As pretensões teóricas do presente trabalho conjunto se concentram, primeiramente, sobre a discussão do conceito de inconsciente que, por conseguinte, nos leva também a uma tomada de posicionamento a respeito do que seja o próprio pensamento. Enquanto uma primeira resposta, poderíamos tentar defini-lo como uma atividade da consciência. A partir da segunda filosofia de Wittgenstein, na obra Investigações Filosóficas, podemos encontrar a definição que ele dá para aquilo que configura o pensamento, sendo este um acontecimento dentro da linguagem, e assim se utiliza do solo comum da linguagem e da sua premissa de comunicabilidade para investigar seus níveis de intersubjetividade. Colocamos em comparação a esta ideia de pensamento apresentada por Wittgenstein para criar um paralelo com uma leitura sobre o conceito de inconsciente. Começando a nossa investigação sobre esse conceito, conforme foi colocado e apresentado pela psicanálise freudiana, como sendo uma parte subterrânea da psique que não se apresenta para a consciência, mas que aparece de maneira latente dentro do ato de pensamento como categoria de atribuição de sentido para a linguagem e seu uso. Deste modo, investigaremos seu método interpretativo de decodificação desse sentido inconsciente analisado dentro do uso da linguagem e como o próprio Wittgenstein criticou esse método enquanto uma metodologia científica. Por fim, como parte da conclusão entre um debate científico e estético articulado dentro da teoria wittgensteiniana e freudiana, gostaríamos de adicionar para dentro deste debate, ainda que de maneira breve, uma noção de inconsciente apresentada por Rancière para que então, possamos colocar em paridade as considerações feitas por Wittgenstein, juntamente com esta noção de Rancière, ao corroborar uma leitura da psicanálise freudiana que não parte mais estritamente de uma estrutura científica, mas para elaborar a possibilidade de uma leitura da psicanálise vinculada a estética e vinculada a arte.