discussão diz respeito à fundamentação da amizade. Apresentamos aqui uma tradução em português de trechos, tomados dos discursos das duas personagens mencionadas, que constituem a controvérsia sobre a noção epicurista de amizade: Fin. I, 65-70; II, 78-85. A tradução é acompanhada de uma breve introdução e de notas explicativas.

El presente capítulo trata sobre la figura y el pensamiento de una filósofa del siglo XVII que, a diferencia de los otros casos en este volumen, vivió en nuestro territorio americano. Juana Inés de la Cruz, sor Juana, es considerada la décima musa porque es la figura más destacada de la literatura hispanoamericana de aquel siglo. En esta afirmación se encuentra un primer problema a pensar: nuestra filósofa es considerada mayoritariamente como una literata. Este es el hecho por el cual, en lo personal, el acercamiento a Juana Inés me resulta más dificultoso que el acercamiento a otras filósofas. No solo porque se trata de escritos con forma literaria -algo que se encuentra en otras manifestaciones de filósofas-, sino además porque el tipo de forma literaria de algunas de sus obras es la poesía barroca. Ahora bien, el contenido de su poema filosófico más reconocido, Primero sueño, tiene aspectos claros de la filosofía platónica a la que me he dedicado, por lo cual, pasada la primera dificultad de la forma, hemos empezado a entendernos con Juana Inés.En lo que sigue realizaré un bosquejo de la vida de nuestra autora y de las características de la poesía barroca, para luego concentrarme en la producción filosófica de Juana Inés, la cual se encuentra diseminada por toda su obra. Sin embargo, me restringiré a los escritos que los estudios críticos destacan por abordar temas filosóficos, estos son: su poema Primero sueño (1685), su Carta atenagórica (1690) y la Respuesta a Sor Filotea de la Cruz (1691), donde no solo se leerá su filosofía sino también su feminismo. No es mi intención realizar una crítica literaria, sino justamente disfrutar del pensamiento filosófico de una gran escritora. Fil: Strok, Natalia. Universidad Nacional de La Plata. Facultad de Humanidades y Ciencias de la Educación. Instituto de Investigaciones en Humanidades y Ciencias Sociales (UNLP-CONICET); Argentina.

Contenido: "Toda la tragedia y la comedia de la vida" : sobre la mezcla de afectos y géneros en el Filebo de Platón / Irmgard Männlein-Robert.-- Filosofía y sátira : el Φιλοπλάτων de Teodoro Pródromos (H 149) / Pablo Cavallero.-- El discurso persuasivo y las estrategias lingüísticas de Clitemnestra en Agamenón de Esquilo : la palabra como artificio en pos del poder / Carla Estefanía Di Palma ; Virginia Tello.-- Frases proverbiales latinas con sentido figurado y el problema de su traducción / Violeta Palacios.-- Los nombres propios en el libro XI de Marx Carmina Saturae de Lucilio : estrategias lingüísticas y la configuración enunciativa del yo satírico / María Florencia Saracino ; Lara Seijas.-- Pathos, auctoritas e Imperium en la representación de Venus Genetrix en Eneida / Patricia Zapata.-- Discípulo de todos, maestro de ninguno : Sexto Empírico y la filosofía / Marisa Divenosa.-- El fenómeno intertextual de la cita en el Annus Patiens del P. Peramás /Marcela Suárez.-- Los clásicos en el tiempo : Electra vive en casa / Elsa del Valle Danna.-- La imagen de Medea en la cerámica del pintor de Policoro y en la de su discípulo : representación pictórica de una metáfora emocional / Yanina Borghiani.-- Cuando el alumno moderno supera al maestro antiguo : la Atenea Lemnia de Fidias, la reconstrucción de Adolf Furtwängler y la reproducción de August Gerber / Milena Gallipoli.-- Reseñas: Platón, Cármides (traducción, introducción y notas de Marcelo Boeri), Buenos Aires, Colihue, 2021 / Mauricio Miño. Diógenes Laercio, Vidas de los filósofos ilustres: cínicos y estoicos (traducción, introducción y notas de Néstor L. Cordero), Buenos Aires, Colihue, 2021 / Valentín Zabala.-- Jorge Fernando Navarro, El concepto de justicia en la filosofía de Epicuro, Buenos Aires, Miño y Dávila, 2022 / Amaranta Ortega.

Although literature was in Rome almost exclusively an activity of men, also some Roman women came to express themselves through written word. We only keep isolated texts or fragments of these female writers, which do not usually receive the attention of anthologies and Latin literature handbooks. In this work, we analyze how the study of literature is oriented in the curriculum of Latin II of 2nd Baccalaureate and we make a proposal to contribute to literary education through the inclusion of texts by these women in the subject. Aunque la literatura fue en Roma una actividad prácticamente exclusiva de los hombres, también algunas mujeres romanas llegaron a expresarse mediante la palabra escrita. De esas escritoras únicamente conservamos textos aislados o fragmentos, que no suelen ser objeto de atención de antologías y manuales de literatura latina. En este trabajo analizamos el modo en el que el currículo de Latín II de 2.º de Bachillerato orienta el estudio de la literatura y hacemos una propuesta para contribuir a la educación literaria mediante la inclusión de textos de esas mujeres en la asignatura. Bien que la littérature soit à Rome une activité pratiquement exclusive des hommes, certaines femmes romaines sont également venues s’exprimer par l’écrit. De ces femmes écrivaines, nous ne conservons que des textes isolés ou des fragments, qui ne font généralement pas l’objet de l’attention des anthologies et des manuels de littérature latine. Dans ce travail, nous analysons comment oriente l’étude de la littérature le curriculum de Latin II de 2e Baccalauréat et nous faisons une proposition pour contribuer à l’éducation littéraire par l’inclusion de quelques textes de ces femmes dans la matière.

Fil: Saracino, María Florencia. Universidad de Buenos Aires. Facultad de Filosofía y Letras. Instituto de Filología Clásica; Argentina Fil: Seijas, Lara. Universidad de Buenos Aires. Facultad de Filosofía y Letras. Instituto de Filología Clásica; Argentina Fil: Seijas, Lara. Universidad Nacional de Hurlingham; Argentina Resumen: En el libro XI de las Sátiras de Lucilio se presenta un despliegue de nombres propios que excedan su valor referencial y se vuelven portadores de un significado descriptivo. El particular estatuto de los nombres propios permite ahondar en estos en términos referenciales, e implica su absorción en la ficción satírica como configuradores de sentidos y de valores. Ellos representan el paradigma que expresa los valores positivos y negativos para su época, a la vez que dan cuenta de una toma de posición por parte del satírico para la condena de los vicios y para una posible definición de la sátira. Las referencias más o menos documentales a personajes de la época presentados como opuestos a Escipión se cargan en el código satírico de significados que exceden su valor referencial y que se entremezclan con oximorones, aliteraciones, paralelismos, metonimias, dobles sentidos, referencias a acontecimientos de la época, chistes y apodos graciosos configurando el contrapunto de la figura y el nombre de Escipión, en tanto portador de los mores maiores. A su vez, la configuración de este contrapunto contribuye a plantear una definición de sátira en la que es el ego satírico quien distribuye valores, juzga y presenta a su vez una determinada concepción de la historia. Abstract: Book XI of Lucilius‟ Satires presents an array of proper nouns that exceed their referential value and become bearers of a descriptive meaning. The particular status of proper nouns allows us to delve into them in referential terms, while also implying their absorption in satirical fiction as configurators of meanings and values. They represent the paradigm that expresses the positive and negative values for their time, while at the same time manifesting a position taken by the satirist for the condemnation of vices and for a possible definition of satire. The more or less documentary references to characters of the time presented as opposed to Scipio are charged in the satirical code with meanings that exceed their referential value and are intermingled with oxymorons, alliterations, parallelisms, metonymies, double entendres, references to events of the time, jokes, and comic nicknames, forming the counterpoint of the figure and name of Scipio, as the bearer of the mores maiores. In turn, the configuration of this counterpoint contributes to propose a definition of satire in which it is the satirical ego that distributes values, judges, and presents a certain conception of history.

Recolhem-se testemunhos de autores latinos do uso da palavra hiems, a que se atribui tanto o sentido próprio, de estação do ano, como o figurado, de «adversidades, tormentas». Do ponto de vista epigráfico, referem-se exemplos da legenda Hiems nos mosaicos das estações patentes em villae romanas (com especial destaque para o da villa de Ilunum) e recordam-se duas ocorrências em textos epigráficos propriamente ditos, as únicas conhecidas até ao momento: a do carmen epigraphicum de Mértola (IRCP 98) e a do pedestal de uma possível villa de Sétif (CIL VIII 8513), aqui pela primeira vez analisado nesse contexto. Alude-se também à eventual ocorrência da palavra num texto rupestre da Cueva Negra.

Este trabalho tenciona apresentar uma tradução com notas, em versos decassílabos, de duas passagens célebres do poema De rerum natura, de Lucrécio, texto basilar da literatura latina, que visava divulgar em versos a filosofia de Epicuro. São elas o proêmio da obra (v. 1-49), que consta de um hino em honra à deusa Vênus, identificada como a força criadora de todas as coisas, e aquela que acreditamos ser a própria proposição poética do texto (I, v. 921-950), em que o poeta expõe seus ideais estéticos e artísticos sobre a função de sua poesia. A novidade, por assim dizer, de nossa proposta consiste na tentativa de realizar uma tradução em versos decassílabos do poema, retomando e atualizando uma tradição vinda do século XIX, de quando foram feitas as primeiras traduções decassilábicas do De rerum natura, em português.