Camila Damasceno dos Santos, Thiago Cavalcanti Leal, Carlos Dornels Freire de Souza, Denilson José de Oliveira, Amanda Karine Barros Ferreira de Araújo, Leonardo Feitosa da Silva, João Paulo Silva de Paiva, Renato de Souza Mariano, Monaliza Coelho Pereira, and Jussara Almeida de Oliveira Baggio
Resumo Fundamento As doenças cerebrovasculares (DCBV) constituem a segunda causa de mortes no mundo. Objetivo Analisar a tendência da mortalidade por DCVB no Brasil (1996-2015) e associação com o índice de desenvolvimento humano (IDH) e o índice de vulnerabilidade social (IVS). Métodos Trata-se de estudo ecológico envolvendo as taxas de mortalidade padronizadas por DCBV. Os dados dos óbitos foram obtidos do Sistema de Informações sobre Mortalidade e os dados populacionais, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Para as análises temporais, foi utilizado o modelo de regressão por pontos de inflexão, sendo calculado o percentual de variação anual (annual percent change [APC]) e médio do período (average annual percent change [AAPC]), com intervalo de confiança de 95% e significância de 5%. As tendências foram classificadas em crescente, decrescente ou estacionária. O modelo de regressão multivariada foi utilizado para testar a associação entre a mortalidade por DCBV, IDH e IVS. Resultados Foram registrados 1.850.811 óbitos por DCBV no período estudado. Observou-se redução da taxa de mortalidade nacional (APC: -2,4; p = 0,001). Vinte unidades federativas apresentaram tendências significativas, sendo 13 de redução, incluindo todos das regiões Centro-Oeste (n = 4), Sudeste (n = 4) e Sul (n = 3). O IDH teve associação positiva e o IVS, associação negativa com a mortalidade (p = 0,046 e p = 0,026, respectivamente). Conclusão O estudo mostrou comportamento epidemiológico desigual da mortalidade entre as regiões, sendo maior nos estados do Sudeste e Sul, porém com tendência significativa de redução, e menor nos estados do Norte e Nordeste, mas com tendência significativa de crescimento. O IDH e o IVS associaram-se com a mortalidade. (Arq Bras Cardiol. 2021; 116(1):89-99) Abstract Background Cerebrovascular diseases (CBVD) are the second major cause of death in the world. Objective To analyze the mortality trend of CBVD in Brazil (1996 to 2015) and its association with Human Development Index (HDI) and the Social Vulnerability Index (SVI). Methods This is an ecological study. We analyzed the mortality rate standardized by CBVD. Death data were obtained from the Mortality Information System (SIM) and populational data from the Brazilian Institute of Geography and Statistics (IBGE). The model of regression by inflection points (Joinpoint regression) was used to perform the temporal analysis, calculating the Annual Percent Change (APC) and Average Annual Percent Change (AAPC), with 95% of confidence interval and a significance of 5%. Trends were classified as increasing, decreasing or stationary. A multivariate regression model was used to analyze the association between mortality by CBVD, HDI and SVI. Results During this period, 1,850,811 deaths by CBVD were recorded. We observed a reduction in the national mortality rate (APC -2.4; p = 0.001). Twenty federation units showed a significant trend, of which 13 showed reduction, including all states in the Midwest (n=4), Southeast (n=4) and South (n=3). The HDI was positively associated and the SVI was negatively associated with mortality (p = 0.046 and p = 0.026, respectively). Conclusion An unequal epidemiological course of mortality was observed between the regions, being higher in the Southeast and South states, with a significative tendency of reduction, and lower in the North and Northeast states, but with a significative tendency of increase. HDI and SVI showed an association with mortality. (Arq Bras Cardiol. 2021; 116(1):89-99)