RESUMO O Brasil detém o maior rebanho bovino comercial do mundo, baseado na utilização de pastagens. Atualmente, o uso de leguminosas forrageiras vem crescendo, em consorciação com poáceas ou exclusiva (bancos de proteínas), entre as quais Stylosanthes capitata Swartz. tem se destacado. Porém, sua utilização comercial tem sido limitada, em decorrência da antracnose, causada pelo fungo Colletotrichum gloeosporioides. Este trabalho teve como objetivo identificar genótipos de S. capitata com alto grau de resistência à antracnose. O trabalho foi desenvolvido na Embrapa Gado de Corte, de 2012 a 2014. Inicialmente, semearam-se 30 acessos de S. capitata em casa de vegetação, mantendo-se apenas uma planta por recipiente, onde estas permaneceram durante sete semanas até a realização da inoculação. Em delineamento de blocos ao acaso, em esquema fatorial (30 acessos do hospedeiro x quatro isolados do patógeno), com 10 repetições, conduziram-se dois experimentos, em épocas diferentes. Os isolados monospóricos de C. gloeosporioides (GC2, GC20, GC672 e GC722) foram selecionados com base na sua representatividade das raças fisiológicas mais frequentes no Brasil. Tais isolados foram inoculados com suspensões de 106 conídios/mL nos acessos hospedeiros. Baseado no grau de resistência ao patógeno, os acessos foram classificados como imune a altamente suscetível. No campo, em experimento em blocos ao acaso com quatro repetições, avaliaram-se a severidade da doença em 44 acessos da leguminosa. Dentre os genótipos inoculados, nos dois experimentos, os acessos GC1081, GC1087, GC1090, GC1094, GC1173 e GC2298 comportaram-se como resistentes a todos os isolados do patógeno estudados. Os isolados GC2 e GC672 foram os mais agressivos, independentemente do acesso do hospedeiro. Os resultados do experimento de campo evidenciaram a variabilidade genética do germoplasma estudado quanto à resistência a essa doença. No entanto, não foi possível selecionar acessos resistentes ao patógeno. Em tais condições, pode ocorrer nova variação fisiológica do patógeno, mais agressiva que aquelas artificialmente inoculadas. Temperatura e umidade relativa médias de 22-26º C e 77% UR, respectivamente, proporcionaram condições adequadas para a evolução da doença no campo. ABSTRACT Brazil has the largest commercial cattle herd in the world, based on the use of pastures. Currently, the use of forage legumes has been increasing, in association with grasses or exclusive (protein banks), among which Stylosanthes capitata Swartz must be highlighted. However, their commercial use has been limited due to anthracnose, caused by the fungus Colletotrichum gloeosporioides. This study aimed to identify genotypes of S. capitata with high degree of resistance to anthracnose. The study was carried out at Embrapa Beef Cattle, from 2012 to 2014. Initially, thirty S. capitata accessions were sown in a greenhouse, keeping just one plant per pot, where they remained for seven weeks until inoculation. In a randomized block design, factorial arrangement (30 host accessions x 4 pathogen isolates), and 10 replicates, two experiments were conducted at different times. The single spore isolates of C. gloeosporioides (GC2, GC20, GC672 and GC722) were selected based on their representativeness of the most frequent physiological races in Brazil. These isolates were inoculated with suspensions of 106 conidia/mL in host accessions. Based on the degree of resistance to the pathogen, the accessions were classified from immune to highly susceptible. In the field, in a randomized block experiment, with four replicates, the disease severity was evaluated on 44 accessions of the legume. Among the inoculated genotypes in both trials, the accessions GC1081, GC1087, GC1090, GC1094, GC 1173 and GC2298 behaved as resistant to all isolates of the studied pathogen. GC2 and GC672 were the most aggressive isolates, regardless of the host accession. Results of the field experiment evidenced the genetic variability of the studied germplasm for resistance to this disease. However, it was not possible to select accessions resistant to the pathogen. Under such conditions, a new physiological variation of the pathogen can occur, more aggressive than the artificially inoculated ones. Average temperature and relative humidity of 22-26ºC and 77%, respectively, provided appropriate conditions for the disease evolution in the field.