Fundamentos: O teste de tansformação linfocitária (TTL) tem vindo a ser utilizado nas últimas décadas no estudo de reações alérgicas a fármacos. Baseia-se na deteção de uma resposta proliferativa das células T quando expostas ao fármaco suspeito e alguns grupos têm relatado uma sensibilidade e especificidade elevadas neste contexto. A sua validação necessita, contudo, de estudos mais alargados e melhor controlados. Objetivos: Avaliar o desempenho do TTL na identificação dos fármacos responsáveis por reações alérgicas e aferir os seus critérios de positividade, diferenciando os vários grupos farmacológicos e as reações observadas. Métodos: Foram avaliados os resultados de 95 testes de TTL, realizados em 73 doentes estudados por alergia medicamentosa e com um diagnóstico estabelecido com elevado grau de certeza pela clínica e testes cutâneos. Analisamos os resultados dos testes considerando os vários grupos de fármacos, as reações observadas e o tempo de demora entre a reação e a execução do TTL. Resultados: Os resultados analisados por grupos de fármacos evidenciaram sensibilidade / especificidade de 76,1 % / 57,1 % para os beta-lactamicos, de 83,3 % / 55,5 % para os anti-inflamatorios não esteroides, de 88,9% / 100% para os anticonvulsivantes e de 46,1 % / 66,7 % para os antibióticos não beta-lactamicos. Conclusões: A sensibilidade do TTL foi boa, exceto para os antibióticos não beta-lactamicos. Os resultados não foram tão bons para a especificidade, baixa para os anti-inflamatorios não esteroides, o que era expectável, mas foi abaixo da descrita por outros grupos para os antibióticos beta-lactamicos. Apesar disso, o TTL evidenciou um poder discriminativo de 70,6 % e permitiu confirmar a alergia a um fármaco em 36 casos, 58,1 % dos casos de alergia da amostra, cujos testes cutâneos eram negativos ou impossíveis de realizar. Justifica-se, assim, a sua utilização no estudo da alergia a fármacos, ainda que não permitindo dispensar uma cuidada análise da história clínica e a execução de testes cutâneos Background: The lymphocyte transformation test (LTT) has been used in the study of drug allergy for the last 3 decades. It bases on the detection of a proliferative T cell response in the presence of the drug to be tested and some groups present good results in identifying a culprit drug, sensitivity and specificity differing with the drug, the reaction and other factors. Validation of LTT depends, however, on larger and better controlled studies. Aims: To evaluate the LTT performance in identifying culprit drugs in allergic reactions and analyse positivity criteria regarding different pharmacological groups and observed reactions. Methods: We analysed the results of 95 LTT tests, performed in 73 patients submitted to a drug allergy evaluation who were diagnosed with a high level of certainty by clinic and skin tests. Drug classes, type of allergic reactions and time between those and test execution were taken into account. Results: Results by drug classes showed sensitivity/specificity of 76,1% / 57,1% for beta-lactams, 83,3% / 55,5% for non steroidal anti-inflammatory drugs, 88,9% / 100% for anticonvulsivants and 46,1% / 66,7% for non beta-lactam antibiotics. Conclusions: LTT sensitivity may be considered good, except for non beta-lactam antibiotics. As expected, specificity was low for non steroidal anti-inflammatory drugs, but was lower than generally described for beta-lactams. Nevertheless, LTT showed a discriminative power of 70,6% in this study and allowed to confirm a drug allergy diagnosis in 36 cases, 58,1% of allergy sample cases, where skin tests were negative or impossible to perform. So, its use in drug allergy is completely justified, although a careful clinical history and skin tests whenever possible must not be forgotten