Brochier, Lídia, 1987, Silva, Antonio Carlos Macedo e, 1959, Santos, Cláudio Hamilton Matos dos, Carvalho, Laura Barbosa de, Freitas, Fabio Neves Peracio de, Leite, Fabricio Pitombo, Universidade Estadual de Campinas. Instituto de Economia, Programa de Pós-Graduação em Ciências Econômicas, and UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS
Orientador: Antonio Carlos Macedo e Silva Tese (doutorado) - Universidade Estadual de Campinas, Instituto de Economia Resumo: O modelo supermultiplicador (Serrano, 1995; Bortis, 1997) tem ganhado espaço no debate pós-keynesiano. Na sua versão mais recente, o modelo combina o gasto autônomo, que cresce a uma taxa dada exogenamente, com o comportamento harrodiano das firmas (Freitas, 2015; Allain, 2015; Lavoie, 2016). Isso permite que a capacidade se ajuste à demanda no longo prazo, com o grau de utilização retornando ao seu nível considerado normal. O pressuposto de que o crescimento do gasto autônomo é exógeno exclui, quase que por definição, a possibilidade de que alterações na distribuição de renda e nos gastos induzidos (nas propensões a gastar) tenham efeitos permanentes de crescimento. Além disso, tais modelos são, em sua maioria, modelos de fluxo que omitem os determinantes financeiros do gasto autônomo e as implicações das interações entre fluxos e estoques na economia. Levando isso em consideração, a tese se propõe a avaliar os resultados do modelo supermultiplicador quando o pressuposto original - de que o crescimento do componente autônomo de demanda é completamente exógeno - é relaxado. A tese ainda busca analisar as características do modelo supermultiplicador quando estendido a uma estrutura financeira mais complexa, que considere não apenas os fluxos e o estoque de capital, mas também os estoques financeiros. Adota-se para tal a metodologia Stock-Flow Consistent, que permite conciliar ambos objetivos. Procura-se mostrar que a endogeneização do gasto autônomo altera alguns resultados de longo prazo do modelo original. Isso significa que, assim como nos modelos neo-kaleckianos, é possível que, no modelo supermultiplicador, mudanças na distribuição de renda, assim como a expansão da demanda via propensões a gastar, tenham efeitos permanentes de crescimento. Os efeitos de crescimento são ainda reavaliados em uma estrutura que incorpora (a) o conflito distributivo entre trabalhadores e capitalistas, o crescimento endógeno da produtividade do trabalho e o emprego; (b) a interação entre duas economias semelhantes sob diferentes regimes cambiais. No capítulo dois, A Supermultiplier Stock-Flow Consistent model: the ''return'' of the paradoxes of thrift and costs in the long run?, o gasto autônomo é endogeneizado (consumo a partir da riqueza) e os paradoxos da poupança e dos custos são avaliados no longo prazo. Os resultados das simulações numéricas indicam que o paradoxo da poupança permanece válido e que uma parcela de lucros mais baixa pode estar associada a taxas mais elevadas de acumulação de capital, embora com taxas de lucro mais baixas. No capítulo três, Conficting-claims and labour market concerns in a Supermultiplier model, o modelo do capítulo dois é estendido para dar conta da dinâmica do mercado de trabalho. A inflação é incorporada no modelo via conflito distributivo entre trabalhadores e capitalistas e o crescimento endógeno da produtividade do trabalho é introduzido, configurando a endogeneização da distribuição de renda. No capítulo quatro, Growth and distribution in a Two-Country Supermultiplier Stock-Flow Consistent model, o modelo do capítulo 1 é estendido para um sistema de dois países com características semelhantes. Os resultados das simulações numéricas indicam que tanto uma redução no mark-up das firmas quanto o aumento na propensão a consumir a partir da renda têm efeito positivo de crescimento sobre as duas economias em ambos os regimes de câmbio, fixo e flutuante. Além disso, se a condição de Marshall-Lerner for válida, a economia que expande sua demanda doméstica ganha relativamente mais do que a economia parceira (aumenta a sua participação no estoque de capital do sistema). O regime de câmbio ainda influencia, além da distribuição de renda, a distribuição de riqueza entre as economias. Por fim, um estímulo coordenado à demanda faz ambas economias crescerem a uma taxa mais elevada em comparação a um choque isolado à demanda em uma das economias Abstract: The supemultiplier model (Serrano, 1995; Bortis, 1997) has been recently brought to the post-Keynesian debate. In its most recent version, the model combines an autonomous expenditure component, which grows at an exogenously given rate with a Harrodian behaviour of firms (Freitas, 2015; Allain, 2015; Lavoie, 2016). This allows capacity to adjust to demand while capacity utilization rate converges back to a normal level or range. The assumption of an exogenous growth rate for autonomous expenditures rules out, almost per se, the feasibility of permanent growth effects caused by changes in income distribution and induced expenditures (propensities to spend). Besides, these models are mostly flow models which disregard the financial determinants of autonomous expenditures and the implications of stock and flow relations. Based on this, the thesis proposes to evaluate the supermultiplier model results when the original assumption - exogenous autonomous expenditure - is lifted. The thesis still addresses the supermultiplier model features when extended to a more complex financial framework, dealing not only with flows and real capital stock but also with financial stocks, which allows for a conciliation of both aims. The thesis intends to show that making the autonomous expenditure component endogenous changes some long run results of the original model. This means that, as in neo-Kaleckian models, it is possible that in supermultiplier models changes in income distribution, as well as demand expansions through propensities to spend, may have permanent growth effects. Growth effects are also reassessed in a framework which includes (a) conflicting-claims between workers and firms, endogenous productivity growth and employment; (b) the interaction between two similar economies under different exchange rate regimes. In chapter two, A Supermultiplier Stock-Flow Consistent model: the ''return'' of the paradoxes of thrift and costs in the long run?, autonomous expenditures are made endogenous (consumption out of wealth) and the paradoxes of thrift and costs are addressed in the long run. The numerical simulations results suggest that the paradox of thrift holds and that a lower profit share may be associated with a higher accumulation rate, though with lower profit rates. In chapter three, Conflicting-claims and labour market concerns in a Supermultiplier model, the model built in chapter one is extended to take into account the labour market dynamics. Inflation is introduced via conflicting-claims between workers and firms and labour productivity growth is also made endogenous, completing the set for an endogenous income distribution. In chapter four, Growth and distribution in a Two-Country Supermultiplier Stock-Flow Consistent model, the model proposed in chapter one is now extended to a two-country system with similar features. The numerical simulation results suggest that both a reduction in firms' mark-up and an increase in the propensity to consume out of income have positive growth effects on both economies under flexible and fixed exchange rate regimes. In addition to this, if the Marshall-Lerner condition holds, the economy which expands its domestic demand gains relatively more than its partner economy (its share on the system's capital stock will be larger). The exchange rate regime still plays a role on wealth distribution across countries (besides the one on income distribution). At last, coordinated stimuli to demand make both economies grow at a faster pace in comparison to an isolated shock to demand in one of them Doutorado Teoria Econômica Doutora em Ciências Economicas CAPES