Submitted by Boris Flegr (boris@uerj.br) on 2020-08-02T16:49:51Z No. of bitstreams: 2 TESE - Helena Salgueiro Lermen completa bloqueada.pdf: 3250842 bytes, checksum: 9b3455193635f99318637f3cffb0e445 (MD5) TESE - Helena Salgueiro Lermen parcial.pdf: 2198261 bytes, checksum: 8dba927927b472d00e38d0581156d282 (MD5) Made available in DSpace on 2020-08-02T16:49:51Z (GMT). No. of bitstreams: 2 TESE - Helena Salgueiro Lermen completa bloqueada.pdf: 3250842 bytes, checksum: 9b3455193635f99318637f3cffb0e445 (MD5) TESE - Helena Salgueiro Lermen parcial.pdf: 2198261 bytes, checksum: 8dba927927b472d00e38d0581156d282 (MD5) Previous issue date: 2019-06-18 Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo a Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro In order to understand the social meanings attributed to the visit to penal institutions in which women are deprived of their liberty, I have conducted an ethnography with their relatives and local merchants in the southern region of Brazil between 2017 and 2018. The national scientific literature offers some theoretical and methodological elements to address the phenomenon of female incarceration, as is the case of the regular analysis, according to which it consists of abandonment of prisoners serving their custodial sentence in a closed regime. In addition, national studies prioritize investigations of female visits in male prison units. In this thesis, I aim to examine such phenomenon from interlocutors and scenarios that are still poorly explored visitors in facilities that shelter only women. Over the course of almost half a year, I assisted visitation queues and commercial stores close to two female prisons, each with their own and divergent workings and organizations. In these places, I talked to more than one hundred people waiting to be called by prison officers, especially mothers, as well as partners, siblings, children, fathers, aunts, mothers-in-law and siblings-in-law of the incarcerated women. It is not a homogeneous group, neither in its composition, nor in its biographies. The participant observation in these spaces allowed me to witness scenes of conflict and collaboration, as well as to hear the reasons why these women deprived of freedom were being visited. Semi-structured interviews with visitors added to these scenes, as well as informal conversations with merchants, favoring the emergence of a variety of meanings attributed to visits in female prisons, within which material and symbolic exchanges stand out. The intimate correspondence between the visit and the transport of goods (care packages), called "bag", makes the great majority of my interlocutors understand that carrying goods inside the prison is, above all, a moral obligation. The packages have costs, must be watched, can lead to contamination and even be illegal, in this case producing the custodial sentence of anyone who transports materials into prison. At the same time, this supply of goods creates support among visitors and makes it possible among prisoners, may make their lives more bearable and thus, potentially, purify prison daily life, articulating goods in this precarious environment. The bag, therefore, materializes all the contradictions and tensions that I observe in the field. As the visitors themselves sum up, "to pull bag" (to bring care packages) is to visit. Com o objetivo de compreender os significados sociais atribuídos à visita em estabelecimentos penais nos quais se encontram mulheres privadas de liberdade, conduzi uma etnografia com parentes das mesmas e comerciantes locais na região Sul do Brasil entre os anos de 2017 e 2018. A literatura científica nacional oferece alguns elementos teóricos e metodológicos para abordar o fenômeno do encarceramento feminino, como é o caso da análise regular segundo a qual se trata de um abandono das reclusas cumprindo sua pena privativa de liberdade em regime fechado. Ademais, os estudos nacionais priorizam investigações de visitas femininas em unidades prisionais masculinas. Na presente tese, eu procuro examinar o fenômeno a partir de interlocutores e cenários ainda pouco explorados visitantes em cárcere que abrigam apenas mulheres. Ao longo de quase um semestre frequentei filas de espera e comércios nos entornos de duas prisões femininas, que possuem funcionamentos e organizações próprios e divergentes. Nesses locais, conversei com mais de centena de pessoas aguardando serem chamadas por agentes penitenciárias, principalmente mães, como também companheiros (as), irmãs (os), filhos (as), pais, tias e madrastas e cunhados (as) das mulheres presas. Não é um grupo homogêneo, nem em sua composição, tampouco em suas biografias. A observação participante nesses espaços me possibilitou presenciar cenas de conflito e colaboração, bem como ouvir razões pelas quais mulheres privadas de liberdade eram visitadas. Entrevistas semiestruturadas com visitantes se somaram a essas cenas, do mesmo modo como conversas informais com comerciantes, favorecendo a emergência de uma variedade de significados atribuídos à visita em prisões femininas, no interior dos quais trocas materiais e simbólicas se destacam. A íntima correspondência entre a visita e o transporte de insumo, chamado de sacola , faz com que a grande maioria dos meus interlocutores entenda que levar bens para o interior da prisão é, antes de tudo, uma obrigação moral. A sacola gera custos, deve ser vigiada, pode levar contaminação e até mesmo ser ilegal, neste caso produzindo a pena privativa de liberdade de quem transporta materiais para a prisão. Ao mesmo tempo, esse insumo suscita apoio entre os visitantes e o viabiliza entre privadas de liberdade, deve tornar a vida destas mais suportável e assim, potencialmente, purificar o cotidiano prisional, articulando bens neste cenário precário. A sacola, portanto, materializa todas as contradições e tensões que observo em campo. Como os próprios visitantes resumem, puxar sacola é visitar.