O objetivo desta tese foi caracterizar os riscos climáticos e o potencial da viticultura no Paraná para produção de uvas de mesa e processamento. Foram elaborados os seguintes artigos: Zoneamento agroclimático da cultura da videira; Potencial climático para a produção de uvas em sistema de dupla poda anual; Previsão de colheita de uvas em função de sua exigência em graus-dia e Potencial climático para produção de uvas viníferas no estado do Paraná. As séries históricas de dados meteorológicos do IAPAR, SIMEPAR e AGUASPARANA foram utilizadas para calcular índices agroclimáticos e riscos climáticos. Os principais riscos climáticos são umidade relativa elevada e geadas. O excesso hídrico durante praticamente todo o ano no estado, combinado com temperaturas favoráveis pode resultar em alta incidência de míldio. A ocorrência de geadas limita a época de cultivo nas regiões central, sul e leste. As uvas rústicas têm aptidão para cultivo em praticamente todo o estado, com exceção do litoral. As uvas finas de mesa podem ser cultivadas somente nas regiões norte, noroeste e oeste, enquanto as uvas finas para vinificação têm restrições somente no litoral e na região leste. A dupla safra anual não é possível para cultivares que exigem mais de 2.000 graus-dia (GD) entre a poda e a colheita. Cultivares com alta exigência de GD nesse período, como a Itália e suas mutações (1.800 GD), somente podem ser cultivadas em sistema de dupla safra anual nas regiões oeste, noroeste e norte. Nas regiões central, sul e leste, somente cultivares que necessitam menos de 1.200 GD podem ser cultivadas para obter dupla safra anual. Devido ao potencial de severidade do míldio, indica-se o cultivo de uvas rústicas para as regiões central, sul e leste, enquanto que nas regiões sudoeste, oeste, norte e noroeste, indica-se o cultivo das uvas finas com necessidade de controle da doença nas fases fenológicas mais suscetíveis. No noroeste, as uvas com exigência inferior a 1.050 GD podadas no inicio de julho podem ser colhidas a partir do segundo decêndio de setembro, obtendo-se maior valor de comercialização. Nessa mesma região, variedades com maior necessidade de GD, como a Itália e suas mutantes (1.800 GD) seriam colhidas entre o primeiro e segundo decêndio de novembro. Nas regiões mais frias do centro, sul e leste, o risco de geadas em julho é alto e a poda precoce pode resultar em injúria às brotações novas. Nesses casos as cultivares com menor exigência de GD, podadas a partir de 25 de agosto, seriam colhidas em janeiro e as com maiores exigências somente em maio. O Paraná possui regiões com mesmos grupos climáticos de regiões tradicionais de produção de vinhos finos do mundo. Os tipos climáticos, associados à latitude e altitude são adequados para a expansão da produção nas regiões oeste, norte e noroeste, viabilizando a produção de uvas de melhor qualidade para vinificação no outono-inverno. Nas áreas mais frias das regiões central, sul e leste, somente é possível a obtenção de um ciclo produtivo, devido ao elevado risco de geadas. The aim of this thesis was to characterize the climate risks and the potential of viticulture in Parana state, Brazil, for table and processing grapes. The following articles were prepared: Agroclimatic zoning of the viticulture, Climatic potencial for production of grapes under double annual pruning system, Annual grapes harvest forecast based on degree-days requirement, and Climatic potential for production of wine grapes in the state of Parana, Brazil. Historical series of meteorological data from IAPAR, SIMEPAR and AGUASPARANA were used to calculate agroclimatic indices and climatic risks. The main climate risks are the high relative humidity and frosts. The excess of humidity during the entire year in the state, combined with favorable temperatures may result in high incidence of downy mildew. The occurrence of frost limits the growing season in the central, south and east regions. For rustic grapes, almost the entire state is suitable for cultivation, with exception for the coast. The fine table grapes can be grown only in the north, northwest and west, while the fine grapes for wine-making have restrictions only on the coast and in the east. It is not possible to obtain two harvests per year for grapes that require more than 2,000 degree-days (DD) between pruning and harvesting. Varieties with demand above 1800 DD can only be cultivated in double annual crop in the warmer parts of the state (west, northwest and north). In colder regions of the state (central, south and east) only cultivars with less than 1,200 DD requirements can be grown to obtain two harvests. Due to the potential severity of downy mildew, rustic grapes are recommended for the central, south and east regions, while in the regions south, west, north and northwest it is recommended the cultivation of fine grapes, with the need to control the disease during the more susceptible phenological phases. In the northwest, the grapes that need less than 1050 DD pruned in early July can be harvested from 20 to 30 of September, resulting in a higher selling price. In this same region, varieties with higher needs of DD, such as 'Italia' and its mutants (1800 DD) would be harvested from 1st to 20 of November. In the colder regions (central, south and east), the risk of frost is high in July and early pruning can expose new shoots to injuries. In such cases the varieties with lower demand of DD, pruned from August 25, would be harvested in January and those with greater demands only in May. Paraná has regions with the same climatic groups of traditional regions of production of fine wines in the world. The climate types, associated with latitude and altitude are suitable for the expansion of production in the west, north and northwest, enabling the production of better quality grapes for winemaking in the autumn-winter. In the colder areas of the central, south and east regions, it is only possible to obtain one production cycle due to the high risk of frost.