Las ciudades no solo están habitadas por humanos. En ellas ha existido siempre una colaboración o pugna entre la naturaleza humana y la animal, manifiesta en la continua deriva entre dos tipos de espacio urbano: uno, el espacio planificado de la urbe, estriado por el axioma organicista de la funcionalidad y la mercantilización. El otro, es un espacio liso, espontáneo y desorganizado, producido por el desarrollo autónomo de la vida animal. Al hilo de la actual crisis ecológica se intuye a la ciudad funcional como agente del desplazamiento y obliteración de la vida animal. Más allá de lo que supone la expansión predatoria y apropiadora de la ciudad hacia el ámbito rural, la práctica del planeamiento parece carecer de claves, herramientas y tecnologías para dar cabida a formas de habitar cooperativas entre el ser humano y los animales. El siguiente artículo propone la reivindicación de una nueva Ecosofía Urbana, es decir, de un nuevo paradigma de integración biofílica de la vida urbana, que sea capaz de efectuar una desegregación física y ontológica entre la naturaleza humana y no humana en las ciudades. Se buscará la raíz de esta segregación en el proyecto de consolidación de las clases medias tras la guerra mundial y donde la obra brutalista de F. Pouillon (1912-1986) en Marsella (1949) es pionera. Partiéndose de la premisa de un necesario de-splinttering del urbanismo post-pandémico y postrero a la crisis de las clases medias en general (que contempla una crisis en la centralidad de la propiedad privada para la continuidad de clase) y a través del texto de Felix Guattari Las Tres Ecologías (1989), se abogará por un nuevo modelo de diseño urbano de reconciliación entre lo humano y lo animal., Cities are not only inhabited by humans. In them there has always existed a collaboration or a struggle between human and animal nature, manifested in the continuous drift between two types of urban space: one, the planned space of the city, striated by the organicist axiom of functionality and commodification. The other, is a smooth, spontaneous and disorganized space, produced by the autonomous development of animal life. In the context of the current ecological crisis, the functional city is seen as an agent of displacement and obliteration of animal life. Beyond its predatory and appropriating expansion into the rural realm, urban planning is often haunted by a lack of keys, tools and technologies to accommodate cooperative forms of habitation between humans and animals. The following article proposes the vindication of a new Urban Ecosophy, that is, of a new paradigm of biophilic integration of urban life, capable of effecting a physical and ontological desegregation between human and non-human nature in cities. The root of this segregation will be sought in the project of consolidation of the middle classes after the world war and where the work of F. Pouillon (1912-1986) in Marseilles (1949) is a pioneer. Starting from the premise of a necessary de-splinttering of post-pandemic urbanism and after the crisis of the middle classes in general (which contemplates a crisis in the centrality of private property for class continuity) and through Felix Guattari’s text The Three Ecologies (1989), a new model of urban design of reconciliation between the human and the animal will be advocated., As cidades não são habitadas apenas por seres humanos. Nelas, sempre existiu uma colaboração ou uma luta entre a natureza humana e a animal, manifestada na deriva contínua entre dois tipos de espaço urbano: um, o espaço planejado da cidade, estriado pelo axioma organicista da funcionalidade e da mercantilização. O outro é um espaço suave, espontâneo e desorganizado, produzido pelo desenvolvimento autônomo da vida animal. No contexto da atual crise ecológica, a cidade funcional é vista como um agente de deslocamento e obliteração da vida animal. Além de sua expansão predatória e apropriadora no domínio rural, o planejamento urbano é frequentemente assombrado pela falta de chaves, ferramentas e tecnologias para acomodar formas cooperativas de habitação entre humanos e animais. O artigo a seguir propõe a reivindicação de uma nova Ecosofia Urbana, ou seja, de um novo paradigma de integração biofílica da vida urbana, capaz de efetuar uma dessegregação física e ontológica entre a natureza humana e não humana nas cidades. A raiz dessa segregação será buscada no projeto de consolidação das classes médias após a guerra mundial, no qual o trabalho de F. Pouillon (1912-1986) em Marselha (1949) é pioneiro. Partindo da premissa de uma necessária desplintagem do urbanismo pós-pandêmico e após a crise das classes médias em geral (que contempla uma crise na centralidade da propriedade privada para a continuidade da classe) e por meio do texto As Três Ecologias (1989), de Felix Guattari, será defendido um novo modelo de projeto urbano de reconciliação entre o humano e o animal.