INSTITUTO DE MEDICINA INTEGRAL PROF FERNANDO FIGUEIRA Introdução - A maioria dos patógenos que causam diarréia é transmitida pela via fecal-oral e o risco pode ser mais elevado nos lactentes hospitalizados devido à facilidade de contato entre os pacientes, através das mãos contaminadas dos familiares e dos profissionais de saúde. A chupeta semelhante aos bicos de mamadeira parece constituir uma fonte potencial de contaminação para a criança adquirir diarréia infecciosa nosocomial. Objetivos - Determinar a incidência de diarréia nosocomial (DN) em lactentes que fazem uso ou não de chupeta, identificar os fatores de risco associados à doença e verificar a existência de contaminação fecal na chupeta dos lactentes hospitalizados. Método Estudo tipo coorte prospectiva de 378 lactentes hospitalizados nas enfermarias de pediatria clínica do Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira, Recife-PE, no período de abril a outubro de 2009. Pacientes expostos ou não ao uso da chupeta com possíveis fatores de risco descritos na literatura foram acompanhados ao longo do internamento quanto à ocorrência de diarréia nosocomial diagnosticada segundo critérios do National Nosocomial Infection Surveillance System/Centers for Disease Control and Prevention (NISS/CDC) ou até saída. Resultados Durante os 7 meses do estudo foram diagnosticados 33 episódios de DN com incidência cumulativa e densidade de incidência de 8,7% e 11,25/1000 pacientes-dia, respectivamente. As crianças que usaram chupeta apresentaram incidência de DN de 8,2%, quando comparadas com as que não usaram (9,2%), não apresentando risco estatisticamente significante (OR = 0,88; IC95% 0,43-1,80) na análise bivariada controlada pelo tempo de permanência. Na análise multivariada onde foram incluídas as variáveis que na bivariada apresentaram associação p≤ 0,20 além do uso da chupeta e da vacina contra rotavírus pela plausibilidade biológica foi obtido o seguinte resultado: ser amamentado durante a hospitalização (OR = 0,40; IC95% 0,17-0,93) e cada dia de permanência na enfermaria (OR = 0,65; IC95% 0,53-0,80) foram fatores de proteção, enquanto os fatores de risco estiveram associados ao maior número de dias de uso de oxigênio por cateter nasal (OR = 1,61; IC95% 1,18-2,20) e de antimicrobianos (OR = 1,62; IC 95% 1,34-1,94). Foram isolados coliformes fecais em 16% (27/169) das amostras colocadas em cultivo e cerca de ¾ das positivas (77,8%) apresentou mais de 100.000 UFC/ml por chupeta. Conclusões O uso de chupeta por lactentes não esteve associado à diarréia nosocomial, embora tenha sido observada contaminação fecal nas amostras colocadas em cultivo. O maior número de dias de uso de antimicrobianos foi fator de risco para a ocorrência da doença, havendo necessidade de avaliação rigorosa quanto à indicação e à duração do uso de antimicrobianos. O maior número de dias de utilização de oxigenoterapia por cateter nasal foi considerado fator de risco para o desfecho, estando provavelmente associado à manipulação do cateter pela mãe e/ ou profissional de saúde, durante a instalação e manutenção do mesmo em crianças clinicamente graves com instabilidade hemodinâmica